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As small caps que mais subiram (e as que mais caíram) em 2020

Ano foi difícil para o segmento de pequenas e médias empresas listadas, mas algumas companhias conseguiram superar o cenário de adversidade

Índice da B3 que mede o desempenho de small caps encerrou o ano em queda acumulada de 0,84% (Germano Lüders/Exame)
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 31 de dezembro de 2020 às 08h00.

O ano de 2020 foi desafiador para negócios no mundo todo, mas se mostrou especialmente atribulado para pequenas e médias empresas. Entre as companhias listadas, as ações das small caps -- aquelas com valor de mercado mais modesto -- acumularam mais perdas neste ano do que papéis das grandes companhias.

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O movimento é comum em tempos de crise porque as small caps têm liquidez menor do que ações mais robustas e acabam mais suscetíveis à volatilidade do mercado. “Além disso, são empresas com maior dificuldade de acesso à crédito. Independentemente do setor, o ano foi duro para as small caps”, afirma Alvaro Bandeira, economista-chefe e sócio do banco digital modalmais.

As principais preocupações dos investidores estavam em torno do consumo de caixa, da necessidade de capital de giro e do endividamento de curto prazo. As preocupações se refletiram no desempenho do SMLL, índice que mede o desempenho desses papéis na B3, que encerrou o ano em queda acumulada de 0,84%. O Ibovespa , enquanto isso, fechou o ano em alta de 2,9%. Por outro lado, a recuperação da carteira de small caps tem sido forte nos últimos pregões, seguindo a tendência altista que tomou conta da bolsa a partir de novembro.

Algumas companhias, porém, conseguiram superar o cenário de adversidade que dominou o segmento. Confira abaixo os principais destaques positivos e negativos entre as small caps para o ano de 2020:

Ações com melhor desempenho em 2020 entre as small caps
Nome Classe Código Participação no SMLL (p.p.**) Variação anual
1LocawebONLWSA31,776366,5%*
2TaurusPNTASA40,170161,27%
3Banco InterUNTBIDI114,246119,57%
4Banco InterPNBIDI40,261117,81%
5PetroRioONPRIO32,458105,14%
*Considerando o período a partir da abertura de capital em 06/02/2020
p.p. - ponto percentual

Locaweb

A Locaweb (LWSA3) , empresa de hospedagem de sites e serviços de computação na nuvem, foi destaque absoluto da carteira de small caps de 2020: as suas ações se valorizaram mais de 300% desde a abertura de capital, em fevereiro. A companhia atua em um dos setores que mais se beneficiaram da pandemia, o de tecnologia, e tem apresentado um crescimento forte no segmento de e-commerce por meio de sua loja online Tray.

Esses, porém, são apenas alguns dos fatores que explicam a valorização das ações, segundo Vitor de Melo, analista daEXAME Research. “Entendemos que o IPO saiu bastante descontado quando comparado com players internacionais comparáveis (mas não idênticos). Além disso, existe uma forte onda de operações de M&As recentes envolvendo a Locaweb que ainda não estão totalmente incorporadas no preço”, afirma.

Taurus

Já o sucesso da fabricante de armas Taurus (TASA4) pode ser atribuído ao endosso do presidente Jair Bolsonaro à política armamentista. “É um tipo de ação que andou muito esquecida no passado e acaba tendo grande rentabilidade com o momento favorável devido à baixa liquidez”, avalia Bandeira.

A empresa teve bom resultado no terceiro trimestre de 2020, mas ainda apresentou um prejuízo de 19,3 milhões de reais nos primeiros nove meses do ano, frente a um resultado positivo de 20,3 milhões de reais registrado no mesmo período do ano passado.

Banco Inter

As ações do Banco Inter (BIDI11, BIDI4) apresentaram desempenho firme neste ano, correspondendo às segunda e terceira maiores altas do SMLL. O banco mineiro foi destaque no segmento de instituições financeiras digitais, aumentando em 120% sua base de clientes no terceiro trimestre de 2020.

Além disso, as perspectivas da empresa são positivas e diversificadas. “Para o médio/longo prazo, a intenção é tornar o Inter uma instituição não apenas bancária, mas também de venda de produtos, especialmente através de seu superapp. Nessa linha, destaca-se o lançamento de sua plataforma aberta de investimentos e a criação do Inter Shopping, além da iniciativa do Inter Seguros”, afirma Paloma Brum, economista da Toro Investimentos.

PetroRio

A petroleira PetroRio (PRIO3) viu suas ações saltarem mais de 60% no mês de novembro com o comunicado da aquisição de participações nos campos de petróleo Itaipu e Wahoo. A operação marcou a entrada da companhia no pré-sal, expandindo o potencial de valorização da companhia no futuro.

“O desempenho da PetroRio foi fortemente impactado em 2020 por suas aquisições e baixa alavancagem, o que prepara a empresa para embarcar em operações semelhantes no futuro”, avalia Bandeira. A recuperação da economia e as perspectivas de aumento na demanda por petróleo também contribuem para o bom desempenho do papel.

Ações com pior desempenho em 2020 entre as small caps
Nome Classe Código Participação no SMLL (p.p.) Variação anual
1IRBONIRBR32,782-76,81%
2CognaONCOGN32,323-58,97%
3EmbraerONEMBR31,744-56,26%
4CVCONCVCB30,803-52,13%
5DommoONDMMO30,118-51,57%

IRB

O ressegurador IRB (IRBR3) teve o pior desempenho entre as small caps que fazem parte do Ibovespa em 2020, com queda de 76,81%, mas sua queda tem pouca relação com a pandemia de Covid-19. O motivo da derrocada foi a perda de confiança dos investidores iniciada em fevereiro, quando a gestora Squadra questionou os resultados da empresa.

A crise se aprofundou quando o IRB afirmou que a Berkshire Hathaway, holding de investimentos de Warren Buffet, teria se tornado acionista relevante da empresa -- o que foi desmentido pela Berkshire logo depois. Como consequência dos episódios, tanto o CEO como o CFO do IRB pediram demissão, enquanto as ações da empresa despencavam.

“Na minha visão, a empresa não foi transparente o suficiente ao tratar a divulgação das informações, contribuindo com uma série de contradições que geraram desconfiança dos investidores e uma resposta negativa do mercado refletida nas fortes quedas nos preços de IRBR3”, opina Brum.

Cogna

A Cogna (COGN3), por outro lado, teve a maior parte de seu prejuízo associada à pandemia de Covid-19. Considerada uma das maiores companhias mundiais do setor educacional, ela teve seu desempenho muito afetado pelas medidas de isolamento social e encerrou o terceiro trimestre de 2020 com prejuízo de 1,29 bilhão de reais. Pesaram sobre a companhia, entre outros fatores, a redução da base de alunos e o aumento da inadimplência.

“A Cogna também ficou para trás entre os pares do setor porque perdeu oportunidades de operações de fusões e aquisições. O cenário da educação passou por diversas reformulações e a empresa não acompanhou”, completa Bandeira.

Embraer e CVC

Com as restrições a viagens impostas pela pandemia, Embraer (EMBR3) e CVC (CVCB3) foram altamente prejudicadas. A Embraer foi afetada na aviação executiva e na comercial diante da queda no número de voos em meio à crise do novo coronavírus. O resultado foi um prejuízo líquido de 649 milhões de reais no terceiro trimestre.

A empresa de viagens também sofreu forte queda na demanda com a pandemia e registrou perdas de 215 milhões de reais na janela entre julho e setembro. “A CVC já vinha se esforçando para se recuperar da crise econômica brasileira (de 2015 e 2016) e da crise setorial causada pela falência da Avianca e acabou enfrentando um ano ainda mais difícil devido ao cenário de pandemia”, comenta Brum.

Dommo

A empresa do setor de energia Dommo (DMMO3), ex-OGX, trocou de nome mas ainda não se afastou do legado conturbado de seu fundador Eike Batista. “Petróleo é um setor bastante arriscado, e a Dommo é uma companhia que sempre apresenta algum problema”, diz Bandeira. A desconfiança do investidor se reflete nos números. Os papéis da companhia caíram 51,57% neste ano, mesmo com o registro de lucro líquido de 185 milhões de reais no terceiro trimestre.

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