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Após promessas, mercados querem atitudes concretas para crise

Declarações de dirigentes alemães que a crise ainda deve demorar afetou o humor das bolsas

Bolsa de Frankfurt: mercado europeu fechou no vermelho (Daniel Roland/AFP)

Bolsa de Frankfurt: mercado europeu fechou no vermelho (Daniel Roland/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2011 às 14h39.

Frankfurt - Os mercados financeiros voltaram a operar no vermelho nesta segunda-feira, após um início otimista nos pregões mundiais. Os índices perderam força após declarações de dirigentes alemães, segundo os quais a recuperação da crise da dívida da zona do euro será lenta.

Segundo o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, "os dirigentes da UE não chegarão a um acordo para uma solução definitiva no dia 23 de outubro" na reunião europeia, apesar de terem prometido resultados decisivos para a data.

Para Xavier de Villepion, da Global Equities, "estas declarações esfriaram os mercados e desanimaram os investidores".

Ao mesmo tempo, a chefe do governo alemão, Angela Merkel, advertiu que o sonho de que a crise termine a partir da segunda-feira seguinte à reunião do dia 23, "não se cumprirá".

Com isso, as principais Bolsas europeias encerraram a sessão desta segunda-feira no vermelho, após terem começado o dia em alta devido aos anúncios feitos pelo G20 de que haveria aumento da pressão sobre a Europa para que encontre soluções concretas para a crise.

O Footsie-100, da Bolsa de Londres, perdeu 0,54%, fechando aos 5.436,70 pontos. O CAC 40 da Bolsa de Paris cedeu 1,61%, a 3.166,06 pontos. Já o principal índice da Bolsa de Frankfort, o DAX, perdeu 1,81%, a 5.859,43 pontos. Na Bolsa de Madri, o Ibex 35 fechou com perdas de 1,24%, a 8.864,3 pontos. Já o FTSE Mib, principal índice da Bolsa de Milão, perdeu 2,30%, aos 15.914,60 pontos.

O mercados têm agora os olhos postos na reunião de 23 de outubro e no encontro do chefes de Estado e de Governo do G20, que se celebrará em Cannes, sul da França, nos dias 3 e 4 de novembro.

O primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreu, afirmou que esta semana é a mais crucial para a Grécia e para a Eurozona, já que, no próximo domingo, os presidentes da região devem anunciar um plano contundente para fazer frente à crise da dívida.


Três grandes dúvidas persistem: a possibilidade de encerrar a dívida grega, a envergadura da recapitalização dos bancos europeus e os ativos de que poderá dispor o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef).

"Os políticos não têm direito ao erro em termos de comunicação", disse Franklin Pichard, do Barclays em Paris.

"Persistem sérias dúvidas: as tentativas precedentes da Europa de acalmar o medo dos investidores mais nervosos acabaram fracassando", disseram os economistas do Barclays Capital.

Por sua parte, Alexander Aldinger e Peegy Jäger, do Commerzbank, temem "um aumento dos riscos à medida em que os políticos se posicionem para as grandes negociações".

A notícia mais animadora desta segunda-feira foi a audição do ex-economista-chefe do Banco Central Europeu, Jürgen Stark, feita ao final da tarde no Parlamento Europeu, e a entrega do projeto de lei do orçamento para 2012 no Parlamento português.

A preocupação sobre a conjuntura mundial, relegada a segundo plano devido à crise da dívida, voltou ao primeiro plano, dizem analistas.

"A situação, no entanto, é mais sombria para Europa onde as esperanças sobre o futuro têm caído por terra", disse Holger Schmieding, do banco Berenberg.

No sábado, a diretora do FMI, Christine Lagarde, mostrou sua preocupação pela "evolução negativa" do clima econômico nestas últimas semanas, que "está afetando inclusive aos países emergentes".

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