Facebook dobra lucro em meio à pandemia e ações disparam 9%
Efeito Covid-19 aumenta base de usuários ativos na plataforma, mas pressão econômica contra discursos de ódio na rede social preocupa
Guilherme Guilherme
Publicado em 31 de julho de 2020 às 13h49.
Última atualização em 31 de julho de 2020 às 15h27.
As ações do Facebook chegaram a subir 8,98%, nesta sexta-feira, 31, após a companhia apresentar lucro líquido de 5,178 bilhões de dólares no segundo trimestre, 98% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. O lucro por ação ficou em 1,80 dólar ante o consenso de mercado de 1,39 dólar por ação. Às 13h44 de Brasília, as ações subiam 7,28% na Nasdaq e eram negociadas por 251,73 dólares.
A pandemia da Covid-19 foi um dos fatores que contribuíram para o resultado. Com a necessidade de pessoas e empresas reforçarem a comunicação à distância, o Facebook viu sua base de usuários diariamente ativos saltar 12,5% na comparação anual para 1,785 bilhão. O aumento foi superior ao registrado entre o segundo trimestre de 2018 e o de 2019, que foi de 7,9%.
“Este foi um trimestre forte para nós, especialmente em comparação com o que esperávamos no início. Desde o surgimento da Covid-19, as pessoas usaram nossos serviços para manter contato com amigos e familiares e manter seus negócios funcionando on-line, mesmo quando lojas físicas estavam fechadas. De muitas maneiras, em meio a esse período muito difícil, nossos serviços são mais importantes agora do que nunca”, afirmou Mark Zuckerberg , presidente da companhia, em conferência com investidores.
O crescimento da base de usuários foi fundamental para a expansão anual da receita, que foi de 10,67%, tendo em vista que a receita média por usuário global se manteve estável em 7,05 dólares. No entanto, a expectativa do Facebook é a de que a base de usuários ativos se mantenha estável ou tenha uma leve queda conforme as medidas de isolamento são afrouxadas no mundo.
A companhia também espera que a taxa de crescimento anual da receita se mantenha em torno de 10% no terceiro trimestre, relativamente baixo em relação aos anos resultados anteriores. No primeiro trimestre deste ano, e no quarto do ano passado, o crescimento da receita foi de 24,6% e 17,6%, respectivamente, na comparação anual.
Parte disse se deve ao movimento de grandes empresas que deixaram de anunciar na plataforma como forma de pressionar o Facebook a tomar medidas mais duras para conter os discursos de ódio na rede social. Entre as companhias que engajam o boicote contra o Facebook estão gigantes, como Coca-Cola , Unilever e a Ben and Jerry's.
O assunto foi tratado na conferência com investidores. Segundo Sheryl Sandberg, diretor de operações da companhia, a companhia “concorda completamente” com a demanda do boicote. Sandberg também disse que vem mantendo conversas com os organizadores do boicote e relembrou que a companhia criou uma auditoria sobre os impactos de seus produtos e práticas nos direitos civis.
Zuckerberg também afirmou que o Facebook não depende de alguns grandes anunciantes, mas que a maior parte do negócio é servir as pequenas empresas. “Nossa publicidade é uma das ferramentas mais eficazes que as pequenas empresas precisam para encontrar clientes, aumentar seus negócios e criar empregos”, disse.