Antes de surto, maior gestora do mundo apostou US$1,5 bi em queda de ações
Aposta foi feita por meio de opções de venda - contratos que dão aos investidores o direito de vender ações até uma determinada data - que expiram neste mês
Ligia Tuon
Publicado em 12 de março de 2020 às 16h58.
Última atualização em 12 de março de 2020 às 19h44.
São paulo — A Bridgewater Associates LP, maior gestora de fundos do mundo, apostou US$ 1,5 bilhão na queda atual dos mercados, disse uma fonte próxima do assunto ao Wall Street Journal . O valor corresponde a 1% de todos os ativos da empresa.
A aposta, montada ao longo de meses — antes, portanto, do avanço do surto de coronavírus no mundo —, foi feita por meio de opções de venda, contratos que dão aos investidores o direito de vender ações a um preço específico até uma determinada data, que expiram em março.
Em meio ao avanço de casos de coronavírus nos Estados Unidos e à declaração da Organização Mundial de Saúde (OMS), que elevou o surto de "preocupante" para pandemia nesta semana, Wall Street tem passado momentos de pânico, lembrando o impacto da crise do subprime, em 2008, no mercado acionário. Só na sessão desta quinta-feira o S&P 500 recuou 9,5%, o Dow Jones 10% e a Nasdaq, 9,4%.
Entre os formadores de mercado dessa operação, que funcionam como intermediários no processo, estão instituições como Goldman Sachs e Morgan Stanley. Segundo as fontes, na outra ponta da aposta, estão investidores que apostaram na alta do S&P 500 e/ou o Euro Stoxx.
Segundo o jornal, a aposta, vinculada a cerca de US$ 100 bilhões em índices, é uma das maiores apostas de baixa no mercado atualmente.
Não foi possível determinar por que a Bridgewater fez o investimento, segundo o WSJ. Vários clientes disseram, no entanto, que pode tratar-se de um hedge (seguro) para uma exposição significativa no mercado de ações que a empresa construiu.
Cogitou-se também que a aposta na baixa refletia a possibilidade de a senadora Elizabeth Warren ser indicada para concorrer às eleições presidenciais de novembro pelo partido Democrata.
A gestora não quis comentar suas negociações e, em um comunicado, disse que: "Não temos posições que se destinem a proteger ou apostar em possíveis desenvolvimentos políticos nos EUA". Afirmou também que suas posições mudam frequentemente e são, muitas vezes, hedges e que apostar muito uma única posição "seria um erro".