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Analistas sugerem distância das ações da Petrobras

Na avaliação da corretora Concórdia, as baixas contábeis esperadas pelo mercado seriam positivas perto da insegurança que se instala entre os investidores

Petrobras: corretora prevê cortes de investimentos na petroleira de 13% a 17% e evita a recomendação de alocação em ativos do grupo no curto prazo (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2015 às 11h52.

Depois da publicação hoje do balanço do terceiro trimestre de 2014 da Petrobras , que ignorou as perdas da companhia com o escândalo de corrupção deflagrado pela Operação Lava Jato , os analistas ficaram receosos em recomendar a compra dos papéis da empresa, principalmente no curto prazo.

Isso apesar das fortes quedas das ações hoje, de 11,2% no papel preferencial (PN, sem voto) para R$ 9,03, e de 10,5% do ordinário (ON, com voto), para R$ 8,63.

Na avaliação da corretora Concórdia, as baixas contábeis que eram esperadas pelo mercado, que iam de R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões, seriam até positivas perto do quadro de insegurança que se instala agora entre os investidores. Segundo relatório da casa, a opção da empresa de não garantir a transparência das demonstrações contábeis aponta também para uma decisão de “não realização de ajustes”, o que aumenta as incertezas e o risco do papel.

A partir disso, a Concórdia prevê cortes de investimentos na petroleira de 13% a 17% e evita a recomendação de alocação em ativos do grupo no curto prazo. De acordo com o texto enviado aos clientes, a corretora mantém uma posição de “cautela” diante da possibilidade de a estatal encontrar dificuldades na apresentação do balanço auditado dentro dos prazos exigidos pelos órgãos reguladores.

Na análise da Guide Investimentos, o momento agora é de manutenção para quem tem a ação e também de espera para quem quer comprar o ativo.

O estrategista Luis Gustavo Pereira lembra que o papel já está sofrendo uma forte desvalorização, mas que a situação pode piorar.

“Por enquanto, a volatilidade da ação é muito alta, o que não configura um momento ideal para a compra”, diz. Entrar na ação agora seria uma opção no momento apenas para os investidores de muito sangue frio, que estão dispostos a correr riscos mais altos.

Impacto de R$ 50 bi a R$ 60 bi

Para os investidores mais ansiosos em aproveitar a queda das ações, Pereira lembra que outros eventos envolvendo a Petrobras ainda devem ajudar na compreensão sobre os reais prejuízos que a empresa terá com o escândalo.

São eles: a teleconferência da companhia marcada para amanhã a respeito da metologia usada no balanço do 3º trimestre e as demonstrações contábeis referentes ao ano passado, ainda sem previsão.

O potencial impacto negativo esperado pela Guide nas contas da empresa é de 3% do valor de cada contrato superfaturado, algo em torno de R$ 50 bilhões a R$ 60 bilhões.

Ruim mesmo sem as baixas

O economista-chefe da corretora TOV, Pedro Paulo Silveira, considera que os dados da Petrobras são ruins mesmo sem a apresentação das baixas com os desvios.

Para ele, o resultado trimestral divulgado foi puxado para cima por conta de um recolhimento maior de impostos como o PIS/Cofins, em um total de R$ 820 milhões, além de algumas depreciações terem sido revistas, o que garantiu uma alta de R$ 1,6 bilhão. A companhia informou lucro líquido de R$ 3,08 bilhões no período.

Silveira aponta que, mesmo com o aumento da produção de petróleo e gás (+5,6%), com maiores exportações (185 mil bpd) e maior produção de derivados (24 mil bpd), a empresa perdeu na comparação com o segundo trimestre (-37%).

Sua geração de caixa livre, o Ebtida, também foi 27,7% menor em relação ao trimestre anterior, para R$ 11,7 bilhões. Dados que levariam a um corte de nota na classificação de risco da estatal.

O economista sugere que “se os ativos em reavaliação por causa da Lava Jato são da ordem de R$ 188 bilhões e as comissões (dos corruptos) variavam entre 5% e 15%, as perdas podem ir de R$ 9,4 bilhões a R$ 28,2 bilhões”. Silveira diz que as informações “devem em credibilidade”.

Já a corretora do Itaú Unibanco já esperava uma reação negativa do mercado frente a exclusão das perdas reais da Petrobras com corrupção no balanço, além de destacar um corte de investimentos previsto de 10%.

A meta de crescimento da companhia também caiu para 4,5%, ante estimativa da corretora de 8,8% neste ano.

Pioram a posição da empresa brasileira as perdas com a construção das refinarias Premium I e Premium II, o que poderia significar o adiamento de projetos, e despesas com depreciação de equipamentos. O Itaú trabalha com preço justo para o papel da estatal de R$ 16,50.

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Depois da publicação hoje do balanço do terceiro trimestre de 2014 da Petrobras , que ignorou as perdas da companhia com o escândalo de corrupção deflagrado pela Operação Lava Jato , os analistas ficaram receosos em recomendar a compra dos papéis da empresa, principalmente no curto prazo.

Isso apesar das fortes quedas das ações hoje, de 11,2% no papel preferencial (PN, sem voto) para R$ 9,03, e de 10,5% do ordinário (ON, com voto), para R$ 8,63.

Na avaliação da corretora Concórdia, as baixas contábeis que eram esperadas pelo mercado, que iam de R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões, seriam até positivas perto do quadro de insegurança que se instala agora entre os investidores. Segundo relatório da casa, a opção da empresa de não garantir a transparência das demonstrações contábeis aponta também para uma decisão de “não realização de ajustes”, o que aumenta as incertezas e o risco do papel.

A partir disso, a Concórdia prevê cortes de investimentos na petroleira de 13% a 17% e evita a recomendação de alocação em ativos do grupo no curto prazo. De acordo com o texto enviado aos clientes, a corretora mantém uma posição de “cautela” diante da possibilidade de a estatal encontrar dificuldades na apresentação do balanço auditado dentro dos prazos exigidos pelos órgãos reguladores.

Na análise da Guide Investimentos, o momento agora é de manutenção para quem tem a ação e também de espera para quem quer comprar o ativo.

O estrategista Luis Gustavo Pereira lembra que o papel já está sofrendo uma forte desvalorização, mas que a situação pode piorar.

“Por enquanto, a volatilidade da ação é muito alta, o que não configura um momento ideal para a compra”, diz. Entrar na ação agora seria uma opção no momento apenas para os investidores de muito sangue frio, que estão dispostos a correr riscos mais altos.

Impacto de R$ 50 bi a R$ 60 bi

Para os investidores mais ansiosos em aproveitar a queda das ações, Pereira lembra que outros eventos envolvendo a Petrobras ainda devem ajudar na compreensão sobre os reais prejuízos que a empresa terá com o escândalo.

São eles: a teleconferência da companhia marcada para amanhã a respeito da metologia usada no balanço do 3º trimestre e as demonstrações contábeis referentes ao ano passado, ainda sem previsão.

O potencial impacto negativo esperado pela Guide nas contas da empresa é de 3% do valor de cada contrato superfaturado, algo em torno de R$ 50 bilhões a R$ 60 bilhões.

Ruim mesmo sem as baixas

O economista-chefe da corretora TOV, Pedro Paulo Silveira, considera que os dados da Petrobras são ruins mesmo sem a apresentação das baixas com os desvios.

Para ele, o resultado trimestral divulgado foi puxado para cima por conta de um recolhimento maior de impostos como o PIS/Cofins, em um total de R$ 820 milhões, além de algumas depreciações terem sido revistas, o que garantiu uma alta de R$ 1,6 bilhão. A companhia informou lucro líquido de R$ 3,08 bilhões no período.

Silveira aponta que, mesmo com o aumento da produção de petróleo e gás (+5,6%), com maiores exportações (185 mil bpd) e maior produção de derivados (24 mil bpd), a empresa perdeu na comparação com o segundo trimestre (-37%).

Sua geração de caixa livre, o Ebtida, também foi 27,7% menor em relação ao trimestre anterior, para R$ 11,7 bilhões. Dados que levariam a um corte de nota na classificação de risco da estatal.

O economista sugere que “se os ativos em reavaliação por causa da Lava Jato são da ordem de R$ 188 bilhões e as comissões (dos corruptos) variavam entre 5% e 15%, as perdas podem ir de R$ 9,4 bilhões a R$ 28,2 bilhões”. Silveira diz que as informações “devem em credibilidade”.

Já a corretora do Itaú Unibanco já esperava uma reação negativa do mercado frente a exclusão das perdas reais da Petrobras com corrupção no balanço, além de destacar um corte de investimentos previsto de 10%.

A meta de crescimento da companhia também caiu para 4,5%, ante estimativa da corretora de 8,8% neste ano.

Pioram a posição da empresa brasileira as perdas com a construção das refinarias Premium I e Premium II, o que poderia significar o adiamento de projetos, e despesas com depreciação de equipamentos. O Itaú trabalha com preço justo para o papel da estatal de R$ 16,50.

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