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ANÁLISE-Governo impõe piso ao dólar mesmo sem arsenal completo

Entrada de moeda deve diminuir após Petrobras Mantega nega tentativa de controlar câmbio no gogó Dólar fraco no mundo pode forçar atuação mais adiante Por Silvio Cascione SÃO PAULO, 22 de setembro (Reuters) - Swap cambial reverso, Fundo Soberano, aumento de impostos sobre capital estrangeiro. O governo conta com várias ferramentas contra a queda do […]

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Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2010 às 12h35.

  • Entrada de moeda deve diminuir após Petrobras

  • Mantega nega tentativa de controlar câmbio no gogó

  • Dólar fraco no mundo pode forçar atuação mais adiante

    Por Silvio Cascione

    SÃO PAULO, 22 de setembro (Reuters) - Swap cambial reverso,
    Fundo Soberano, aumento de impostos sobre capital estrangeiro.
    O governo conta com várias ferramentas contra a queda do dólar,
    mas só a ameaça de utilizá-las tem sido suficiente, por
    enquanto, para segurar a cotação acima de 1,70 real.

    E, com a conclusão da oferta de ações da Petrobras
    no final do mês, é possível que a única medida
    concreta acabe sendo o aumento das compras de dólares pelo
    Banco Central, segundo analistas.

    "Concluído o processo (de capitalização da Petrobras), é de
    se esperar por persistência de fluxos generosos de capitais
    para o Brasil, mas em intensidade mais semelhante à observada
    durante o primeiro semestre", avaliou o Departamento de
    Pesquisa Econômica do Santander, chefiado por Alexandre
    Schwartsman, ex-diretor do Banco Central.

    A tese é semelhante à defendida pelo ministro da Fazenda,
    Guido Mantega, e pelo presidente do Banco Central, Henrique
    Meirelles, de que o país contabiliza um fluxo atípico de
    recursos e que a taxa de câmbio tende a ficar mais coerente no
    futuro com o déficit em transações correntes.

    De acordo com dados do Banco Central, já entraram no país
    11,135 bilhões de dólares em setembro, cifra mais de três vezes
    superior ao ingresso líquido acumulado no restante do ano
    [ID:nN21235108]. Do total do mês, os leilões de compra do BC
    absorveram 5,874 bilhões de dólares, com duas operações por
    sessão desde o dia 8.

    Nesse meio tempo, o mercado não viu nenhuma atuação do
    Fundo Soberano nem o Banco Central avaliar novamente a demanda
    por swap cambial reverso, como chegou a fazer no final de
    julho. Também o IOF sobre capital estrangeiro, citado
    recentemente por Mantega como uma opção, foi considerado por
    uma fonte do governo como "último recurso" [ID:nN16271841].

    Na segunda-feira, o Ministério da Fazenda informou que o
    Fundo Soberano foi autorizado a adquirir dólares no mercado.

    "De algum tempo para cá, o ministro da Fazenda tem usado um
    discurso um pouco mais agressivo, mas é somente um discurso. O
    BC segue fazendo aqueles leilões previsíveis, agora duas vezes
    por dia, nos horários mais ou menos esperados pelo mercado",
    afirmou Jorge Knauer, diretor de tesouraria do Banco Prosper.

    Flavia Cattan-Naslausky, estrategista do RBS Securities,
    vai além: "Não estamos totalmente convencidos de que o governo
    vai usar o Fundo Soberano ou mesmo os swaps reversos antes do
    fluxo para a Petrobras. Em vez disso, deve esperar que a
    operação aconteça, recorrendo a ferramentas adicionais se a
    tendência de queda (do dólar) continuar após a capitalização".

    Mais cedo nesta quarta-feira, Mantega disse a jornalistas
    que "basta a Secretaria do Tesouro determinar que compre
    dólares" para que o Fundo Soberano comece a atuar, mas ponderou
    que é preciso sempre ter "muita prudência".

    Após os comentários, o dólar deixou de cair. Às
    15h34, a moeda subia 0,17 por cento, a 1,721 real.

    "O mercado está nervoso, mas deveria estar mesmo; as
    autoridades ficam falando toda hora", disse o operador de uma
    corretora em São Paulo, que não quis ser identificado. "Mas é
    tipo festa junina: 'Olha a cobra! É mentira'."

    RISCOS A ESSE CENÁRIO

    Ainda que a intervenção verbal do governo venha tendo êxito
    para contrabalançar o fluxo de dólares, os olhos do mercado
    estão voltados também para o mercado global de câmbio. O Brasil
    não é o único a intervir e vê parceiros poderosos, como o
    Japão, fazerem o mesmo.

    Caso a queda do dólar se acelere no exterior, como efeito
    de um eventual estímulo à economia dos Estados Unidos, a
    pressão sobre o BC será maior.

    Além disso, para Tony Volpon, economista do banco Nomura, a
    ausência de medidas concretas pode acelerar a tendência de
    queda do dólar mais adiante, caso os agentes percam a
    expectativa de uma atuação do governo.

    "O nível crescente de intervenção verbal, se não for
    acompanhado por medidas efetivas, só vai deixar o mercado
    disposto a pressionar o dólar ainda mais para baixo. Com o
    volume de posições compradas em real muito grande, há bastante
    espaço para uma intervenção efetiva. Vamos ver se o cachorro
    que late também sabe morder".

(Edição de Daniela Machado)

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