Aéreas disparam até 11%; Suzano cai 5% com venda de ações pelo Votorantim
Confira os principais destaques de ações desta quinta-feira
Paula Barra
Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 10h55.
Última atualização em 3 de dezembro de 2020 às 18h35.
As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3; PETR4) voltaram a figurar nesta quinta-feira, 3, entre as principais contribuições positivas para o Ibovespa, em pontos. Do outro lado, Vale (VALE3) e Suzano (SUZB3), com venda de ações pelo Votorantim, foram as maiores contribuições negativas. O principal índice de ações da Bolsa brasileira registrou sua oitava alta nos últimos nove pregões, fechando com ganhos de 0,37%, em 112.291 pontos.
Em variação, a fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3) liderou a alta, com valorização de 11,05%, seguida pela aérea Gol (GOLL4) e a empresa de turismo CVC Brasil (CVCB3), com ganhos de 8,79% e 7,55%, respectivamente. A valorização ocorre em meio a perspectivas positivas sobre vacinas e investidores em busca de papéis que ficaram atrasados na recuperação da Bolsa. No sentido oposto, Usiminas (USIM5), Suzano e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) puxaram as maiores quedas em porcentagem, entre 5,14% e 4,19%.
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Abaixo, os principais destaques de ações deste pregão:
Aéreas
As ações do setor aéreo e da empresa de turismo CVC Brasil (CVCB3) lideraram os ganhos do Ibovespa hoje. Embraer (EMBR3), que encabeçou o ranking das maiores altas, avançou 11,05%. A alta ocorre em meio a perspectivas de vacinas no Brasil e no mundo. Por aqui, o governo de São Paulo recebeu nas primeiras horas da manhã desta quinta sua segunda remessa de doses da Coronavac. A remessa (de 600 litros a granel) é o equivalente a 1 milhão de doses. No exterior, o Reino Unido se tornou na quarta-feira o primeiro país ocidental a conceder aprovação para uso emergencial da vacina da Pfizer e BioNTech. Nos Estados Unidos, a agência reguladora deve decidir sobre o uso da vacina da Moderna na metade deste mês, com distribuição possivelmente antes do início de 2021.
Além disso, no radar da Embraer, a empresa divulgou ontem suas perspectivas para o mercado para os próximos 10 anos, com as tendências para a indústria de aviação. Em relatório, os analistas do BTG Pactual comentam que, embora ocorra periodicamente, a revisão deste ano tem um significado especial, uma vez que apresenta os impactos previstos na demanda de aeronaves causados pela covid-19.
Segundo eles, o impacto foi relevante, mas há tendências favoráveis. Os volumes esperados de vendas de aeronaves ao longo da próxima década são cerca de 20% menores do que a perspectiva anterior anterior da empresa. Do lado positivo, comentam, há tendências como dimensionamento correto de mercado e a regionalização de rotas, que tendem a favorecer fabricantes de aviões com fuselagem estreita, como a Embraer. Essas mesmas tendências também são positivas para o segmento de turboélice, que os analistas do banco acreditam ser o próximo grande passo estratégico da companhia. No relatório, no entanto, eles mantêm recomendação neutra para a ação.
Petrobras
O dia foi de alta para as ações da Petrobras (PETR3; PETR4), que registrou seu terceiro pregão seguido de ganhos. Os papéis ordinários e preferenciais da estatal subiram 2,03% e 2,83%, respectivamente, em meio à valorização do petróleo no exterior e com o mercado de olho em propostas finais para quatro refinarias da empresa.
A companhia informou que recebeu propostas vinculantes para as refinarias Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, Refinaria Isaac Sabbá (REMAN), no Amazonas, Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR), no Ceará, e Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná, segundo comunicado enviado ao mercado.
Adicionalmente, a companhia disse que espera propostas receber propostas vinculantes para as refinarias Presidente Getúlio Vargas (REPAR), no Paraná, e Alberto Pasqualini (REFAP), no Rio Grande do Sul, no dia 10 de dezembro. Já o recebimento de propostas vinculantes para as refinarias Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, e Gabriel Passos (REGAP), em Minas Gerais, está previsto para ocorrer no primeiro trimestre de 2021.
Segundo analistas da Exame Research, a notícia é positiva para a Petrobras, uma vez que sinaliza que o plano de desinvestimentos está sendo bem-sucedido. "Duas das principais refinarias que serão vendidas, a Rlam (Bahia) e a Repar (Paraná) já têm interessados. Vale notar que a estatal não sairá totalmente do negócio de refino, permanecendo com cinco ativos desse tipo — trata-se de um enxugamento do portfólio, de modo a preservar as operações mais rentáveis", comentam.
No mercado internacional, os contratos do petróleo Brent, negociado em Londres e usado como referência pela companhia, viraram para o positivo e fecharam em alta de 0,99%.
Ambev
As ações da Ambev (ABEV3) caíram 1,21%, após o Morgan Stanley cortar a recomendação dos papéis de equal-weight, equivalente a neutro, para underweight, ou venda. O preço-alvo segue em 14,00 reais, o que representa um potencial de queda de 6% frente ao fechamento de ontem. Para a revisão, os analistas do banco dizem que as incertezas (sobre a sustentabilidade dos recentes ganhos de participação de mercado da companhia) não diminuíram apesar do excelente desempenho da empresa durante a pandemia. Segundo eles, as dúvidas permanecem, tendo em vista um cenário competitivo mais acirrado e estímulo fiscal potencialmente menor em 2021.
Suzano
As ações da Suzano (SUZB5) deram continuidade à queda de ontem (-5,01%) e recuaram nesta sessão mais 4,76%. O movimento ocorre em meio à saída do Votorantim do capital da companhia. Na véspera, o conglomerado da família Ermínio de Moraes vendeu 25 milhões de papéis da companhia, em um block trade que movimentou mais de 1 bilhão de reais, agora a expectativa é que o grupo se desfaça do restante dos papéis que detém, ou mais de 50 milhões de ações da gigante de papel e celulose.
Segundo informações de O Estado de S. Paulo, como o investimento nos papéis não é estratégico para o Votorantim, o entendimento é que agora o momento é apropriado para a venda, tendo em vista a forte valorização dos ativos no ano. Com o dólar em alta e os preços da celulose com perspectivas positivas, as ações da Suzano acumulam em 2020 valorização de 33,3%, contra queda de 2,9% do Ibovespa no mesmo período. No máxima do ano, os ganhos chegaram a mais de 46%.
Os analistas da Exame Research comentam que o movimento faz sentido para a Votorantim, considerando o patamar elevado das ações da Suzano e que o investimento não é visto como essencial para o grupo. "Quanto à Suzano, a venda adicional tende a trazer pressão às cotações — ontem, os papéis já recuaram 5% — e, assim, pode criar pontos de
entrada nos papéis", comentam.