Mercados

Ações de Lenovo e ZTE recuam com preocupações sobre espionagem da China

Chips em equipamentos usados por cerca de 30 companhias e por instituições governamentais dariam a Pequim acesso secreto a redes internas de instituições

Espionagem industrial: acionistas temem que consumidores sejam menos receptivos a produtos com tecnologia chinesa (Divulgação/Getty Images)

Espionagem industrial: acionistas temem que consumidores sejam menos receptivos a produtos com tecnologia chinesa (Divulgação/Getty Images)

R

Reuters

Publicado em 5 de outubro de 2018 às 15h43.

Última atualização em 5 de outubro de 2018 às 16h24.

Hong Kong - As ações da Lenovo e da ZTE Corp caíram nesta sexta-feira, 5, impactadas por preocupações sobre as vendas externas, após a Bloomberg informar que os sistemas de várias empresas norte-americanas foram comprometidos por chips de computador maliciosos inseridos por espiões chineses.

Em uma reportagem publicada na quinta-feira, a Bloomberg citou 17 fontes não identificadas de empresas e de inteligência dizendo que espiões chineses colocaram chips em equipamentos usados por cerca de 30 companhias, além de várias agências do governo dos Estados Unidos, o que daria a Pequim acesso secreto a redes internas das instituições.

A Apple e a Amazon Web Services (AWS), da Amazon, citadas entre as empresas norte-americanas sujeitas ao ataque, negaram a reportagem. A Super Micro Computer, acusada de ser fornecedora de placas para servidores contendo os chips maliciosos, também negou a publicação.

O Centro Nacional de Segurança Cibernética do Reino Unido, uma unidade da agência britânica de inteligência e segurança, disse que não tem motivos para duvidar das declarações feitas pela Apple e pela Amazon.

Na reportagem, a Bloomberg não disse se alguma empresa de tecnologia chinesa estava envolvida no ataque, mas as ações da Lenovo despencaram 15 por cento por temores de que consumidores e empresas possam ficar relutantes em comprar produtos com tecnologia chinesa.

"A Super Micro não é fornecedora da Lenovo. Além disso, como uma empresa global, tomamos medidas abrangentes para proteger a integridade contínua de nossa cadeia de fornecimento", disse a Lenovo.

A Daiwa Research disse que "se a preocupação com hackers continuar crescendo, o impacto potencial sobre a Lenovo poderá ser substancial". Estima-se que os EUA respondam por mais de um quinto da receita da Lenovo.

A fabricante de equipamentos de telecomunicações chinesa ZTE, cujas ações listadas em Hong Kong caíram 11 por cento, não comentou o assunto.

O índice do setor de hardware de tecnologia da informação na bolsa de valores de Hong Kong despencou 4,7 por cento, com os investidores preocupados com o impacto das informações em um momento em que a indústria já está sendo afetada por uma guerra comercial entre China e EUA.

"Isso pode ser um golpe de morte para as ambições da China de aumentar sua cadeia de valor até 2025, já que os mercados ocidentais provavelmente se fecharão contra empresas como Huawei e ZTE", disse Michael Every, estrategista sênior do Rabobank em nota aos clientes. "Juntamente com a imposição de tarifas de 25 por cento pelos EUA, isso só acelerará o movimento da cadeia de fornecimento de eletrônicos para fora da China e em direção ao México."

A Huawei Technologies também não falou sobre o assunto. O Ministério das Relações Exteriores da China não respondeu a um pedido de comentário. Pequim negou anteriormente as alegações de orquestrar ataques cibernéticos contra empresas ocidentais.

Acompanhe tudo sobre:AçõesChinaLenovoMercado financeiro

Mais de Mercados

BTG vê "ventos favoráveis" e volta recomendar compra da Klabin; ações sobem

Ibovespa fecha em queda e dólar bate R$ 5,81 após cancelamento de reunião sobre pacote fiscal

Donald Trump Jr. aposta na economia conservadora com novo fundo de investimento

Unilever desiste de vender divisão de sorvetes para fundos e aposta em spin-off