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Ações da Vale ignoram possível saída de Agnelli

Papéis seguem em alta, apesar de queda no Ibovespa

Roger Agnelli, presidente da Vale (Arquivo)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2010 às 14h46.

Rio de Janeiro - Apesar das especulações sobre a saída de Roger Agnelli da presidência da Vale, as ações da companhia passavam ao largo dos rumores nesta sexta-feira, operando entre leves altas e baixas e protegidas pela vigorosa trajetória dos preços do minério de ferro no mercado internacional.

"Achei que ia abrir em queda porque é ex-dividendo hoje, mas está segurando bem", avaliou Pedro Galdi, da corretora SLW.

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A companhia anunciou na véspera o pagamento de dividendos de 2,89 bilhões de reais para acionistas com posição em 14 de outubro.

Depois de abrirem em alta moderada, às 12h10 (horário de Brasília) os papéis preferenciais da Vale operavam com leves ganhos de 0,19 por cento, cotados a 47,63 reais, enquanto o Ibovespa caía 0,05 por cento. O minério de ferro era cotado a mais de 152 dólares a tonelada, alta de 1,90 por cento em relação ao fechamento de quinta-feira.

A campanha contra Agnelli dentro do governo Lula foi iniciada no ano passado após a Vale demitir quase 2 mil empregados durante a crise econômica. O assunto volta aos jornais às vésperas das eleiçoes presidenciais.

"Existem muitas pessoas procurando uma vaga na empresa, e geralmente essas pessoas são do PT", teria dito Agnelli durante viagem à Zâmbia na quinta-feira.

Para o analista, apesar de há muitos anos no cargo --desde 2001, após a saída da Companhia Siderúrgica Nacional do capital da Vale-- não há motivo para tirar Agnelli, responsável, segundo o mercado, pelo crescimento da mineradora.

"O lugar não é eterno, mas ele tem feito um bom trabalho lá e acho muito difícil sair assim, de uma hora para outra, é mais efeito da proximidade da eleição", disse o analista.

Não sai

Fontes da empresa, no entanto, negam que seja iminente a saída do executivo.

O contrato do presidente da Vale --assim como dos diretores e do Conselho de Administração-- é renovado de dois em dois anos por mera formalidade, confidenciou uma fonte da empresa, classificando de "pura especulação" a teoria de que o governo quer tirar o executivo.

"Isso não acontece assim, os acionistas é que decidem, ninguém vai bater voto no negócio, dizer se é contra ou a favor... tudo é entendimento na empresa", afirmou uma das fontes próximas ao assunto, lembrando que a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil não teria força para tirar sozinha Agnelli do cargo.


Para demitir Agnelli, os acionistas precisam de 67 por cento dos votos e somando as participações atuais --Previ e BNDES-- só conseguem 61 por cento. "Teriam que presionar a Mitsui e o Bradesco, não sei se isso funciona", disse a fonte.

A fonte no entanto considerou forte a declaração de Agnelli no continente africano, dizendo que "ou é uma declaração suicida ou uma declaração de quem está por cima da carne seca", brincou.

No último encontro entre Agnelli e Lula, há um mês, o clima foi agradável, disse a fonte, que acha melhor deixar passar a eleição presidencial para saber os rumos que o tema irá tomar.

"Se o caso era fazer siderurgia, o Roger já resolveu o assunto, o governo não tem do que reclamar", avaliou a fonte referindo-se às várias usinas que estão sendo construídas pela mineradora.

A Vale está fazendo sozinha uma siderúrgica no Estado do Espírito Santo e com parceiras no Estado do Ceará e no Estado do Pará. No Estado do Rio de Janeiro a companhia participa de uma sociedade com o grupo alemão Thyssen, na Companhia Siderúrgica do Atlântico, já em operação.

Ainda segundo a fonte, todos os diretores da Vale estão focados no desempenho da companhia e os rumores não vão afetar o desempenho da segunda maior mineradora do mundo.
"É puro ruído político... a diretoria fez uma pacto entre si de olhar para dentro, não olhar para fora... uma empresa gigantesca daquela, com aquela complexidade operacianal e gerencial não pode ficar em função das especulações, que não são de hoje", explicou a fonte.

A Vale apresenta seu resultado do terceiro trimestre no próximo dia 28. Dez dias antes, em Nova York, deve anunciar seu plano de investimento para 2011, que não deve ficar abaixo de 20 bilhões de dólares, segundo fontes.

A reunião de diretoria que ocorreria esta semana para definir o valor exato a ser investido no ano que vem não foi realizada devido ao feriado do dia 12 de outubro e a viagem de Agnelli à Zâmbia, informou uma das fontes, e ainda não há data marcada para o próximo encontro.

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