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Ação da Vale é a pior entre as maiores do setor no mundo

Empresa é muito dependente da China, cujo crescimento econômico está em xeque

Mina da Vale, em Carajás, no Pará (Agência Vale)

Mina da Vale, em Carajás, no Pará (Agência Vale)

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Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2012 às 07h32.

São Paulo – As ações da Vale (VALE3; VALE5) são as piores entre as maiores mineradoras do mundo no período de um ano. Com forte dependência das perspectivas para a economia chinesa, os papéis da maior extratora de minério de ferro apresentam uma queda de quase 30% em Nova York, variação pior do que as concorrentes Anglo (-18%), Rio Tinto (-15%), Xstrata (-13%), Glencore (-12%) e BHP (-1,8%).

Vários bancos e economistas, além do FMI (Fundo Monetário Internacional), têm colocado a China como um fator determinante para o desempenho da economia mundial nos próximos anos. Mesmo com uma política de estímulos do governo, o país tem desacelerado nos últimos meses e as projeções recuado. A revisão mais recente foi a do banco Morgan Stanley.

Neste ano, eles esperam uma expansão de 8%, ante projeção inicial de 8,5%. Já para 2013, eles acreditam num crescimento de 8,6% do PIB chinês, ante projeção de 9%. A equipe de análises avisou que aguarda mais mudanças nas projeções. “Esperamos que uma onda de revisões nas expectativas aconteça e acreditamos que nossos números devam continuar em linha com a ponta mais alta do intervalo do mercado”, afirmaram em um relatório.

O lucro líquido da empresa ficou em 5,314 bilhões de reais, uma queda de 48% na comparação com o registrado um ano antes e de 21% sobre o primeiro trimestre. A geração de caixa (Ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em 10,095 bilhões de reais, 30,3% abaixo do visto no mesmo período de 2011 e 14,8% acima do registrado no início do ano.

Minério de ferro

Os preços do minério de ferro acompanharam o menor fôlego da economia chinesa e também recuaram. Desde o começo de julho, a queda chegou a 15%, para 115 dólares por tonelada. De acordo com o Bank of America Merrill Lynch, a expectativa é de que os preços se recuperem para em torno 130 dólares por tonelada no ano que vem, mas reiteram que a projeção é arriscada porque existe a possibilidade de a economia demorar a responder aos estímulos.


A variação da commodity é fundamental à Vale. Segundo os analistas Felipe Hirai e Thiago Lofiego, que assinam a análise, a uma queda de 10% nos preços reduziria a estimativa de geração de caixa em 12% e de lucro por ação de 15%. Em julho, a importação de minério de ferro pelo país caiu 0,8% na comparação com o mês anterior.

A fatia nas vendas de minério de ferro da Vale para o país caiu de 47,2% entre janeiro e março para 43,7% no segundo trimestre. Na comparação com o mesmo período do ano passado, entretanto, a participação da gigante asiática subiu, na época a fatia da China era de 41,9%.

Ações

A expectativa sobre o desempenho da Vale, portanto, está diretamente ligada à crença ou não do efeito dos estímulos econômicos que o país tem aplicado. Quem acredita em uma recuperação continua a recomendar a compra dos papéis, como o HSBC.

“Apesar dos fracos resultados, continuamos a acreditar que as medidas de estímulo implementadas recentemente pelo governo chinês, provavelmente, devem melhorar os dados macroeconômicos no segundo semestre de 2012 e que o posicionamento dos preços do minério de ferro aos custos marginais de produção no mercado à vista, a nosso ver, favorecem a estabilização dos preços do minério de ferro”, disse Jonathan Brandt, que recomenda a compra dos papéis.

O banco não está sozinho. Analistas do Nomura reiteraram a indicação de compra em uma nota publicada e da Zacks elevaram a sugestão de desempenho abaixo da média para neutra no dia 27 de julho. Esse, contudo, não é o caso do BofA Merrill Lynch. O banco cortou na terça-feira a recomendação para a Vale de compra para neutra e reduziu o preço-alvo para os papéis negociados em Nova York (ADRs) de 24 dólares para 21 dólares.

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