Mercados

A aposta de US$ 1 bilhão em software que detenha os hackers

Fundo negociado na bolsa vinculado às ações de empresas de segurança em redes acaba de ultrapassar US$ 1 bilhão em valor de mercado


	Hacker: as ações na bolsa de companhias que tentam impedir ataques virtuais estão aumentando tão rapidamente quanto esses ataques
 (Thomas Samson/AFP)

Hacker: as ações na bolsa de companhias que tentam impedir ataques virtuais estão aumentando tão rapidamente quanto esses ataques (Thomas Samson/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2015 às 16h57.

A única coisa que parece estar aumentando tão rapidamente quanto as ações maliciosas na internet são as ações das companhias que estão tentando impedi-las.

Várias companhias, como a FireEye Inc. e a Palo Alto Networks Inc., decolaram em 2015 e estenderam para mais de 200 por cento o ganho de um índice que existe há quatro anos e acompanha empresas de segurança de redes.

Um fundo negociado em bolsa (ETF) vinculado às ações acaba de ultrapassar US$ 1 bilhão em valor de mercado, tendo dobrado de tamanho desde o começo de abril.

As invasões virtuais, como o vazamento de cadastros confidenciais de funcionários do governo americano ocorrido na semana passada, incitaram a paranoia cibernética, o que impulsionou o gasto em segurança de rede e concedeu o status de queridinhas às empresas que contribuem para a proteção dos dados digitais.

O assunto está começando a se retroalimentar entre os investidores que estão com medo de ficar de fora.

“Quanto mais o preço subir, mais atraente esse setor será para as pessoas”, disse John Manley, que ajuda a gerir cerca de US$ 233 bilhões como estrategista-chefe de ações da Wells Fargo Funds Management em Nova York.

“Nessas ações têm prevalecido uma mentalidade de rebanho, pois essas empresas oferecem um nível de segurança que não existia antes”.

Um ganho de 25 por cento em 2015 e uma avalanche de fluxos de entrada de investidores inflaram o valor de mercado do PureFunds ISE Cyber Security ETF até superar o limiar de US$ 1 bilhão na terça-feira.

A cifra se compara com US$ 107 milhões no começo do ano e US$ 494 milhões no fim do primeiro trimestre. O fundo subiu 0,6 por cento às 9h40 da manhã, horário de Nova York.

Crescimento das vendas

Embora a média de ações no índice ISE Cyber seja negociada a 24,6 vezes as estimativas de lucros dos analistas, apenas 18 das 30 empresas são rentáveis – entretanto, projeta-se que o número vai subir para 25 nos próximos 12 meses, mostram dados compilados pela Bloomberg. O múltiplo se compara com 17,6 vezes a renda prevista para o S&P 500.

Pouco mais de 3.000 incidentes de violação de dados ocorreram em todo o mundo no ano passado, o que expôs 1,1 bilhão de cadastros, dos quais 97 por cento foram ligados a ataques de hackers ou fraudes, escreveu David Kostin, estrategista-chefe de ações do Goldman Sachs Group Inc. para os EUA, em uma nota no dia 12 de junho.

Na semana passada, um sindicato de funcionários do governo disse que hackers roubaram dados e números de previdência social de todos os funcionários do governo federal.

O fervor superou o entusiasmo dos investidores pelos desenvolvedores de medicamentos, um grupo de companhias tão popular que Janet Yellen, presidente do Federal Reserve (Fed), destacou-o duas vezes por sua avaliação no ano passado.

O Nasdaq Biotechnology Index cresceu 20 por cento em 2015 e ficou 5 pontos porcentuais atrás de segurança cibernética.

Crescimento geral

O ISE Cyber Security Index não está subindo apenas por causa de um punhado de empresas. Vinte e sete das 30 ações no indicador tiveram ganhos neste ano, e a FireEye e a CyberArk Software Ltd. ficaram à frente com ganhos superiores a 68 por cento.


Como os casos de violação de dados estão se acumulando, as grandes empresas de tecnologia estão analisando companhias de segurança de dados de menor porte como potenciais alvos de aquisição, disse o CEO da FireEye, Dave DeWalt, em uma entrevista, em maio.

Várias empresas, como a Cisco Systems Inc. e o Google Inc., estão interessadas em um dos mercados “mais populares e de maior crescimento” da tecnologia da informação, disse ele.

O interesse dos investidores em ações desse ramo se estendeu ao mercado de opções. Os contratos que protegem contra um declínio de 10 por cento no fundo negociado em bolsa que acompanha o ISE Cyber Security Index custavam 27 pontos a menos do que as apostas em um ganho da mesma magnitude em 4 de junho, segundo dados trimestrais compilados pela Bloomberg.

Foi o nível mais baixo da relação conhecida como skew desde que o ETF entrou no trading em novembro, mostram os dados.

“Os investidores estão procurando um instrumento” para entrar nas ações, disse Manley. “Esse espaço agora está atraente”.

Acompanhe tudo sobre:Açõesaplicacoes-financeirasFundos de investimentoHackersMercado financeiro

Mais de Mercados

Boeing inicia demissões para reduzir 10% dos funcionários

Essa small cap “não vale nada” e pode triplicar de preço na bolsa, diz Christian Keleti

Morgan Stanley rebaixa ações do Brasil e alerta sobre ‘sufoco’ no fiscal

Petrobras: investimentos totais serão de US$ 111 bi até 2029 e dividendos vão começar em US$ 45 bi