São Paulo – O aumento das críticas sobre a representatividade e metodologia do índice Bovespa nos últimos meses só fez aumentar o foco do mercado sobre as ações que ainda estão fora do benchmark do mercado brasileiro. É verdade que muitas small caps (empresas de baixa capitalização de mercado) já foram avistadas pelos gestores e o preço já está próximo do que pode ser visto como justo, mas ainda assim algumas continuam com um valor atraente. O analista-chefe da Ativa Corretora, Ricardo Correa, realizou a pedido de EXAME.com uma lista com 6 ações não óbvias e que ainda são consideradas “pechinchas”. Confira a seguir uma análise para cada uma delas:
A primeira lembrada por Correa é a Julio Simões Logística (JSLG3). A empresa atua no transporte de carga, além de serviços logísticos customizados para empresas, como a terceirização de frotas. A recente aquisição da Schio abriu as portas para a entrada no segmento de cargas com temperaturas controladas. Os contratos, que têm duração entre 2 a 10 anos de duração, garantem um alto grau de fidelização dos 350 clientes em carteira. “Assim, acreditamos que a companhia possui um sólido modelo de negócios e deve apresentar bons resultados nos próximos trimestres, pautados no crescimento de suas operações e maturação de alguns projetos. Finalmente, acreditamos que a JSL tem potencial para ser um player logístico integrador de escala nacional, e mantemos nossa recomendação de compra para as ações da empresa”, ressalta o analista.
A administradora de shoppings Aliansce(ALSC3) aparece na lista pelo bom posicionamento para ganhar com o bom momento do consumo e o crescimento da renda. A empresa tem conseguido manter uma taxa de vacância pequena e com reajustes de aluguel acima da inflação. As empresas do setor também são conhecidas pelo quente mercado de fusões e aquisições. “Vemos na Aliansce grandes oportunidades de crescimento, uma vez que a média de maturação das atividades dos seus shoppings é mais baixa, permitindo uma maior expansão das vendas, e, consequentemente, dos aluguéis”, ressalta Correa. Segundo ele, a empresa negocia a múltiplos mais atrativos do que seus pares. Ademais, a recente oferta pública de ações garantiu uma queda significativa no endividamento, o que abriu espaço para novas aquisições.
A terceira do ranking é uma estreante na bolsa. O IPO, realizado em fevereiro de 2011, girou quase 490 milhões de reais. A Autometal (AUTM3) é controlada pela espanhola CIE Automotive e vende 6 mil tipos de autopeças para veículos leves no Brasil e no Nafta. “Considerando a posição de caixa da empresa e as perspectivas para o setor automotivo brasileiro, consideramos a companhia como potencial player consolidador do mercado, o que poderá gerar valor adicional para seus acionistas. Além disso, o valuation da companhia é atrativo, sendo atualmente negociada a múltiplos descontados em relação aos pares”, ressalta Correa.
Frequentemente citada como uma empresa defensiva e uma aposta em tempos de inflação, a Arteris (ARTR3) entra na lista pelo seu perfil resiliente. “Sua receita é composta basicamente pelas operações rodoviárias, o que confere previsibilidade e consistência a seus resultados”, diz Correa. A Arteris administra 3.226 km de rodovias, sendo que 2.079 km são de rodovias federais, como a Autopista Fernão Dias, e os outros 1.147 km são de concessões estaduais em São Paulo, caso da Anhanguera. O analista lembra o cenário para o setor continua ambíguo, dado que, por um lado, novos projetos deverão apresentar taxas menores de retorno. Contudo, por outro, as oportunidades de crescimento devem ser bastante elevados, considerando os projetos anunciados em infraestrutura pelo governo nos próximos anos. Correa ressalta que o prazo médio das concessões da Arteris é o maior dentre os pares listados. “Acreditamos que a empresa apresenta um valuation atrativo em relação aos pares, sendo negociada atualmente a múltiplos atrativos, em nossa opinião”, finaliza.
A empresa é a preferida da Ativa no combalido setor elétrico na bolsa, explica Ricardo Correa. Ele explica que a Equatorial (EQTL3) se destaca pelo perfil estável e atrativo fluxo de dividendos, “ideal para momentos de volatilidade”. “Acreditamos que seja o player mais eficiente do setor elétrico brasileiro. A recente aquisição da Celpa e a provável conclusão da compra dos ativos do Grupo Rede, em conjunto com a CPFL, abrem espaço para expansão da empresa no longo prazo, uma vez que ela tem o expertise necessário para realizar o turnaround operacional e financeiro nessas distribuidoras, como fez com a distribuidora maranhense Cemar. Entretanto, cabe destacar que esse ano a distribuidora passa pelo processo de revisão tarifária, o que pode tornar o papel um pouco mais volátil”, pondera Correa.
Também uma estreante na bolsa, o IPO foi realizado em julho de 2011, a Technos (TECN3) aposta na força das marcas para continuar em crescimento. A aquisição da Dumont ajudou nesse sentido e ampliou ainda mais o portfólio de produtos, que já conta com a Seiko, Mormaii, Mariner, Euro, Timex e Allora). “Outro ponto bem atrativo da empresa é sua ótima rede de distribuição, que é de grande vantagem na criação de novos produtos, o que garante plena capacidade e maior sinergia para a companhia. Como fator de risco, devido a empresa importar as peças de relógio e realizar a montagem em Manaus, a maior desvalorização do Real frente ao Dólar pode vir a pressionar o seus custos”, afirma Correa.
Em seu novo plano estratégico entre 2025 e 2029, a Petrobras anunciou um investimento de US$ 2,2 bilhões na produção de etanol, marcando sua volta ao setor após anos de ausência; petroleira também estaria conversando com Inpasa e BP