3 ações que saíram da UTI e 1 que foi para emergência
Enquanto B2W, Hypermarcas e Fibria ressuscitaram na bolsa, Eletropaulo agoniza
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2012 às 05h00.
São Paulo - Lanterninhas do Ibovespa em 2011, B2W, Hypermarcas e Fibria acertaram suas estratégias de negócio para 2012 e terminam o ano entre as ações com as maiores altas do índice. A história de reviravolta também aconteceu com a AES Eletropaulo, mas de forma inversa e a empresa saltou da lista das empresas com melhor desempenho no ano passado, para ocupar terceiro lugar entre maiores baixas de 2012. Confira o que motivou as trocas de lugares.
Hypermarcas
Dona do primeiro lugar das ações com maiores altas em 2012 – a valorização acumulada já é de 85% -, a história da Hypermarcas ( HYPE3 ) em 2011 foi completamente oposta. A empresa fechou o ano passado com queda de 62,1%, a quarta maior desvalorização entre os papéis do Ibovespa.
A empresa conseguiu inverter o sinal e se tornar a maior alta do ano com uma mudança em sua estratégia de negócios, passando a se concentrar em produtos farmacêuticos e cosméticos. A demanda por ações da empresa aumentou diante da venda de 445 milhões de reais em ativos de limpeza e alimentos.
A mudança, que se provou acertada, baseou-se no comportamento de consumo das famílias brasileiras, que segundo dados da empresa de pesquisas Euromonitor International, gastaram 43 bilhões de dólares em produtos para cuidados pessoais e de beleza em 2011, o que faz do Brasil o terceiro maior mercado do mundo nesse setor.
Resultados
Após prejuízo de quase 30 milhões de reais no segundo trimestre de 2012, a Hypermarcas apresentou lucro de 64,8 milhões de reais no terceiro trimestre – em 2011, o prejuízo foi de 190,5 milhões de reais. Como esperado, foram os segmentos de farmácia e beleza que puxaram os resultados para cima. A receita líquida da divisão farma cresceu 39,4% para 530,6 milhões de reais.
B2W
Administradora dos sites Submarino, Shoptime.com e Americanas.com, a B2W ( BTOW3 ) é a protagonista de uma das maiores reviravoltas vistas no Ibovespa. Depois de ser a ação com a maior baixa de 2011, com queda acumulada de 71,1%, a empresa vai encerrar 2012 com valorização de 80%, atrás apenas da Hypermarcas no ranking de maiores altas.
A volta por cima teve início quando a controladora da empresa demonstrou confiança de que as coisas poderiam melhorar e começou a comprar ações da B2W. O investimento parece ter sido acertado. A partir de 20 de setembro a direção na bolsa mudou e as ações não pararam mais de subir. A recomendação de compra feita pelo Bank of America Merril Lynch também impulsionou a subida dos papéis.
Outro ponto bastante festejado foi a vertiginosa queda nos índices de reclamações. As queixas enviadas ao Procon de São Paulo, por exemplo, caíram pela metade. Em 2011, os atrasos nas entregas levaram o Procon a suspender suas vendas e suas ações a terem as maiores perdas entre as principais varejistas online do mundo.
Segundo o Itaú BBA, a maioria dos problemas operacionais da B2W já está superada, e o crescimento provavelmente deve se acelerar, mesmo que lentamente, já que com sistemas melhores e mais centros de distribuição, as entregas não deverão mais constituir um obstáculo ao crescimento.
No entanto, o banco acredita que a lenta recuperação aliada à necessidade de grandes investimentos (cerca de 1 bilhão de reais nos próximso 3 anos) não permitirá que a companhia consiga gerar fluxo de caixa livre antes de 2019.
Fibria
A maior produtora de celulosa de eucalipto do mundo protagonizou mais um dos casos de reviravolta de um ano para o outro. Após terminar 2011 com desvalorização acumulada de 46,4%, a empresa encerra 2012 entre as maiores altas do Ibovespa, com 65,32% de valorização.
As ações da empresa tiveram sua subida impulsionada pelo aumento dos preços de celulose no segundo e no terceiro trimestres. A Fibria ( FIBR3 ) apresentou, no entanto, um dos maiores prejuízos entre as empresas brasileiras em seu último balanço - na soma de 212 milhões de reais.
No começo de novembro, vendo uma valorização adicional com potencial limitado, o Santander revisou sua recomendação para as ações da empresa de manutenção para abaixo da média do mercado. O banco destacou a falta de catalisadores positivos à Fibria:
“Após a venda de ativos já terem sido concretizadas, a empresa continua com nível de endividamento alto, e acreditamos que qualquer potencial de valorização adicional seja dependente de fatores exógenos, como alta do câmbio ou do preço da celulose, os quais consideramos improváveis no médio prazo”, dizia o relatório.
Contrariando as projeções do banco, o dólar subiu por quatro semanas consecutivas em novembro e a Fibria continuou subindo na bolsa. Em análises feitas pelos analistas do Bank Of America Merrill Lynch, a empresa aparece no topo da lista das ações mais beneficiadas pela depreciação do real – as ações tiveram alta de mais de 10% em relação ao Ibovespa.
Eletropaulo
A distribuidora de energia elétrica terminou 2011 na lista das 10 ações do Ibovespa com maior alta, em 5º lugar, com valorização acumulada de 41,1%. Um ano depois, a elétrica tem a 4ª maior baixa entre as ações do índice. Os papéis acumulam queda de 59,30%.
Foram dois os motivos que levaram a essa reviravolta negativa para os papéis da AES Eletropaulo ( ELPL4 ): resultados decepcionantes no terceiro trimestre e a as novas regras de renovação das concessões do setor de energia elétrica .
A empresa apresentou lucro líquido de 13,7 milhões de reais no terceiro trimestre de 2012, 96,1% menor ao mesmo período de 2011. A geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de impostos, amortizações e depreciações) também apresentou forte redução no trimestre, de 83,1%. Os resultados ruins se devem principalmente ao impacto da revisão tarifária, feita em julho. As tarifas foram reduzidas em 2,26% a partir do início do terceiro trimestre.
Ao corte nas tarifas, seguiu-se o anúncio do programa de redução dos custos de energia da presidente Dilma Rousseff. Desde o primeiro anúncio das novas regras para a renovação das concessões as ações já começaram a cair, mas foi quando o governo publicou que iria pagar menos do que o esperado de amortização para as usinas no processo de renovação que os papéis da Eletropaulo despencaram.