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Ibovespa interrompe 3 altas seguidas e cai puxado por bancos e Vale

Piora das bolsas americanas com notícia de fechamento de escolas em NY acentua movimento negativo do índice

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

PB

Paula Barra

Publicado em 18 de novembro de 2020 às 09h13.

Última atualização em 18 de novembro de 2020 às 18h34.

Com piora das bolsas americanas, o Ibovespa ampliou queda e recuou 1,05% nesta quarta-feira, 11, aos 106.119,09 pontos em meio à realização de lucros de papéis de peso no índice e com notícias de que as escolas de Nova York serão fechadas a partir de amanhã. O avanço das infecções por lá apaga o otimismo visto mais cedo nos mercados internacionais depois de progressos em vacinas contra o coronavírus CoronaVac e Pfizer. Com o movimento, o benchmark da bolsa brasileira quebra uma sequência de três altas. Em pontos, os papéis de Itaú, Bradesco, Ambev e Vale apareciam como as maiores contribuições negativas para o índice.

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Investidores aproveitam para vender ações que se valorizaram forte nos últimos dias. Essa também é a primeira sessão negativa para os papéis dos bancos, Ambev e Vale depois de três pregões seguidos de alta. Ontem, os papéis da mineradora renovaram novo recorde histórico de fechamento na Bolsa.

Para Alvaro Bandeira, sócio e economista-chefe do banco digital modalmais, a queda do índice poderia ser ainda mais acentuada. “O Ibovespa estava em um mini rali em que subiu direto dos 93.500 pontos até o patamar registrado ontem acima dos 107.000 pontos. Diante de tudo isso, a realização atual ainda é tímida”, afirma.

Bandeira ressalta ainda que existe crescente um movimento de dúvida no mercado financeiro que causa volatilidade. “As maiores preocupações estão relacionadas com o quadro fiscal, a indefinição sobre o tratamento da dívida brasileira e a falta de votações importantes no Congresso. A falta de uma tendência clara joga o Ibovespa na volatilidade”, argumenta.

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Nos EUA, as bolsas mostraram deterioração no fim da tarde depois da notícia de que a cidade de Nova York decidiu voltar a fechar escolas públicas a partir desta quinta-feira, 19, para conter a disseminação do coronavírus, em um contexto de recordes de casos diários nos Estados Unidos e dos altos números de contaminados na Europa. O número de mortes por Covid-19 nos EUA se aproximou de 250 mil nesta quarta-feira, um dia depois de o país registrar o maior número de vítimas em quase quatro meses.

Os três principais índices americanos intensificaram queda no última hora de pregão. Dow Jones fechou em baixa de -0,44%, S&P 500 em queda de -0,41% e Nasdaq com -0,01%.

Câmbio

O movimento influenciou a valorização do dólar frente ao real. Após passar o dia em queda, a moeda americana encerrou o dia em variação positiva de 0,07%, a 5,33 reais na venda, longe da mínima do dia, de 5,27 reais (-1,11%), atingida no fim da manhã. Na máxima, alcançada pouco antes das 16h30, a cotação foi a 5,34 reais, alta de 0,29%.

Mais cedo, o dólar caia reagindo aos sinais de que o Banco Central vai prover solução para a compra de mais de 15 bilhões de dólares dos bancos para fins de overhedge e com a entrada de recursos para a Bolsa e com algumas captações, como de Suzano, de 500 milhões de dólares. No início da tarde de hoje, o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, declarou que a autoridade monetária vai atuar caso o mercado não tenha como absorver a demanda por dólares.

Bolsas europeias

As bolsas europeias fecharam antes da virada de humor nos mercados americanos e seguiram com números positivos. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em alta de 0,44%, enquanto o índice índice FTSEurofirst 300 subiu 0,41%. O DAX, da Alemanha, marcou ganhos de 0,52%, e o FTSE MIB, da Itália, avançava 0,87%.

Além das perspectivas de uma nova vacina, os mercados europeus reagiram também a indicadores econômicos, com a divulgação da inflação da zona do euro nesta manhã. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) caiu 0,3% em outubro frente ao mesmo mês do ano passado. O número deixa a inflação anual da zona do euro ainda mais distante da meta do Banco Central Europeu (BCE), de uma taxa abaixo de 2%, reforçando expectativas de manutenção dos estímulos monetários na região.

No cenário doméstico: rating, inflação

Por aqui, a Fitch reiterou o rating do Brasil em BB-, com perspectiva negativa. Segundo a agência de classificação de risco, “a perspectiva negativa reflete a severa deterioração do déficit fiscal do Brasil e da carga da dívida pública durante 2020”. Além disso, citou incerteza quanto às perspectivas fiscal, incluindo a sustentabilidade do teto de gastos.

Entre os indicadores econômicos, o IGP-M registrou alta de 3,05% na segunda prévia de novembro, acima do esperado pelo mercado, influenciado pela alta forte das commodities no exterior.

Nesta manhã, a B3 informou que terá pregão em feriados municipais a partir de 2022. Segundo a Bolsa, a decisão alinha o funcionamento da B3 ao das principais bolsas de valores mundiais, com fechamento apenas em feriados nacionais. Com a decisão, em 2022, haverá pregão em 25 de janeiro; os feriados de 9 de julho e 20 de novembro cairão no fim de semana. Em 2021, nada muda e pregão estará fechado nos feriados municipais de São Paulo.

Ganhos no horizonte

O banco Morgan Stanley projeta que o Ibovespa encerre o ano de 2021 a 120.000 pontos, sugerindo potencial de alta de 12% em relação ao fechamento de terça-feira. As ações brasileiras devem se beneficiar de um cenário de crescimento econômico acelerado, juro baixo e continuidade da flexibilização de medidas de distanciamento social no país, disseram estrategistas liderados por Guilherme Paiva, em relatório de 17 de novembro.

No Brasil, o grupo ASA Investments projeta o Ibovespa a 120.000 pontos já no início do ano que vem. Na análise de Marcio Fontes, gestor do ASA Hedge e diretor de investimentos da ASA Asset, o Ibovespa tem potencial de apreciação de 10% a 15% até o fim de 2020. "A bolsa acabou de dar uma espichada enorme para 106 mil pontos. Não dá para descartar [a continuidade do crescimento] agora, dada a magnitude do movimento", diz em comunicado divulgado nesta quarta-feira, 18.

Quanto aos índices estrangeiros, o Credit Suisse aposta em alta de 12% para S&P 500 até o final de 2021, chegando aos 4.050 pontos. O banco tem posição overweight no setor de tecnologia, finanças e ações de saúde, ao mesmo tempo que se mantém neutro em segmentos cíclicos. Já para os não cíclicos, a posição é underweight.

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