Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 15 de março de 2021 às 09h35.
Última atualização em 15 de março de 2021 às 17h47.
Quadro geral do dia:
O Ibovespa ampliou alta nesta tarde, fechando em 114.850 pontos, perto da máxima do dia (em 114.903 pontos), acompanhando os principais índices acionários dos Estados Unidos. Por lá, as bolsas subiram com os investidores otimistas com a reabertura da economia do país e à espera da reunião do Federal Open Market Committee (Fomc), entre os dias 16 e 17. O Dow Jones subiu 0,5%, na sua sétima alta seguida, e voltou a renovar recorde histórico
A reunião deste mês ocorrerá nas mesmas datas do Comitê de Política Monetária (Copom), em uma clássica "super quarta" nos mercados.
Nos EUA, os investidores aguardam que o Fed atualize os números da economia americana, com projeções melhores para o crescimento, em meio ao ritmo de vacinação no país e aprovação do pacote fiscal de 1,9 trilhão de dólares na semana passada.
Mais cedo, o índice brasileiro mostrou forte volatilidade, em meio ao vencimento de opções sobre ações na B3, que seguiu até às 13h.
"O Ibovespa apresenta um comportamento errático. Nesse contexto, as ações que mais se valorizam são as que apresentam volatilidade e as que estiveram descontadas ao longo da pandemia”, afirma Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos.
Entre as maiores altas do pregão estiveram os papéis de Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4), que avançaram em torno de 4% e 6%. Essas ações acompanharam também a valorização das companhias aéreas americanas, impulsionadas por expectativas de uma recuperação mais rápida da economia dos EUA. Destaque hoje também para Copel (CPLE6), com alta de 7,3%, liderando os ganhos de Ibovespa.
A companhia de energia paranaense anunciou na sexta-feira à noite que foi aprovada a proposta de reforma de seu estatuto social, que prevê, entre as mudanças, a adesão ao nível 2 de governança corporativa da B3 e o desdobramento de uma ação para dez.
Entre as baixas, destaque para CSN (CSNA3), que liderou as perdas do índice, com queda de quase 5%, diante da desvalorização dos preços do minério de ferro. O recuo da commodity pressionou ainda a Vale (VALE3), que caiu 0,6%.
O mercado seguiu atento também ao avanço da pandemia no Brasil e ao cenário de indefinição no Ministério da Saúde. Foram 1.111 mortes por covid-19 e 43.781 casos da doença neste domingo, 14. Pelo 16º dia consecutivo, o País teve recorde de média móvel de mortes, chegando a 1832.
Em meio ao momento mais grave da pandemia no Brasil, evoluem as conversas sobre a substituição do general Eduardo Pazuello como ministro da Saúde e o futuro do comandante da pasta permanece incerto.
Nesta segunda-feira também foi promulgada a PEC Emergencial, medida que abre caminho para a liberação do auxílio emergencial. A PEC foi bem recebida pelo mercado porque preserva o teto de gastos mantendo os gatilhos fiscais, mas seus benefícios já estavam precificados.
Hoje também ocorreu a mudança nos horários de funcionamento das bolsas em Nova York, das 10h30 às 17h, e B3, das 10h às 17h. As mudanças seguem o horário de verão nos Estados Unidos, que diminui a diferença de fuso de Nova York para São Paulo para apenas uma hora. O mercado de futuros continua com a abertura às 9h.
O dólar fechou com alta de 1,43%, cotado em 5,63 reais, perto da máxima do dia (em 5,65 reais), mesmo após duas intervenções do Banco Central. A primeira, pela manhã, com uma oferta extra de swap cambial, com venda de 10.000 contratos (500 milhões de dólares); e a segunda, um leilão de dólar à vista de cerca de 1,06 bilhão de dólares, que foi anunciado nesta tarde após moeda atingir os 5,65 reais.
"O mercado de câmbio tem um dia bem atípico. Estamos entrando em uma semana um pouco tensa, com reunião do Copom e Fed. Os participantes estão relutantes em vender dólar antes de ver qual será a decisão do BC na quarta-feira. O mercado segue apostando em uma alta mais acentuada da Selic. Tem muita gente apostando em uma alta maior até que 0,5 ponto percentual", comenta Sérgio Zanini, sócio e gestor da Galapagos Capital.
Além disso, ele aponta que uma operação grande de venda de dólar no exterior também pode ter puxado a moeda hoje. "Parece que teve uma operação de venda muito grande de dólar no exterior que não foi rolada. Hoje, ocorre o vencimento de contratos futuros de moedas nos EUA. Como não foi feita a rolagem, isso resultou em uma compra de dólar direcional. Fala-se de uma operação de dois bilhões de dólares, o que deixou o mercado 'furado' em mais de 500 milhões de dólares [mesmo com as duas ações do BC]", explicou.
As incertezas do mercado doméstico -- com pandemia e saída de Pazuello -- também contribuem para o movimento. “A percepção de risco de investimento no Brasil ficou muito elevada com o aumento das internações, os picos de mortes e as recentes restrições. É um sinal de que a economia deve demorar mais para se recuperar”, destaca Messem.
Mercados de todo o mundo estão à espera da decisão monetária do Fed nesta semana, que deve manter a taxa de juros no intervalo vigente entre zero e 0,25 ponto percentual. A expectativa maior é pela conferência de imprensa que o presidente do Fed, Jerome Powell, vai conceder meia hora depois da divulgação da decisão, às 15h30 de Brasília na quarta-feira.
Por aqui, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) também se reúne para definir a política monetária do país. A reunião será dividida entre terça e quarta, dias 16 e 17 -- mesma data em que se reúne o Fed.
A maioria das apostas de analistas é a de um aumento de 0,50 ponto percentual pelo Copom, levando a Selic para 2,5% ao ano, mas há projeções para 2,25% e até 2,75%, diante do aumento das expectativas de inflação e da deterioração do cenário tanto do ponto de vista político como fiscal. Haverá também atenção ao comunicado divulgado com a decisão.
As projeções de analistas de mercado para o cenário de inflação para o ano sofreram uma alta expressiva, passando de 3,98% para 4,60% segundo o boletim Focus divulgado nesta manhã. Para 2022, a expectativa se manteve em 3,50%.
Nesta segunda-feira, o Banco Central divulgou o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma das prévias do PIB. Em janeiro, o IBC-Br subiu 1,04%, resultado bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters, de avanço de 0,40%.
Na comparação com janeiro de 2020, o IBC-Br registrou queda de 0,46% e, no acumulado em 12 meses, teve recuo de 4,04%, segundo números observados.
Apesar dos números positivos, Messem destaca que o cenário atual de descontrole da pandemia irá se refletir sobre os próximos resultados do IBC-Br. “Não há garantia de que os dados positivos se sustentem diante de um novo lockdown”, afirma.