Sede da ONU em Nova York: entidade aponta que 114 milhões de postos de trabalho foram perdidos durante a pandemia e há risco de aumento na desigualdade (Carlo Allegri/Reuters)
Rodrigo Caetano
Publicado em 25 de março de 2021 às 06h00.
Última atualização em 13 de abril de 2021 às 17h29.
A Organização das Nações Unidas (ONU) lança nesta quinta-feira o relatório Financing For Sustainable Development, documento produzido por uma força-tarefa interna cujo objetivo é dar as diretrizes para o financiamento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Será o segundo relatórios do tipo publicado durante a pandemia.
O documento trará detalhes sobre os efeitos sociais e econômicos após um ano de pandemia. A parada do comércio global e a crise econômica decorrente prejudicou o desenvolvimento dos ODS. “A economia global vivenciou a pior recessão em 90 anos, com os segmentos da sociedade mais vulneráveis sendo afetados desproporcionalmente”, aponta o rascunho do relatório, que já foi divulgado. “Entre 80 a 90 milhões de pessoas voltaram para a extrema pobreza.”
A preocupação com a forma como se dará a recuperação econômica pós-covid tem sido um tema recorrente este ano. No Fórum Econômico Mundial, realizado virtualmente em janeiro, teve como tema principal a retomada verde, em que os esforços de investimento para os próximos anos estariam concentrados em áreas que promovem a transição para uma economia de baixo carbono, em especial o setor de energias limpas.
Em seu relatório de riscos globais, divulgado anualmente, o Fórum aponta que a pandemia está criando uma “geração desiludida”. “Jovens adultos estão enfrentando a sua segunda crise econômica mundial”, aponta o documento. “Já expostos à degradação ambiental, às consequências da crise financeira, aumento da desigualdade e rupturas geradas pela transformação industrial, essa geração enfrenta sérios desafios de educação, perspectiva financeira e saúde mental.”
A ONU ainda aponta que 114 milhões de postos de trabalho foram perdidos durante a pandemia, apesar de planos de incentivos fiscais que chegaram a 14 bilhões de dólares, ainda que mal distribuídos. “Há um grande perigo de um mundo ainda mais dividido, com um grupo de países se recuperando apoiado por medidas de estímulo, e muitos outros se afundando em um ciclo de pobreza, fome e austeridade insustentável”, diz a entidade. “Evitar esse cenário precisa ser a prioridade dos esforços de recuperação global.”