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Conheça Cathie Wood, a badalada gestora americana que investe em inovação

CEO e CIO da Ark Investment conseguiu um feito raro de mulheres no mercado: ser considerada uma gestora influente e visionária. Ela antecipou a explosão das ações da Tesla em 2018

O ETF Ark Innovation (ARKK) registra valorização de 175% nos últimos 12 meses, impulsionado pela valorização das ações da Tesla (Alex Flynn/Bloomberg)

Marília Almeida

Publicado em 9 de maio de 2021 às 08h00.

Última atualização em 9 de maio de 2021 às 20h49.

Imagine aplicar em um fundo de empresas que podem dar muito certo, mas no futuro? Essa é a estratégia da badalada gestora americana Cathie Wood.

Chamada de "Rainha dos Investimentos" e "Mamãe Cathie" por sua legião de fãs, a americana de 65 anos é a fundadora, CEO e CIO da gestora de investimentos global ARK. Fundada por ela há sete anos, a instituição financeira tem sede em Nova York e mais de 10 bilhões de dólares sob gestão. O seu principal ETF entrega um retorno médio de 40% há cinco anos.

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O foco de Wood e o da sua gestora é uma estratégia temática: aplicar em negócios que incluem inovações tecnológicas e devem provocar uma disrupção em diversos setores da economia.

A ARK investe em empresas de setores como robótica e direção autônoma, tratamentos genômicos, big data, inteligência artificial, computação em nuvem, fintechs, exploração do espaço, mobilidade as a service, impressão 3D e, mais recentemente, criptoativos.

Há pouco mais de três anos, uma aposta alta na Tesla colocou a gestora sob holofotes. Em fevereiro de 2018, quando a ação da empresa de carros elétricos e autônomos de Elon Musk custava 70 dólares, Wood disse esperar que pudesse chegar a 4.000 dólares em cinco anos. No pior cenário, ficaria em 700 dólares. O papel vale atualmente 672 dólares e chegou ao recorde de fechamento de 883 dólares no fim de janeiro.

Apesar de seu principal fundo, o ETF Ark Innovation ( ARKK ) ter sofrido recentemente (em 31 de março registrava queda de 3,6% no ano), ainda valoriza 175% nos últimos 12 meses.

Nas principais posições do fundo, no fim de março, figuravam a Tesla (11%) e a plataforma de telemedicina Teladoc (6,37%). A carteira ainda incluía nomes como Spotify (3,49%), Zoom (3,48%) e Coinbase (2,77%). Para Wood, a pandemia acelerou o crescimento de sua gestora porque seus fundos investem basicamente em empresas que solucionam problemas.

Tese de investimento

A gestora acredita que, no longo prazo, o retorno de sua alocação fique bem acima de índices relacionados e tenha baixa correlação com a rentabilidade de estratégias tradicionais. Parece uma estratégia arriscada, mas depende do ponto de vista. Para Wood, é um risco continuar a investir em empresas tradicionais quando existem tantas inovações sendo testadas e desenvolvidas, que podem modificar economias inteiras.

A análise dos ativos da ARK é baseada no modelo top-down, que analisa a situação macroeconômica; e bottom-up, que consiste em selecionar ações com base em seu valor e risco, criando um valuation próprio para os próximos cinco anos, período mínimo de manutenção dos papéis. A preferência é por aquelas que têm um alto potencial de crescimento, de 15% ao ano.

As pesquisas feitas por ela e seus analistas são distribuidas nas redes sociais, diferentemente das gestoras tradicionais. Para criar esses modelos de análise, a ARK usa tecnologia e inputs externos, que incluem interações nas redes sociais feitas por criadores de conteúdo, geralmente líderes em seu segmento, e também pesquisas públicas. Para Wood, essa distribuição e transparência é em grande parte a responsável pelo sucesso da casa.

Perfil

Formada em Ciência, Economia e Finanças na Universidade do Sul da Califórnia (USC), Wood começou sua carreira como economista-assistente no Capital Group e depois trabalhou como gestora e diretora de investimentos até fundar a ARK. São 40 anos de experiência na área financeira. Mãe, se define nas redes sociais como uma advogada das mulheres.

Ao longo da carreira, Wood analisava ações que "ninguém queria", como empresas de tecnologia wireless. Segundo ela contou em depoimentos, os papéis não eram atrativos para analistas ou porque pertenciam a empresas muito pequenas ou porque não se enquadravam nos portfólios tradicionais. Ao longo do tempo, acompanhando a evolução de empresas como as deste segmento, Wood resolveu apostar na inovação como uma forma, segundo ela, de dar um upside em um portfólio de investimentos.

Historicamente muitos investidores optam por investir em startups por meio de fundos de private equity, enquanto os mercados abertos, na visão de Wood, se tornaram muito passivos. Por causa disso, ela acredita que o valor de empresas inovadoras de capital aberto é ineficiente, e daí vem a sua preferência por ETFs ativos.

Sem esquecer da pressão do mercado por ESG, ela defende que seu processo de investimento é sustentável, já que as empresas que inclui na carteira de seus fundos podem resolver grandes problemas humanitários.

Fãs, mas também críticos

Há quem diga que Wood personifica a especulação das empresas de tecnologia nos últimos anos. Quem duvida de sua estratégia acreditando que as ações de tecnologia estão sobrevalorizadas aponta que seu sucesso no último ano é um mix de marketing e uma corrida de investidores por mais liquidez. Ou seja, não seria sustentável.

Wood nega uma eventual bolha no setor de tecnologia e reforça o objetivo de longo prazo de seu fundo.

Como investir

A estratégia da Ark é empacotada especialmente na forma de fundos de índice (ETFs), seis ativos e três passivos, distribuídos nos Estados Unidos e no Canadá. Em parceria com a gestora Nikko, suas estratégias tomam forma de fundos mútuos no Japão. Recentemente, a ARK também passou a distribuir fundos na Europa, Cingapura, Austrália e Nova Zelândia via UCITs.

Os fundos da Ark atualmente não são distribuídos no Brasil. Mas o investidor pode aplicar no fundo via corretoras americanas ou plataformas que têm foco em atender o investidor brasileiro.

No Brasil, um fundo que guarda alguma semelhança aos distribuídos pela ARK é o Constellation Inovação FIA BDR Nível, gerido por Florian Bartunek, diz Juliana Machado, especialista em fundos da EXAME Invest Pro.

"A gestora é conhecida por ter investido na Tesla quando muitos achavam o negócio duvidoso. E talvez o negócio realmente seja duvidoso do ponto de vista tradicional. A questão é que a empresa está na liderança em termos de tecnologia e inovação. O tema é muito forte no mundo, mas é um debate que só temos feito no Brasil em relação às fintechs na bolsa.”

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