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Frigoríficos vs. techs: as 10 maiores altas e baixas da bolsa em setembro

Inter e varejistas digitais sofrem com alta na Selic; ganhos da PetroRio e perdas da Vale também são destaque

Painel de cotações da bolsa brasileira, a B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da bolsa brasileira, a B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

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Beatriz Quesada

Publicado em 30 de setembro de 2021 às 19h56.

Última atualização em 4 de outubro de 2021 às 14h25.

O mês de setembro foi o pior para a bolsa brasileira desde o grande choque causado pela covid-19. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, caiu 6,6% no acumulado mensal, registrando a pior queda desde março de 2020, quando afundou 29,9%.

Entre as 89 ações que compõem o índice, apenas 19 fecharam o mês em alta, segundo levantamento da plataforma de informações financeiras Economatica feito a pedido da EXAME Invest.

As mais prejudicadas foram as ações ligadas à tecnologia. São empresas que precisam de investimento intensivo e acabam prejudicadas pela elevação na taxa de juro, que subiu de 5,25% para 6,25% em setembro. Para os analistas, a alta ajuda a explicar porque Inter (BIDI11/BIDI4), Via (VIIA3), Americanas (AMER3) e Magazine Luiza (MGLU3) tiveram as maiores quedas do mês.

“Todas as ações ligadas à tecnologia tem seu valuation penalizado pela alta da taxa de juro. No caso das varejistas tech, porém, existe também o aspecto do financiamento. Com os juros mais caros, menos pessoas devem tomar empréstimos para comprar produtos como geladeiras, máquinas de lavar, que ainda são parte relevante do portfólio dessas empresas”, explica Larissa Quaresma, analista da Empiricus.

NomeCódigo

Retorno em setembro (em %)

Retorno em 2021 (em %)

1

Banco InterBIDI11

-31,18

42,25

2

Banco InterBIDI4

-28,56

43,08

3

ViaVIIA3

-25,79

-52,29

4

AmericanasAMER3

-25,24

-59,11

5

Magazine LuizaMGLU3

-21,38

-42,48

6

CieloCIEL3

-20,21

-41,74

7

Lojas AmericanasLAME4

-19,13

-55,28

8

DexcoDXCO3

-17,66

-9,22

9

CSNCSNA3

-17,58

-6,03

10

SantanderSANB11

-15,67

-17,25

*Fonte: Economatica

Quaresma destaca ainda que grande parte da receita das varejistas tech é gerada a partir de suas operações financeiras, que oferecem crédito aos clientes — o que torna as altas nos juros ainda mais prejudiciais aos negócios. 

Já no caso do Inter, o movimento é também de correção. Até o final de agosto, as units BIDI11 e as ações preferenciais BIDI4 acumulavam mais de 100% de alta no ano. E, mesmo com a correção do último mês, os papéis ainda sobem, mais de 40% no acumulado anual.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, lembra ainda que o mês foi difícil para o setor bancário e que o Inter acompanhou a baixa do setor, só que de forma mais acentuada por ser um banco digital. “Os bancos sofreram com a crise da Evergrande na China, mas foi um movimento exagerado. São ações que se beneficiam da alta dos juros e devem voltar a subir em breve”, afirma.

Frigoríficos disparando

As ações dos frigoríficos dominaram a ponta positiva do índice, com Marfrig (MRFG3), Minerva (BEEF3), JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3) registrando fortes altas. O setor é visto com bons olhos por analistas, que fazem boas projeções de receita enxergando que a demanda deve continuar forte na China, maior importadora de proteína animal do mundo.

Isso tudo num mês em que a China chegou a proibir a importação de carne do Brasil por caso de peste suína. “Pode parecer contraditório em um primeiro momento, mas as ações continuaram subindo porque os grandes frigoríficos brasileiros também têm operações no exterior e conseguiram, assim, manter as exportações”, argumenta Quaresma.

Os papéis aceleraram os ganhos nos últimos dias após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) autorizar a aquisição de ações da BRF (BRFS3) pela Marfrig (MRFG3), renovando o interesse dos investidores no setor. Além disso, relatórios recentes do Morgan Stanley e do Santander recomendaram a compra de Minerva e JBS.

NomeCódigo

Retorno em setembro (em %)

Retorno em 2021 (em %)

1

MarfrigMRFG3

33,36

90,44

2

PetroRioPRIO3

30,52

78,23

3

MinervaBEEF3

25

10,16

4

JBSJBSS3

18,93

67,16

5

BRFBRFS3

15,67

22,91

6

AssaíASAI3

13,27

-

7

WEGWEGE3

11,5

5,75

8

SabespSBSP3

6,75

-12,39

9

CopelCPLE6

6,43

7,06

10

EnevaENEV3

5,11

6,09

*Fonte: Economatica

Destaques de commodities: PetroRio e Vale

A PetroRio (PRIO3) subiu 30,52% em setembro e foi o destaque positivo do setor de commodities no mês. Os papéis se beneficiam das boas perspectivas para o petróleo, que deve se manter em patamares mais elevados, podendo chegar a 90 dólares por barril, segundo o Goldman Sachs.

Além disso, o papel ganha relevância diante das tentativas de interferência do governo na Petrobras (PETR3/PETR4). Com os preços dos combustíveis em alta, cresce a pressão do governo para que a estatal reveja sua política de preços, que segue parâmetros internacionais. Os movimentos cobraram seu preço nos papéis da petroleira, que subiram apenas de 1,08% e 0,15%, respectivamente, no mês setembro.

“A PetroRio é um caso emblemático. Como a estatal não parece segura para investir, as pessoas estão procurando alternativas no setor dentro do Brasil”, afirma Cruz.

No campo negativo, as ações da Vale (VALE3) foram destaque. Até maio, os papéis da mineradora subiam 30% no ano, mas viraram para tendência de queda conforme aumentaram as restrições na China. Por lá, o governo vem restringindo a produção de aço (e consequentemente a demanda por minério) como forma de minimizar os efeitos da poluição antes dos Jogos de Inverno de 2022. 

A situação foi agravada pelo superendividamento da Evergrande e pela crise energética no país, outros dois fatores que penalizaram a economia chinesa em setembro. O saldo foi uma queda de 14,71% para a Vale no mês. No ano, as ações sobem 2,55%.

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