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YouTube negocia com gravadoras para licenciar músicas feitas por IA, mas inspiradas em artistas

Sony, Warner e Universal estão interessadas na fatia de ouvintes de músicas artificiais, mas enfrentam resistência de compositores e músicos

YouTube vs. artistas: gravadoras querem antecipar o impacto da IA no setor musical (Sean Gallup/Getty Images)
André Lopes

Repórter

Publicado em 26 de junho de 2024 às 13h40.

Última atualização em 26 de junho de 2024 às 13h49.

O YouTube está em conversas com gravadoras para obter licenciamento de músicas destinadas a ferramentas de inteligência artificial (IA) que imitam canções de artistas populares. A plataforma de vídeos do Google busca oferecer pagamentos antecipados como forma de incentivo.

Quem vai vencer a guerra pela melhor IA?

Para lançar novas ferramentas de IA ainda neste ano, o YouTube precisa do conteúdo das gravadoras para treinar legalmente seus geradores de músicas, conforme relatado por fontes familiarizadas com o assunto. Recentemente, a empresa ofereceu quantias em dinheiro às grandes gravadoras Sony, Warner e Universal para persuadir mais artistas a permitirem o uso de suas músicas no treinamento desses softwares de IA.

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Entretanto, muitos artistas estão preocupados com a possibilidade de a geração de músicas por IA desvalorizar suas obras. A resistência a essa tecnologia é forte, e qualquer tentativa das gravadoras de forçar a participação dos artistas poderia gerar grande controvérsia.

No ano passado, o YouTube iniciou testes com uma ferramenta de IA chamada "Dream Track", que permite criar trechos curtos de músicas a partir de comandos de texto. A ferramenta foi desenvolvida para imitar o som e as letras de artistas famosos, mas apenas dez músicos, incluindo Charli XCX, Troye Sivan e John Legend, participaram da fase de testes, que foi limitada a um pequeno grupo de criadores.

Conheça a sede do Google

As negociações do YouTube ocorrem em um momento em que empresas de IA, como a OpenAI, estão fechando acordos de licenciamento com grupos de mídia para treinar grandes modelos de linguagem, sistemas que alimentam produtos como o chatbot ChatGPT. Alguns desses acordos chegam a valer dezenas de milhões de dólares.

Os acordos em discussão no setor musical seriam diferentes, aplicando-se a um grupo seleto de artistas, e dependeriam das gravadoras incentivarem a participação de seus artistas. Portanto, os valores que o YouTube poderia pagar ainda não foram determinados.

Esses novos acordos se assemelhariam mais a pagamentos únicos de empresas de mídia social, como Meta ou Snap, por acesso a músicas, em vez de arranjos baseados em royalties como os feitos com Spotify ou Apple.

A nova ferramenta de IA do YouTube, que provavelmente não utilizará a marca Dream Track, pode integrar a plataforma YouTube Shorts, concorrente do TikTok. As negociações estão em andamento e os termos dos acordos ainda podem mudar.

O movimento do YouTube acontece enquanto gravadoras processam duas startups de IA, Suno e Udio, acusadas de usar gravações protegidas por direitos autorais para treinar seus modelos de IA. Um grupo da indústria musical busca até US$ 150 mil por obra infringida.

Depois de enfrentar a ameaça de extinção com o surgimento do Napster nos anos 2000, as empresas musicais estão tentando se antecipar às tecnologias disruptivas. As gravadoras desejam se envolver com produtos licenciados que utilizem IA para criar músicas a partir de seus direitos autorais e serem remuneradas por isso.

A Sony Music, que não participou da primeira fase do experimento de IA do YouTube, está em negociações para disponibilizar algumas de suas músicas para as novas ferramentas. Warner e Universal, cujos artistas participaram da fase de teste, também estão discutindo a expansão do produto com o YouTube.

Em abril, mais de 200 músicos, incluindo Billie Eilish e o espólio de Frank Sinatra, assinaram uma carta aberta alertando que a IA pode desvalorizar o trabalho dos artistas e impedir sua devida compensação.

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