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Você é você? Como essa unicórnio da Estônia usa IA para driblar deepfakes e outras falsificações

Enquanto o Brasil avança na adoção da nova carteira de identidade, o mercado de autenticação digital deve chegar em US$ 23,49 bilhões. Para o líder de produto da Veriff, Gabriel Barbabela, é preciso se antecipar aos cibercriminosos, com a inteligência artificial como principal aliada

Gabriel Barbabela: líder de produto da Veriff (Divulgação)
André Lopes

Repórter

Publicado em 6 de dezembro de 2024 às 11h50.

Última atualização em 9 de dezembro de 2024 às 19h58.

O setor de autenticação digital está em rápida expansão.Projeções indicam que o mercado global crescerá de US$ 13,19 bilhões em 2024 para US$ 23,49 bilhões até 2029, com uma taxa anual composta (CAGR) de 12,64%. Esse cenário reflete o aumento de investimentos em soluções de verificação de identidade, que deverão ultrapassar US$ 26 bilhões até o final da década.

No Brasil, o avanço da identidade digital é impulsionado pela Carteira de Identidade Nacional (CIN), que já abrange 10 milhões de pessoas, segundo dados de julho de 2024.O uso do CPF como identificador único e inovações como QR Codes também têm ajudado a reduzir fraudes. Nesse contexto, empresas como a Veriff, unicórnio da Estônia, o país mais digital do mundo, tem como especialização a autenticação online, e destaca-se por aglutinar diferentes dados para atestar que alguém é de fato quem diz ser.

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Em entrevista à EXAME, Gabriel Barbabela, líder de produto da Veriff, defende que a chave para enfrentar desafios como fraudes cibernéticas é adotar uma abordagem multicamadas.“É preciso analisar milhares de parâmetros — o rosto, o documento, o dispositivo, a rede e até o comportamento do usuário no sistema”, explica ele. A inteligência artificial nesse momento vira trunfo para os dois lados — para aprimorar os ataques com deepfakes, por exemplo, e anula-los com o cruzamento de dados.

Além de dados globais, Barbabela destaca a importância de adaptações regionais, especialmente em mercados emergentes. No Brasil, a modernização da identidade digital tem ajudado a diminuir o impacto de fraudes, um problema historicamente grave no país. A tecnologia da Veriff se destaca ao oferecer verificações rápidas e seguras, reduzindo fricções para o usuário final.

Confira, abaixo, os principais trechos da conversa:

Qual é o cenário atual na disputa tecnológica entre ferramentas de segurança e recursos de fraudadores?
Sem dúvida, a inteligência artificial (IA) tem ganhado um espaço fundamental nesse embate. Por exemplo, usamos IA para processar dados e identificar padrões mais rapidamente que uma análise humana. Além disso, simulamos fraudes internamente para testar e aprimorar nossos sistemas. Hoje, conseguimos realizar verificações em média em seis segundos, mantendo altos padrões de qualidade. Contudo, os criminosos também se valem dela para adaptar suas incursadas, tanto em software quanto na engenharia social, se valendo de deepfakes, que falsificam imagens e voz, quanto automatizando interações.


Qual seria o estado da arte em verificação de identidade?
Biometria e análise comportamental continuam a evoluir, mas ainda precisam de camadas adicionais de segurança. Fraudadores podem manipular dispositivos, como roteadores, para alterar imagens faciais. Nesse contexto, integramos dados externos, como informações de bancos de dados vazados, e usamos inteligência artificial para identificar padrões específicos regionais. É preciso analisar milhares de parâmetros — o rosto, o documento, o dispositivo, a rede e até o comportamento do usuário no sistema. Por exemplo, no Brasil, analisamos até mesmo as particularidades relacionadas a tipos de aparelhos celulares para detectar possíveis fraudes.


Como vocês personalizam parâmetros de verificação para manter a conformidade global?
Coletamos mais de 2.000 pontos de dados durante a jornada de verificação do usuário. Com isso, conseguimos adequar as camadas de segurança conforme o nível de risco. Por exemplo, podemos requerer informações adicionais, como selfies ou vídeos, para garantir que uma pessoa é quem diz ser. A ideia é adaptar a solução ao contexto do usuário sem gerar um efeito desproporcional de atrito na experiência com os aplicativos.


As verificações de identidade podem evoluir para validações de humanidade?
Sim, essa é uma discussão interessante. Algumas iniciativas buscam criar provas de humanidade, independentes de identidades governamentais, utilizando tecnologias como blockchain. Embora esses sistemas sejam úteis em alguns casos, ainda dependemos de critérios de conformidade, especialmente em mercados regulados. Cerca de 56% dos brasileiros já preferem biometria a métodos como verificação em duas etapas.


As barreiras culturais e regionais afetam a adoção de sistemas de verificação?
Essas barreiras influenciam diretamente o design do produto. Oferecemos feedback em tempo real para guiar o usuário durante o processo de verificação, considerando variáveis como ângulo da câmera e iluminação. O objetivo é garantir a melhor experiência possível, mesmo para quem tem baixo letramento digital. Esses ajustes aumentam nossa taxa de aprovação para 95% em uma primeira tentativa.

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