Inteligência Artificial

Impacto ambiental da IA desafia expansão da tecnologia, alertam cientistas

Especialistas discutem a necessidade de políticas públicas para monitorar as emissões de carbono geradas pela IA

Inteligência Artificial: Desafios e soluções sustentáveis no consumo energético (Freepik)

Inteligência Artificial: Desafios e soluções sustentáveis no consumo energético (Freepik)

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 11 de outubro de 2024 às 22h15.

Última atualização em 14 de outubro de 2024 às 14h45.

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O impacto ambiental gerado pela demanda energética destinada à implementação e ao funcionamento dos sistemas de inteligência artificial (IA) é um dos principais desafios que devem ser superados para que esta tecnologia emergente possa impulsionar sua expansão, destacaram especialistas do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE) em entrevista à Agência EFE.

“A questão da sustentabilidade desses modelos é um grande desafio porque eles são muito caros, computacionalmente e em termos energéticos, e isso implica numa pegada de carbono muito grande. Então, a grande tendência é desenvolver modelos melhores e mais sustentáveis”, afirmou à EFE a professora de IA e robótica do Instituto de Computação da Unicamp e integrante do IEEE Esther Colombini.

De acordo com um estudo recente da startup de IA Hugging Face e da Universidade Carnegie Mellon, gerar uma única imagem usando um modelo de IA poderoso consome uma quantidade de energia capaz de carregar um smartphone por completo.

Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) destacou em uma publicação de agosto deste ano que as consultas ao ChatGPT consomen 10 vezes mais eletricidade do que uma pesquisa no Google devido à demanda energética dos centros de dados de IA.

Esses efeitos são sentidos também por gigantes tecnológicas americanas que, devido ao uso da tecnologia em ampla escala, reportaram aumentos substanciais de suas emissões de carbono. 

Enquanto o Google registrou um aumento de 50% em 2023 em comparação com 2019, a Microsoft teve um crescimento de 30% desde 2020.

Nesse sentido, Colombini, que falou sobre o assunto durante sua participação na 24ª edição do Futurecom, nesta semana, recordou que até pouco tempo atrás” a preocupação era apenas fazer esses modelos funcionarem. 

“Agora, é preciso avaliar como podemos diminuir o impacto deles”, acrescentou a pesquisadora, que também insistiu na importância da criação de políticas públicas para o monitoramento das pegadas de carbono de toda a cadeia.

Transparência e inteligência

Outro desafio com relação ao futuro da IA ressaltado pela especialista é a questão ética referente ao uso transparente da tecnologia e também os vieses sociopolíticos e culturais que as ferramentas reproduzem.

“Esses modelos de inteligência geram conhecimento a partir do que já está posto no mundo. Então, eles propagam vieses e problemas estruturais da sociedade (...) Existe toda uma discussão sobre o que efetivamente esses modelos sabem com relação ao que respondem”, ressaltou a pesquisadora do IEEE.

Segundo ela,  na maior parte dos casos, eles simplesmente repetem informações e palavras que consideram ser as mais relevantes dentro do contexto. Por isso, esses sistemas podem “alucinar” e gerar informações falsas.

“É preciso promover a educação das pessoas para que elas entendam como essas ferramentas que elas já tem em mãos podem efetivamente ser usadas e qual é o limite do que é efetivamente é inteligente nelas”, argumentou.

Gêmeos digitais, uma tendência sustentável

Outra tecnologia emergente que tem se destacado é a chamada Gêmeos Digitais, que promete revolucionar setores industriais, de eletroeletrônicos, agroindústria e saúde, com menos impactos ambientais.

Ela consiste em um representação virtual de um ambiente ou realidade, através de um software capaz de reproduzir e simular cenários reais com o objetivo de indicar soluções para empresas, negócios ou serviços.

A pesquisadora do IEEE Cristiane Pimentel explicou à EFE que os gêmeos digitais apresentam uma primeira fase, relacionada a uma simulação em ambiente 3D, e uma a segunda, que utiliza “tecnologias habilitadoras”, como  IA, computação em nuvem e 5G, para ganhar autonomia e permitir a coleta de dados concretos em tempo real. 

“Existe uma grande discussão sobre até onde vai o desenvolvimento da IA com o impacto em crédito de carbono. Mas, com relação ao gêmeo digital, é possível avançar na fase um sem ter necessariamente um impacto. Pelo contrário, você vai ter retribuições positivas com relação a consumo e eficiência, por exemplo”, ressaltou a professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Além disso, Pimentel destacou que existem estudos globais para a aplicação do gêmeo digital no combate aos efeitos da crise climática, incluindo a colocação de sensores em satétilites para monitoramente meteorológico e a implementação de melhorias na produção de alimentos. 

Um reconhecimento à ciência

Além dos avanços tecnológicos e desafios apresentados pelos especialistas do IEEE durante o evento, a instituição também aproveitou o Futurecom para promover seu prestigioso prêmio internacional, Medalha de Honra, que em 2025 passará de US$ 50.000 para US$ 2 milhões.

Em comunicado remitido à EFE, o  Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos destacou que o aumento do valor do prêmio tem como objetivo “elevar o reconhecimento de indivíduos extraordinários e do trabalho que eles fizeram para beneficiar a humanidade”.

Em 2025, a Medalha de Honra do IEEE será concedida a uma pessoa ou a uma equipe de até 3 integrantes. A contribuição cientifíca vencedora será anunciada durante uma coletiva de imprensa em Nova York, nos Estados Unidos, no primeiro trimestre de 2025.

Desde 1917, o IEEE reconhece através desta premiação inovações e avanços como a criação da Internet; o desenvolvimento de dispositivos como tomografia computadorizada, ressonância magnética e o marca-passo, entre outros.

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