Funcionários públicos terão que usar IA? Novo centro quer acelerar adoção na gestão estadual de SP

O Centro de Ciência de Dados para Estatísticas Públicas (CCDEP), que foi inaugurado em 13 de março, quer propor um novo desafio para a gestão pública: modernizar o uso de dados utilizando bancos coletados em todo o estado de São Paulo. Orquestrando a nova estratégia, estará o aprendizado de máquina e a inteligência artificial.

A nova unidade, sediada na Fundação Seade, na Cidade Universitária de São Paulo, conta com financiamento da FAPESP dentro do programa Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCD-SP).

A iniciativa pretende acelerar o uso de dados na formulação de políticas públicas, explorando novas fontes de informação e técnicas avançadas de análise. “O CCDEP surge da necessidade de lidar com um volume crescente de dados e das oportunidades geradas por novas ferramentas tecnológicas”, disse Bruno Caetano, diretor-executivo da Fundação Seade, durante o evento de lançamento.

Foco em cinco áreas de pesquisa

O centro trabalhará com cinco frentes principais de pesquisa:

• Atividade econômica: desenvolvimento de indicadores baseados em big data para monitoramento da economia estadual;
• Mercado de trabalho: análise de tendências ocupacionais e impactos de políticas públicas sobre emprego e renda;
• Mobilidade urbana: uso de dados de telefonia móvel e sensores urbanos para mapear padrões de deslocamento;
• Demografia e segurança: estudos sobre dinâmicas populacionais e sua relação com a segurança pública;
• Tecnologia e engenharia de dados: criação de novos métodos computacionais para processamento e integração de grandes bases de dados.

O CCDEP atuará em colaboração com pesquisadores da USP, Unesp e FGV, além de órgãos do governo estadual como a Casa Civil, Secretaria da Fazenda, CPTM e Metrô.

Para Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, o programa Centros de Ciência para o Desenvolvimento tem como objetivo aproximar pesquisadores e gestores públicos. “Sem dados de qualidade e abordagens modernas de análise, não é possível garantir eficiência na gestão e na formulação de políticas públicas ”, declarou.

A iniciativa também visa integrar novas fontes de dados, como registros administrativos e informações fiscais, às bases estatísticas tradicionais. Segundo Freire, a produção de estatísticas públicas precisa acompanhar a transformação digital. “Temos hoje um mundo onde tudo gera dados, e é fundamental saber lidar com essa nova realidade”, afirmou.

A expectativa é que, nos próximos cinco anos, o CCDEP se torne referência na análise estatística aplicada à gestão pública.