Inteligência Artificial

Após big techs investirem US$ 100 bilhões, mercado começa a questionar retorno da IA

Microsoft, Alphabet, Amazon e Meta reportaram um total de US$ 106 bilhões em gastos nos primeiros seis meses de 2024 em IA, destacando a aposta massiva em infraestrutura para inteligência artificial. Por quanto tempo os acionistas vão apoiar a gastança?

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 5 de agosto de 2024 às 11h02.

Última atualização em 5 de agosto de 2024 às 11h24.

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Empresas de big tech abriram a carteira em 2024 e aumentaram o gasto de capital em 50%, em comparação com o ano passado. Somadas, as maiores empresas da bolsa americana ultrapassaram o valor de US$ 100 bilhões em investimentos. O destino do dinheiro, sem surpresas, foi um só lugar: inteligência artificial.

Partindo da máxima de que investimento demais em uma área será sempre melhor do que pouco investimento, as nativas do Vale do Silício correram para construir a infraestrutura que suporta a IA e suas possibilidades. Um tipo de investimento que não se pagará tão cedo e torna as empresas de capital aberto em um perfil de investimento mais arriscado. Afinal, o ceticismo de Wall Street está mais forte do que nunca sobre tecnologias que ganham hype.

Para muitos, a IA tem um espaço reservado na mesma gaveta na qual estão guardadas as empolgações com blockchain, NFTs, 5G e tantas outras tecnologias emergentes embebidas na panaceia e se tornaram soluções para pequenos nichos.

A Meta, liderada por Mark Zuckerberg, prevê que os gastos de capital da empresa possam atingir US$ 40 bilhões este ano. "Neste ponto, prefiro arriscar construir capacidade antes que seja necessária, do que tarde demais", disse Zuckerberg em reunião com acionistas.

As previsões coletivas indicam que os investimentos relacionados à IA do big tech podem mais do que dobrar até o final do ano. Analistas do Dell’Oro Group agora esperam que até US$ 1 trilhão possa ser canalizado para infraestrutura, como centros de dados, dentro de cinco anos, mesmo que as empresas ainda não tenham convencido os investidores de que seus clientes estão preparados para gastar fortunas em produtos e serviços de IA.

Os últimos relatórios de ganhos do big tech colidiram com uma queda mais ampla no sentimento de Wall Street, com o Nasdaq entrando em correção na sexta-feira, 2, e se extendendo nesta segunda-feira, 5, com o derretimento da bolsa japonesa.

Somado os fatores ao redor de dados econômicos fracos nos EUA, indicando maior risco de recessão; aumento das taxas de juros no Japão; e tensões políticas crescentes no Oriente Médio, a IA ganha ainda mais pressão.

Além disso, investidores têm acompanhado de perto os movimentos da Berkshire Hathaway, de Warren Buffett. Nas últimas semanas, a Berkshire vendeu 50% de sua maior posição em ações da Apple e aumentou sua posição em caixa para US$ 277 bilhões, uma das maiores de sua história.

Como consequencia, ações de empresas de semicondutores, incluindo a Nvidia, principal fabricante de chips de IA, foram particularmente voláteis na última semana[/grifar], à medida que os investidores se tornaram mais sensíveis aos comentários do big tech sobre planos de gastos.

Investimentos e resultados contrastantes

Mesmo com as ações do Google, Microsoft e Amazon caindo imediatamente após seus relatórios de ganhos, executivos do big tech e amargando quedas de quase 10% nesta segunda-feira, 5, não há sinal de que elas vão retroceder do plano em IA e se voltar apenas para os negócios centrais. Zuckerberg estimou que a quantidade de poder computacional necessária para treinar seu próximo grande modelo de linguagem seria "quase 10 vezes mais" que a versão anterior, embora tenha admitido que levaria "anos" para que alguns dos recursos de IA, como o chatbot Meta AI, gerassem dinheiro "por conta própria".

Após a Alphabet, controladora do Google, relatar um aumento de 90% nos gastos de capital nos dois primeiros trimestres de 2024 para US$ 25 bilhões, a Microsoft respondeu com um aumento de 78% para US$ 33 bilhões.

Na quinta-feira, 1, a Amazon divulgou que os investimentos em propriedades e equipamentos durante o primeiro semestre do ano - incluindo gastos para sua vasta rede de comércio eletrônico e logística - saltaram 27% para US$ 32,5 bilhões.

A Amazon disse em um arquivamento subsequente que esperava que os gastos de capital aumentassem "significativamente" em 2024, com o CFO Brian Olsavsky indicando que a maior parte seria canalizada para nova infraestrutura em nuvem.

A demanda por serviços em nuvem aumentou à medida que as empresas experimentam serviços de IA generativa para automatizar processos e melhorar a produtividade, embora a maioria desses experimentos ainda não tenha sido colocada em produção total.

Enquanto isso, startups como OpenAI, Anthropic, xAI de Elon Musk e a francesa Mistral competem por recursos computacionais escassos para treinar modelos de linguagem cada vez mais avançados.

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