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Da Redação
Publicado em 27 de junho de 2014 às 19h38.
Genebra - Um total de 110 mil pessoas fugiram da Ucrânia para a Rússia, e outras 54,4 mil optaram por abandonar suas casas e seguir para outros pontos do país desde o começo de 2014, anunciou nesta sexta-feira o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
"O Acnur constatou um claro aumento dos deslocamentos na Ucrânia", declarou a porta-voz Melissa Fleming, durante uma entrevista coletiva em Genebra em que destacou que a minoria das pessoas que partiram para a vizinha Rússia entraram com um pedido oficial de asilo.
Em relação aos 54,4 mil refugiados internos, "12 mil são procedentes da Crimeia e o restante, de outras regiões do leste", assinalou.
Dos 110 mil que fugiram para a Rússia, apenas 9 mil entraram com um pedido oficial de asilo, acrescentou.
Segundo o Acnur, outras 700 pessoas partiram para Polônia, Belarus, República Tcheca e Romênia. "As pessoas dizem ter medo de sequestros, contou Melissa.
Em Washington, a porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, questionou a credibilidade das cifras, estimando que houve deslocamentos populacionais de um lado para o outro da fronteira.
"Não descarto a possibilidade de que milhares de pessoas tenham cruzado a fronteira de uma forma ou de outra. Mas essa ideia de que 100 mil ucranianos fugiram em massa pra a Rússia não é confiável", declarou.
Já a porta-voz do Acnur indicou que a maioria dos que cruzaram a fronteira são cidadãos de Donetsk e Lugansk (leste).
As Nações Unidas apontaram em 16 de junho a existência de 34 mil refugiados internos na Ucrânia, mas a ONU só pôde identificar, então, 19 mil.
A crise na Ucrânia começou com a rejeição do ex-presidente Viktor Yanukovytch à assinatura de um acordo comercial com a UE, preferindo se voltar para a Rússia, com o objetivo de obter ajuda econômica para a ex-república soviética, em recessão há mais de dois anos.
A decisão provocou uma onda de protestos dos manifestantes pró-Europa, crise que causou a destituição de Yanukovytch, um conflito com a Rússia, que anexou a Crimeia a seu território em março, e uma rebelião separatista pró-Rússia no leste do país.
O atual presidente ucraniano, Petro Poroshenko, acabou assinando nesta sexta-feira, em Bruxelas, o acordo comercial com a UE previsto para novembro passado.