"Startup de 215 anos", Banco do Brasil vê Drex como "segundo passo para a bancarização"
Marisa Reghini, vice-presidente de Negócios Digitais e Tecnologia do BB, destacou à EXAME potenciais casos de uso para o Drex
Repórter do Future of Money
Publicado em 16 de abril de 2024 às 15h03.
O Drex , projeto brasileiro para criar uma moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês), tem potencial para ser o "segundo passo para a bancarização" da população brasileira. É o que avalia Marisa Reghini, vice-presidente de Negócios Digitais e Tecnologia do Banco do Brasil , em uma entrevista à EXAME durante o Web Summit Rio 2024.
Reghini destaca que o Banco do Brasil tem buscado se posicionar como uma "startup de 215 anos", refletindo uma necessidade que as grandes instituições financeiras tem de "inovar todo dia". Na avaliação da executiva, o banco tem se posicionado "na vanguarda dos movimentos do mercado financeiro, com o Pix , o Open Finance e agora o Drex, participando desde o começo dos projetos e estando próximo a outros bancos e ao Banco Central".
Sobre o projeto de CBDC brasileira, ela avalia que a iniciativa "tem avançado muito bem", mas enfrenta desafios naturais a qualquer tecnologia, e processo, nova. "Tende a mudar conforme vai se desenvolvendo, mas estamos no caminho certo e no tempo necessário para desenvolver", comenta.
A vice-presidente do Banco do Brasil vê "muitas coisas positivas" em torno do Drex. Um dos destaques é na área de investimentos, onde há uma combinação de expansão da tokenização de ativos e união com o Open Finance que, segundo Reghini, tende a facilitar o acesso dos brasileiros a diferentes tipos de investimento.
Outra área destacada é o agronegócio, em que poderá ser possível "tokenizar o ativo do agro e aproveitar que esse setor está muito avançado em tecnologia. O Banco do Brasil é um banco do agro, então estamos atentos a isso". Uma terceira área citada pela executiva é a do mercado imobiliário, que ela avalia ter um potencial de impacto mais imediato, com uma "desintermediação de cartórios" e redução de burocracia.
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Apesar desse potencial, Reghini pontua que ainda não é possível saber quando o Drex será lançado no mercado, já que um cronograma mais claro dependerá dos resultados do piloto, que conta com o BB como um dos participantes e teve seu fim adiado para depois de maio de 2024 . Mesmo assim, o Banco do Brasil tem estudado possíveis casos de uso para "estar preparado quando a gente puder utilizar".
"O Drex tem aplicabilidade para pagamentos, políticas públicas, bancarização da população. Ele vai ajudar nesse processo, mas tem uma curva de aprendizado. Hoje, temos clientes do Brasil inteiro, de todas as faixas etárias, e 28 milhões utilizam os canais digitais, temos um esforço para levar os clientes aos canais digitais, porque é mais prático, mais fácil, e resulta em uma inclusão bancária muito importante", afirma Reghini.
A executiva vê a CBDC brasileira como um "segundo passo" nessa inclusão financeira, que precisará passar, primeiro, por um esforço de educação da população e compreensão sobre o funcionamento dessa nova tecnologia e seu potencial. "Passando isso, você tem potenciais grande, pode tokenizar salários das pessoas, por exemplo, e ao tokenizar já sabe quase de imediato o que está acontecendo, com ganhos em compliance e transparência", diz.
Enquanto isso, o Banco do Brasil busca se preparar para esse cenário com uma combinação de treinamentos internos e um programa de Corporate Venture Capital, "para investir em startups mas também trazer a expertise de inovação para dentro do banco, fazendo uma experimentação, uma troca de experiências".
Esse esforço vai além do Drex e envolve, também, a adoção da inteligência artificial, com a previsão da vice-presidente do Banco do Brasil de que o ano de 2024 servirá para "assentar os conhecimentos e ver o que vai fazer efetivamente com a tecnologia".
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