Corretoras nacionais de criptoativos são responsáveis por cerca de 40% do volume transacionado em 2021 (SOPA Images/Getty Images)
Apesar da falência da FTX, a segunda maior corretora de criptoativos do mundo, já ter gerado fortes impactos negativos em todo o setor, os investidores e empresas que compõem o mercado brasileiro podem ser menos afetados diretamente que em outros países.
Segundo Verônica Cardoso, gerente de projetos na LCA Consultores, a participação da FTX no mercado brasileiro era muito pequena, correspondendo a menos de 2%. Ao mesmo tempo, a parcela controlada por todas as empresas estrangeiras é de 32%. Desse total, a maior fatia é da Binance, a maior exchange do mundo.
Devido à participação pequena, os investidores brasileiros tinham pouco contato com a corretora, que agora não consegue mais retornar os depósitos de clientes. Por isso, ela acredita que o caso “deve ter menos impacto no mercado brasileiro, e portanto nas estimativas de crescimento para ele”.
Cardoso foi uma das responsáveis por um estudo realizado pela LCA Consultores e pela Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto) que buscou traçar um panorama do setor de criptoativos no Brasil.
De acordo com os dados, o Brasil teve cerca de R$ 317 bilhões em criptoativos movimentados. A maior parcela dessa movimentação, cerca de 40%, ocorreu em exchanges nacionais, enquanto 32% ocorreu em exchanges sem filial ou sede no Brasil e o restante em corretoras nacionalizadas ou sem intermediação.
Bernardo Srur, presidente da ABCripto, acredita que o número mostra “a importância que a criptoeconomia já tem no cenário nacional. Já é realidade, já começa a se tornar representativo e relevante, portanto é natural e necessário que a regulação avance para que possamos proteger a sociedade brasileira de ações como a da FTX”.
Ele acredita que existem hoje no Brasil investimentos que estão retidos à espera de uma regulamentação que “traga segurança para o setor”. Nesse sentido, um projeto que atenda às expectativas do mercado pode ser um “anabolizante” para a expansão dos criptoativos.
“O Brasil é um dos países mais avançados porque o projeto atual traz órgão regulador, prevenção à lavagem de dinheiro, e outros dispositivos, mas vai além, com elementos como segregação patrimonial. Um grande problema que a segregação visa a proteger é de casos como a FTX. Nesse cenário, o projeto está mais adaptado às realidades brasileiras”, diz Srur.
Para o presidente da ABCripto, é difícil saber se o crescimento do setor de criptoativos no Brasil e no mundo, na casa dos três dígitos últimos anos, vai se manter nesse patamar. Entretanto, ele aposta em uma “integração entre o mercado tradicional e o de cripto. A expansão da criptoeconomia vai continuar dentro dela e expandindo para outros setores da sociedade”.
Sobre a regulação do setor, Gustavo Madi, diretor da LCA Consultores, observa que há uma dificuldade nesse processo devido ao “caráter inovador e altamente disruptivo” dos criptoativos. Se referindo à quebra da FTX, ele lembra que “se nos setores tradicionais, que já sabe como funciona e são altamente regulados, vez ou outra acontece algo impactante, em um setor novo também vai acontecer”.
Para ele, a quebra da empresa traz um “risco de crise sistêmica” para os criptoativos, mas ele pondera que “as empresas ainda não estão tão amarradas por ser um setor novo. Faz parte do processo de amadurecimento do setor, e dá dicas tanto da importância de regular tanto do caminho que se busca”.
“É difícil calibrar projeções atualmente, mas a boa regulação é a que deixa o mercado se desenvolver pelas próprias forças evitando os riscos inerentes ao mercado. A regulação serve como entrave em um certo sentido porque não pode deixar o setor se expandir da forma como quer, mas serve como estímulo ao sinalizar para agentes que tem um jeito de funcionar que é previsível e controlável”, explica.
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