O fim da Terra LUNA e a capitulação do mercado: uma retrospectiva
Na sexta-feira, 13 de maio, o mercado havia perdido mais de US$ 500 bilhões em capitalização de mercado em decorrência do crash do ecossistema da Terra
Cointelegraph Brasil
Publicado em 20 de maio de 2022 às 10h30.
A semana mais turbulenta da história das criptomoedas terminou em uma sexta-feira 13, contabilizando US$ 500 bilhões a menos em capitalização de mercado. Na segunda-feira, 9 de maio, o TerraUSD (UST) – a stablecoin algorítmica do ecossistema Terra (LUNA) – perdeu definitavamente sua paridade com o dólar, tendo caído para cerca de US$ 0,95.
No dia seguinte, o UST seguiu perdendo valor enquanto a Luna Foundation Guard (LFG) continuava empregando capital em uma tentativa fútil de restaurar a paridade de 1:1 com o dólar. A Terra capitulou em 11 de maio, com o UST sendo negociado com um desconto de quase 80% e o LUNA reduzido a praticamente zero, arrastando consigo o restante do mercado.
Há um ditado que diz: não tente pegar a faca caindo. Esse ditado se adequa perfeitamente ao colapso do LUNA/UST. Explico. O colapso do UST criou uma enorme oportunidade de arbitragem devido à maneira como o algoritmo por trás do stablecoin funciona.
Desde que o UST fosse negociado abaixo de US$ 1, os usuários poderiam queimá-lo por US$ 1 em LUNA – meio de obter a criptomoeda abaixo dos preços de mercado perpetuamente até que a paridade fosse restaurada. Isso criou um loop infinito de impressão do LUNA e diluição do suprimento existente a um ponto em que, alguns dias depois, o LUNA valia essencialmente US$ 0.
Ou seja: a ganância terminou de destruir o que já estava condenado à morte. Bilhões foram varridos do mercado, enquanto as exchanges excluíam os pares de negociação associados a ambas as criptomoedas. A Luna Foundation Guard já havia comprado até US$ 1,5 bilhão em Bitcoin (BTC) para suas reservas – que foram dilapidadas durante a derrocada do UST.
Isso puxou todo o mercado para baixo. O resultado – US$ 500 bilhões foram apagados da capitalização de mercado. O preço do Bitcoin caiu abaixo de US$ 26.000 em algumas exchanges – níveis que não víamos desde dezembro de 2020.
Por dentro da capitulação
Foi a maior queda do mercado de criptomoedas desde maio de 2021. A maioria dos ativos caiu mais de 20%, com as ações também caindo nesse período. O crash se acelerou após a divulgação da alta de 8,3% da inflação nos EUA, com os participantes do mercado antecipando fortes aumentos das taxas de juros e aperto quantitativo. O colapso da Terra exacerbou o pânico em todo o mercado.
Efeito em cadeia em todas as criptomoedas e no Tether
A desvinculação do UST teve efeitos de contágio em toda as criptomoedas e o Tether (USDT), que é (pelo menos supostamente) totalmente lastreado em dólares e notas do tesouro americano, caiu abaixo dos US $ 0,94. A maior stablecoin em capitalização de mercado perdeu US$ 4 bilhões em valor de mercado, de acordo com o Coingecko.
O CTO da Bitfinex e Tether, Paolo Ardoino, garantiu que os resgates de US$ 1 por 1 USDT não haviam sido comprometidos e estavam funcionando conforme o esperado. Como podemos ver no gráfico abaixo, que mostra o fluxo de USDT em tempo real, a stablecoin sendo negociada a US$ 0,998 na Sushiswap.
À medida que o Tether se desindexava do dólar, a stablecoin atingiu novas máximas de mais de US$ 30 bilhões em volume de transações em 24 horas.
O USDC atingiu um recorde ainda maior – de US$ 33 bilhões – no dia anterior. O Curve, a principal exchante descentralizada de stablecoins também registrou novas máximas de US$ 4 bilhões em volume negociado por dois dias consecutivos, mas isso não impediu que seu token CRV nativo caísse 45%.
Já o MakerDAO parece ter saído mais forte do colapso do UST, com o protocolo gerando grandes receitas devido a liquidações e seu token MKR se destacando com um aumento de 10% nos últimos sete dias.
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