Michael Saylor diz que manterá investimentos em bitcoin por '100 anos, sem medo'
Empresário é presidente do conselho da MicroStrategy, empresa que já aportou cerca de R$ 21 bilhões na criptomoeda desde 2020
João Pedro Malar
Publicado em 11 de novembro de 2022 às 10h33.
Última atualização em 11 de novembro de 2022 às 18h42.
Michael Saylor, presidente do conselho da MicroStrategy, não pretende rever os investimentos de US$ 4 bilhões (R$ 21 bilhões, na cotação atual) da empresa em bitcoin tão cedo. A previsão do empresário é que o total aportado na criptomoeda pela companhia de inteligência de mercado não mude por até 100 anos.
Saylor participou por videochamada nesta sexta-feira, 11, do evento Labitconf, que ocorre em Buenos Aires, na Argentina. Durante sua fala, o investidor reforçou que o bitcoin é uma opção promissora para a economia mundial tanto no médio quanto longo prazo.
"Daqui a 10 anos, o bitcoin vai parecer a melhor alternativa, e daqui a 100 anos, a única", disse o empresário ao defender os investimentos que a MicroStrategy realizou na criptomoeda desde 2020, tornando-a o ativo primário na carteira da empresa.
Segundo ele, a MicroStrategy começou a investir na criptomoeda quando percebeu, durante a pandemia, que haveria uma "inflação massiva" e que seria necessário investir em "algo que apreciaria conforme a oferta de dinheiro aumentasse". A empresa chegou a considerar opções como ouro e prata, mas acabou entendendo que o bitcoin era a melhor alternativa.
Se referindo ao bitcoin como o "ouro digital" e o "rei das criptomoedas", Saylor ressaltou que vê o ativo como mais vantajoso que outras opções de investimento e que investir nele ajuda a "tornar o mundo melhor. "Vale a pena perseguir isso mesmo se tiver que lidar com dor no curto prazo, é um instrumento de empoderamento econômico".
"Minha companhia investiu US$ 4 bilhões no bitcoin porque não achamos outra ideia melhor", explicou Saylor. Ele vê a criptomoeda como um dos principais ativos de reserva não soberanos atualmente, mesmo com ciclos de alta e queda.
Atualmente, a MicroStrategy é o maior detentor público no mundo do criptoativo, e Saylor disse que manteria os investimentos "por 100 anos, sem medo".
Na visão dele, o bitcoin deve continuar avançando com inovações, mas "de forma mais conservadora, sem quebrar nada". O principal, na visão dele, é garantir que a chamada camada 1, a rede original do bitcoin, "seja sólida", concentrando mudanças nas camadas 2 - chamada de Lightning Network - e 3, estruturas adjacentes ao blockchain.
Ele avalia que o bitcoin já tem uma primeira camada "com segurança e integridade para os próximos 100 anos", o que garantiria o retorno dos investimentos realizados por sua empresa.
"O bitcoin está se movendo de forma bem pensada, cautelosa, para ter a certeza que não vai quebrar nada. É uma abordagem por camada, algumas devem ser construídas na primeira, e outras na Lightning, se quebrar a Lightning perde milhares de dólares, não bilhões e trilhões, não quebra o mundo tentando melhorá-lo", explicou.
Na visão de Saylor, é preciso "escolher o material certo para a coisa certa, e a comunidade do bitcoin está com a abordagem correta". Entretanto, ele destacou que as inovações planejadas para as camadas 2 e 3, como inclusão de contratos inteligentes, serão necessárias para que o bitcoin se adeque à regulação dos Estados Unidos, permitindo sua aceitação e expansão para o público geral.
"Se quer seguir as regras dos EUA sobre transferência de dinheiro, precisa de funcionalidades da camada 3, precisa do Ligthning", defendeu.
*O repórter João Pedro Malar viajou a Buenos Aires para a Labitconf a convite da exchange Bitso
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