Maior mineradora de bitcoin do mundo pede falência e pretende renegociar dívidas
Empresas de mineração de criptomoedas enfrentam mau momento e onda de falências pode atingir o setor, prejudicado pela cotação e alto custo de operação
Mariana Maria Silva
Publicado em 21 de dezembro de 2022 às 10h38.
Última atualização em 21 de dezembro de 2022 às 11h38.
Afetada pelo “inverno cripto”, a Core Scientific entrou com um pedido de falência nesta quarta-feira, 21. A maior empresa de mineração de bitcoin enfrentava problemas há um tempo e já havia anunciado a possibilidade de falência. Agora, a intenção é passar por um processo de recuperação judicial e renegociar dívidas com investidores.
O desequilíbrio causado pela queda na cotação do bitcoin e o aumento nos custos de operação impactou negativamente os negócios de todas as empresas de mineração ao longo de 2022. Outros casos de falência também não colaboraram para uma possível elevação no otimismo de investidores, que seguem aguardando uma melhora no cenário atual.
“A Core Scientific é mais uma vítima do momento de mercado, com altos juros e dificuldade para pagar as dívidas levantadas para escalar suas operações”, explicou Ricardo Alcofra, diretor de ativos digitais no BTG Pactual. Ao longo de 2022, o banco central americano realizou uma série de elevações na taxa de juro do país, que intensificaram a aversão ao risco entre investidores.
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A Core Scientific entrou com um pedido de falência do Capítulo 11 no tribunal de falências do Distrito Sul do Texas, nos Estados Unidos, semelhante ao pedido de recuperação judicial no Brasil.
O passivo estimado da mineradora está entre US$ 1 bilhão e US$ 10 bilhões, de acordo com a solicitação. A empresa tem entre mil e 5 mil credores, sendo o maior deles o banco de investimentos B. Riley, que ofereceu empréstimos à Core Scientific quando ela tentou evitar a falência nos últimos meses.
Em outubro, a mineradora já havia enviado um documento à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), afirmando que poderia ficar sem dinheiro em suas reservas até o fim do ano e, por isso, havia decidido deixar de fazer os pagamentos de equipamentos, financiamentos e notas promissórias com vencimento entre o final de outubro e início de novembro.
A queda significativa do preço do bitcoin e o aumento dos custos de eletricidade podem ser alguns dos principais fatores que afetaram a lucratividade do negócio da Core Scientific e outras empresas especializadas em mineração de criptomoedas.
O setor vem enfrentando um mau momento desde o início do ano, agravado pela mudança da rede Ethereum para a prova de participação, abandonando a mineração de vez. Além disso, outras falências colaboraram para o crescimento da crise no setor, principalmente com o caso FTX, mais recente.
Responsável por 10% do poder de computação da rede Bitcoin com 143 mil máquinas e hospedando outras 100 mil, a Core Scientific era a maior empresa de mineração de bitcoin do mundo e sua falência pode ter impacto significativamente negativo para o setor, que já passa por dificuldades.
“É possível que tenhamos mais e mais empresas seguindo pelo mesmo caminho, à medida que o preço do bitcoin permanece em patamares muito baixos e o hashrate ainda está alto em relação ao preço”, disse Alcofra. O bitcoin é cotado a US$ 176.854 no momento, com queda de quase 65% no acumulado do ano.
A Core Scientific havia se tornado uma empresa listada em bolsa em janeiro deste ano, após uma fusão com a Power & Digital Infrastructure Acquisition. Desde então, suas ações já despencaram 98%, de acordo com dados do Yahoo Finance. Nos últimos cinco dias, no entanto, a cotação recuperou cerca de 40%.
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