Gigante do transporte marítimo, Maersk usa blockchain para otimizar exportação de café
Através de solução desenvolvida com a IBM, Maersk investe no blockchain para transportar uma das principais commodities do mundo
Mariana Maria Silva
Publicado em 3 de outubro de 2022 às 16h22.
Última atualização em 3 de outubro de 2022 às 16h52.
Uma em cada três xícaras de café consumidas no mundo vem do Brasil, segundo a Organização Internacional do Café. O país é o maior produtor global e o maior exportador do grão. Pensando nisso, a Maersk, um conglomerado de negócios dinamarquês com valor de mercado acima de US$ 255 bilhões, decidiu investir em uma solução em blockchain desenvolvida em parceria com a IBM para otimizar o transporte de café ao redor do mundo.
Para garantir que o grão de café chegue às mais distantes localidades consumidoras da bebida no mundo, o transporte é um ponto essencial para a Maersk, que se destaca como uma das maiores transportadoras marítimas do mundo com receita de US$ 83 bilhões em 2022, segundo dados do Yahoo Finance.
Segundo a empresa, para transportar o café para extremos do globo é preciso lidar com uma mistura complexa de prestadores de serviços, lacunas de visibilidade em locais do interior e fluxo manual de documentos comerciais em papel — ou seja, situações que geram atrasos na entrega, comunicação inacessível e em casos mais extremos, prejuízos e até perda da mercadoria.
“As exportações realizadas pelo grupo Maersk, nestes cinco maiores consumidores de café, contam com saídas regulares semanais. Com exceção do Japão que possui uma média de trânsito de 39 dias, o transporte para os demais países dura, em média, 23 dias e para trazer mais visibilidade no transporte do grão, a Maersk tem investido em soluções tecnológicas, como o blockchain”, comentou Beatriz Soares, gerente de vendas da Hamburg Süd, empresa do grupo Maersk.
O gigante do transporte marítimo enxergou na tecnologia blockchain o potencial necessário para facilitar o acompanhamento de contêineres e o compartilhamento de informações. Dessa forma, problemas de comunicação, integração e visibilidade podem ser solucionados para otimizar o processo de exportação.
“A tecnologia blockchain tem sido grande aliada para reduzir perdas na pós-colheita e permitido que o processo de transporte seja mais seguro e eficiente”, afirmou um comunicado, sobre o transporte de café.
“Os atributos da tecnologia blockchain são ideais para grandes redes de parceiros diferentes. O Blockchain estabelece um registro compartilhado e imutável de todas as transações que ocorrem em uma rede e permite que as partes autorizadas acessem dados protegidos em tempo real”, explicou Beatriz Soares.
A solução utilizada pela Maersk foi desenvolvida em parceria com a IBM em 2016. Chamada de TradeLens, a plataforma baseada em blockchain promove a troca de informações eficiente, transparente e segura para fomentar uma maior colaboração e confiança em toda a cadeia de suprimentos.
Segundo a Organização Internacional do Café, mais de 2 bilhões de xícaras da bebida são servidas diariamente nos seis continentes. Os europeus dominam o ranking dos países que mais consomem a bebida. Entre 25 países que mais bebem café, apenas Canadá, Líbano, Brasil e Estados Unidos não estão no velho continente.
No Brasil, o consumo também cresceu, de acordo com pesquisa realizada em setembro de 2021, pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), pelo Instituto Axxus e pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A pandemia estimulou o consumo e 72% dos entrevistados declararam que a bebida ajudou a enfrentar os piores momentos do período.
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