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Fundos e ETFs de cripto no Brasil acumulam retornos de até 70% em 2023; veja o ranking

Levantamento realizado pela Economatica mostra uma diversidade de desempenhos entre os fundos disponíveis no mercado

Fundos e ETFs de cripto no Brasil mostram desempenho misto (Reprodução/Reprodução)

Fundos e ETFs de cripto no Brasil mostram desempenho misto (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 14 de julho de 2023 às 14h08.

Última atualização em 14 de julho de 2023 às 16h09.

Um levantamento da empresa Economatica divulgado com exclusividade para a EXAME mostra que os fundos e fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês) de criptoativos no Brasil têm tido desempenhos mistos ao longo de 2023. Enquanto alguns produtos acumulam ganhos significativos e aumento na base de cotistas, outros acumulam perdas nos dois indicadores.

Considerando o retorno no acumulado deste ano, o maior ganho é do ETF QBTC11, que acompanha as negociações de contratos futuros de bitcoin na bolsa de Chicago (CME). A valorização é de 70%. O segundo lugar é do BTG Pactual Reference Bitcoin 100 FI , um fundo que acompanha o desempenho da criptomoeda e que acumula retornos de 67%

Empatados com ganhos acumulados de 66% estão os fundos Hashdex Bitcoin FI e BTG Pactual Reference Bitcoin 100 FC e o ETF IT Now Bloomberg Galaxy Bitcoin. Os resultados mostram que fundos expostos ao bitcoin foram os que tiveram os melhores desempenhos, em linha com os fortes ganhos da criptomoeda neste ano, que valorizou mais de 80%.

Já as maiores perdas no acumulado de 2023 são de fundos ligados aos segmentos de metaverso, NFTs e criptomoedas alternativas ao bitcoin e ao ether. A maior perda é do iVi Crypto Quant, com perda acumulada de 97%. O segundo lugar ficou com o Vitrio Cripto NFT (-84,9%) e o terceiro, com o Vitrio QR Cripto FI (-79,8%).

Considerando apenas a variação entre maio e junho deste ano, os melhores desempenhos também foram dos fundos com exposição ao bitcoin, com destaque para o Hashdex Bitcoin FC (4,3%) e para o Hashdex Bitcoin FI (4,26%). As maiores perdas foram dos fundos Investo Vaneck ETF Crypto Compare Media & Entertainment Leaders (-27%) e Hashdex Crypto Metaverse (-19%).

Em relação ao número de cotistas, a maioria dos fundos e ETFs registrou perdas entre julho de 2022 e o último mês. Os maiores ganhos foram do fundo Empiricus Coin Cripto FI, com 13 mil entradas, e do Hashdex Ouro Bitcoin, com 1,8 mil novos cotistas. Já as maiores perdas foram do ETF Hashdex Nasdaq Crypto Index, com 21 mil saídas, e do fundo Hashdex 20 Nasdaq Crypto, com 29 mil perdas.

Em números absolutos, o Hashdex Nasdaq Crypto Index, também conhecido como Hash11, ainda é o maior fundo do mercado, com mais de 130 mil cotistas. Ele foi o primeiro a ser lançado no Brasil. O segundo lugar é do fundo Hashdex 20 Nasdaq Crypto, com 60 mil cotistas, e o terceiro, do ETF QBTC11, com 40 mil cotistas.

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Desempenho dos fundos de cripto

Ao todo, o Brasil conta no momento com 63 fundos e ETFs com algum tipo de exposição a criptoativos, em especial o bitcoin. Renato Nobile, sócio e gestor da Buena Vista Capital, destaca que o mercado brasileiro é um dos "mais desenvolvidos do mundo em número de fundos de cripto, variação de classes de ativos de cripto e, realmente, estamos muito à frente quando se trata de regulação".

Ele pontua que "desde o meio de 2021, o mercado cripto em geral vem sofrendo fortes quedas, que foram ainda maiores em 2022, tornando-se um dos piores anos para esse respectivo mercado. Os investidores, no geral, reduziram drasticamente o risco de seus investimentos, principalmente os mais voláteis devido à inflação alta e ao aperto monetário global".

"No geral, temos uma variação negativa em número de cotistas nos fundos e ETFs de cripto e, apesar da forte alta em 2023, com o bitcoin subindo mais de 70% e ether mais de 50%, os criptoativos ainda estão bem longe de sua máxima histórica atingida em 2021", avalia.

Nesse sentido, ele considera que uma combinação de dois fatores contribui para um apetite menor de investidores brasileiros por criptoativos: de um lado, muitos investidores entraram no mercado "no efeito manada por conta da alta generalizada e, por ser uma classe nova, quase sem regulação, no momento da primeira queda, acabam vendendo tudo".

Além disso, "boa parte dos aplicadores sofreu muitas perdas e, por essa razão, acaba não querendo mais se expor ao mercado cripto". Entretanto, ele acredita que os criptoativos devem se tornar "uma classe de ativos como qualquer outra, assim como ações, moedas, commodities e demais. Porém, ainda vai levar um tempo maior para termos de adoção, regulação mais ampla e desenvolvimento de aplicações mais presentes no dia a dia da população".

NFTs e metaverso perdem força

Os dados do levantamento da Economatica confirmam outros estudos que indicam um momento ruim para os setores de NFTs e de metaverso, com baixos investimentos, demanda menor e desvalorizações de ativos. Cauê Mançanares, CEO da Investo, destaca que outro fator que pode prejudicar fundos é a exposição ao dólar americano, que desvalorizou em relação ao real neste ano.

Ele destaca que os criptoativos relacionados ao metaverso têm apresentado uma "performance fraca, com desvalorizações ao longo dos últimos meses". "O mundo cripto está sendo impactado como um todo por uma ação judicial movida contra a Binance e Coinbase, as duas maiores exchanges de criptoativos. Nessa ação, a SEC identificou três tokens (SAND, MANA e AXS) de jogos e metaversos como valores mobiliários", ressalta.

"A comunidade de jogos Web3 reagiu negativamente a esses desenvolvimentos regulatórios, gerando especulações sobre as implicações que eles podem ter para o futuro dos jogos. O resultado da ação judicial e as implicações específicas para os tokens de jogos ainda não foram determinados", diz o executivo.

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