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Fundador do Ethereum diz estar preocupado com potencial centralização após "The Merge"

Anthony Di Iorio destacou que dados mostram concentração de poder em exchanges no processo de validação de transações

Iorio afirma que o "The Merge" não resolve todos os problemas de escalabilidade do Ethereum (Nur Photo/Getty Images)
JP

João Pedro Malar

Publicado em 29 de setembro de 2022 às 18h37.

Um dos criadores do blockchain Ethereum, Anthony Di Iorio manifestou preocupação com uma potencial centralização de poder na rede após a migração para o sistema de prova de participação (proof-of-stake), no chamado "The Merge", ocorrido em 15 de setembro.

Em entrevista ao site Kitco News, ele destacou que a mudança do mecanismo de prova de trabalho (proof-of-work) para a prova de participação (proof-of-stake) foi “significativa” e um dos “muitos passos necessários para garantir a escalabilidade dessa tecnologia”.

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“Eu estou preocupado com riscos de centralização com a prova de participação” afirmou Iorio, citando principalmente o ganho de poder das exchanges, que “têm tido muita força até o momento no processo de validação”.

Uma possível centralização, pontua, pode acabar sendo um risco maior que os aparentemente solucionados pelo "The Merge". O risco também foi levantado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em relatório recente.

Ele lembra que a Ethereum foi desenvolvido para ser mais inclusivo que o blockchain Bitcoin, não exigindo equipamentos avançados para sua mineração, e associando a atividade a placas de vídeo.

Essa diferença “permitiu um pouco mais de descentralização e inclusão. A questão agora é como a prova de participação vai manter uma grande quantidade de validadores”, avalia.

“Você quer nós robustos, pessoas de todo mundo participando, fortalecendo o sistema e sendo recompensadas por isso, e não ajuda quando só tem alguns, e isso fica mais e mais centralizado, com essas grandes entidades responsáveis”, disse Iorio.

Para ele, a intenção com a mudança de sistema pode ter sido positiva, mas as consequências são imprevisíveis, e “é preocupante que existam tão poucos responsáveis por tantas transações validadas até agora”.

Iorio afirma que o "The Merge" não resolve todos os problemas de escalabilidade da tecnologia, e que não há como saber em quanto tempo esses desafios serão superados.

Caso a Ethereum ganhe escala, ele espera que o custo de transações caia, o que ajudaria na disseminação da rede.

“Nenhum sistema é perfeito, cada um tem suas vantagens e desvantagens. O 'The Merge' foi sobre realizar uma mudança, e então no futuro, conforme as tecnologias focam em escalabilidade, usá-las para uma possível redução de custos”, avalia.

Como funciona a mineração de criptomoedas

No caso do sistema de prova de trabalho, eles apontam a alta demanda de energia, que “vai contra o objetivo global de fazer a transição para uma economia de baixo carbono”.

Na prova de trabalho, os mineradores de criptomoedas usam computadores para resolver problemas matemáticos complexos para validar transições, criando novos blocos que registram movimentações financeiras. O processo, que é intensivo em energia por demandar equipamentos muito potentes, envolve como recompensa o envio de criptomoedas.

Já na prova de participação, os mineradores bloqueiam uma quantidade mínima da criptomoeda da rede, no caso da Ethereum o ether, e recebem recompensas para validar transações. Por não demandar a resolução de problemas complexos, não há um consumo intensivo de energia.

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