DeFi: as finanças descentralizadas irão substituir os bancos tradicionais?
Entusiastas da tecnologia acreditam que o blockchain pode substituir o papel de bancos e instituições no oferecimento de serviços financeiros a partir das finanças descentralizadas. Entenda se isso pode realmente acontecer
Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2022 às 10h12.
Por Nathan Thompson*
O que podemos falar sobre as stablecoins além do que já foi exposto no Twitter ou divulgado em vídeos no YouTube? Queremos novidades, é o comentário que a maioria das pessoas faz! Acredito que hoje eu tenho algo que possa interessar a vocês.
Investidores da Grey Beard possuem a seguinte tese: “Pense 18 meses à frente.” Então vamos fazer isso e imaginar um cenário onde a tendência de baixa (conhecido como "bear market", em inglês) tenha se acalmado, o Federal Reserve tenha se articulado e o mercado cripto esteja retomando suas forças mais uma vez.
Obviamente, temos inúmeros cenários que descrevem como o mercado cripto pode evoluir, mas Andy Singleton, fundador da Maxos, expôs um argumento válido dizendo que a integração das finanças centralizadas (CeFi) com as finanças descentralizadas (DeFi) seria um gatilho para a nova tendência de alta (ou "bull market", em inglês). Até hoje, de acordo com Andy, a DeFi já deu forças a outros projetos de cripto, com um impacto limitado na sociedade em geral.
Esse é um ponto importante e, caso DeFi progrida e atinja seu potencial completo, será uma concorrente direta das instituições financeiras tradicionais. Você pode pensar o que quiser sobre os bancos tradicionais, mas eles investem em ativos relevantes para a sociedade atual. Entre eles, podemos citar os empréstimos para pequenas empresas e financiamentos para quem deseja comprar um imóvel. Por isso, podemos dizer que eles oferecem um serviço de utilidade pública.
“A especulação que atua ao redor do universo cripto é um mercado pequeno com benefícios sociais limitados,” afirma Singleton. “DeFi deveria apoiar a economia verdadeira. Uma nova arquitetura de finanças descentralizadas irá carregar a difícil tarefa de financiar os ‘ativos do mundo real’, isto é, investimentos e empréstimos fora do blockchain.”
Para expandir esta ideia, o processo que estamos buscando, à medida que a DeFi amadurece, é uma evolução do modelo de financiamento interno a projetos da Web3 para um modelo onde as operações de financiamento estejam mais focadas em situações do mundo real. E DeFi tem várias características únicas que criam uma vantagem em relação à CeFi no que diz respeito a cumprir este papel.
Por exemplo, DeFi pode contar com um pool de liquidez muito maior, seja para uma grande empresa no Brasil ou uma empresa familiar no interior da Europa, e conectar essas duas pontas. Ao usar contratos inteligentes com garantias, os empréstimos são apoiados e protegidos de maneira independente, sem a necessidade de intermediários onerosos para facilitar o processo.
Além disso, os bancos descentralizados trabalham com contratos inteligentes e podem obter capital a partir de uma grande lista de fornecedores. E, com menos despesas gerais, protocolos DeFi podem se sobrepor aos rivais tradicionais em termos de taxas e recompensas.
Dois protocolos que estão se destacando neste campo são a Aave e Centrifuge. No fim de 2021, os dois projetos se juntaram para lançar o Real World Asset (RWA) no mercado da Aave.
A arquitetura é similar a outros projetos que buscam ligar a CeFi e DeFi. Aave é um protocolo que oferece empréstimos aos usuários mediante o depósito de garantias. As garantias depositadas geram rendimentos ao passo que as taxas de juros do empréstimo dependem da utilização do mercado.
Investidores da Aave depositam capital no fundo do RWA e “emissores” como a Centrifuge podem fazer empréstimos de stablecoins a partir desde fundo, trocá-las por moeda fiat e oferecer empréstimos para empresas do mundo real. A Centrifuge e outros protocolos similares podem, então, conectar a liquidez da DeFi à empresas e usuários do mundo real.
Em breve, a Aave irá lançar a sua própria stablecoin, a GHO. Ela alega que não será apenas mais uma stablecoin colateralizada, Pois o objetivo é transformar a Aave no primeiro banco descentralizado do mundo. Como o Federal reserve, ou o Banco da Inglaterra, a Aave conseguirá cunhar tokens GHO e dá-los a “facilitadores” pré-aprovados, em troca de garantias.
A governança descentralizada da Aave define a taxa básica de juros e os facilitadores, de forma similar aos bancos comerciais, poderão definir suas próprias taxas de juros ao oferecerem empréstimos de GHO, lucrando com o spread deste investimento. Além disso, a Aave distribuirá rendimentos em suas garantias.
Estes facilitadores provavelmente incluirão protocolos de transição CeFi, como a Centrifuge, para possibilitar o acesso mais barato a GHO e, por consequência, o câmbio do token para moeda fiduciária e, por fim, o empréstimo a empresas. Isso significa que a parte de GHO pode ser apoiada por empresas em todos os cantos do mundo.
Caso isso aconteça, o acesso a bancos será disponibilizado a qualquer pessoa no planeta, firmando um importante passo na jornada DeFi para democratizar o sistema financeiro global.
*Nathan Thompson é redator-chefe da Bybit Crypto Insights.
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