(Yuichiro Chino/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 7 de junho de 2021 às 12h25.
Última atualização em 7 de junho de 2021 às 13h06.
Em 2014, dois alunos do Massachusetts Institute of Technology (MIT) desenvolveram um projeto chamado "MIT Bitcoin Project", no qual distribuíram mais de 310.000 dólares em bitcoin a outros alunos da instituição. A ideia, que voltou à tona recentemente em um artigo da Bloomberg, era estudar os impactos da nova tecnologia, mas acabou rendendo até 100.000 reais aos participantes — ou, pelo menos, àqueles que mantiveram a criptomoeda desde então.
Alunos do MIT que preencheram um questionário receberam uma carteira com 0,35 bitcoin, equivalente, na época, a 100 dólares (500 reais). Havia 500.000 dólares em bitcoin para ser distribuídos, mas cerca de 200.000 dólares acabaram "encalhados" por falta de interessados.
O valor distribuído foi obtido com ex-alunos do MIT ligados ao setor de criptoativos e membros do então recém-fundado "Clube do Bitcoin" da universidade. Os participantes do experimento poderiam fazer o que quisessem com o ativo, inclusive trocar o bitcoin por dinheiro ou livros e materiais escolares na livraria da universidade que, como parte do projeto, passou a aceitar pagamentos com a criptomoeda.
Quem escolheu deixar a criptomoeda guardada, entretanto, acabou ganhando uma enorme quantia de dinheiro. Em abril de 2021, quando o bitcoin chegou ao maior preço de sua história, de 64.000 dólares, a fração distribuída no "MIT Bitcoin Project" valia mais de 20.000 dólares — ou cerca de 100.000 reais. Mesmo após a queda recente no preço do bitcoin, a alta desde que foi distribuído chega a 13.000%.
"É realmente incrível. A maioria de nós [participantes do projeto] levou aquilo como uma brincadeira", disse Mary Spanjers, ex-aluna do MIT, que guardou suas criptomoedas até hoje, em entrevista à Bloomberg, que afirma que não se sabe quantos dos 3.100 alunos que receberam bitcoin ainda mantêm a custódia dos mesmos. "Pouco depois que recebemos, o valor caiu de 100 para 50 dólares, e muita gente ficou maluca e comprou pizza", contou Spanjers.
Segundo a publicação, 10% dos participantes se desfizeram do ativo digital menos de uma semana após o receberem, mas os dados desde então acabaram se perdendo. A livraria da universidade também não recebeu muitos pagamentos com a criptomoeda: "Bitcoin não decola como moeda no MIT", dizia matéria de 2016 sobre o assunto, do jornal Boston Globe. Além disso, há registro de inúmeros participantes que perderam acesso à carteira e relatos de pessoas que usaram a criptomoeda para comprar coisas como sapatos e cerveja.
Caso todos os participantes do projeto tivessem mantido a posse de seus bitcoins até hoje, eles custariam, somados, cerca de 60 milhões de dólares (300 milhões de reais), uma valorização e tanto frente aos 310.000 dólares distribuídos.
No curso Decifrando as Criptomoedas, da EXAME Academy, Nicholas Sacchi mergulha no universo de criptoativos com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o seu funcionamento. Confira.