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Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 8 de julho de 2021 às 11h23.
A queda no preço das criptomoedas desde os recorde registrados em abril e maio esfriou um pouco o interesse dos investidores, mas os números do setor mostram que o mercado continua em franca expansão. Numa das maiores corretoras de criptoativos do país, dados apontam volume de operações 574% maior do que há um ano.
Estatísticas divulgadas pelo Mercado Bitcoin, uma das principais exchanges do Brasil e que recentemente se transformou no primeiro "unicórnio" cripto do país, mostram que, apesar da drástica queda no volume de operações com criptomoedas em junho, os números do setor em 2021 ainda são positivos.
Em maio, a corretora registrou mais de 6,4 milhões operações, número que despencou, junto com os preços dos principais ativos digitais, para 2,6 milhões em junho. Mesmo assim, somado todos os seis primeiros meses do ano, o volume de negociações ainda é quase sete vezes maior do que o registrado no primeiro semestre de 2020 - foram 34,7 milhões de operações em 2021, ante 5,1 milhões no ano passado.
“Junho foi um mês de extrema volatilidade para o bitcoin. Medidas do governo chinês, como a decisão de banir a mineração de bitcoin, exerceram uma forte pressão negativa. O bitcoin chegou a cair para perto de 29 mil dólares, o menor nível em seis meses”, explicou Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios da empresa, à EXAME. “Já El Salvador, que resolveu adotar o bitcoin como divisa nacional, ajudou a segurar a cotação”, completou.
Os dados mostram que, apesar da queda recente no interesse dos investidores, o mercado ainda sustenta crescimento impressionante em um intervalo de tempo relativamente curto.
Apesar de ter uma dominância de quase 45% do valor de mercado global de criptoativos - respondendo por 615 bilhões de dólares dos 1,4 trilhão investidos no setor - o bitcoin não é mais o único ativo digital na mira dos investidores brasileiros. Ao contrário: segundo o Mercado Bitcoin, a principal criptomoeda não conseguiu, em junho, repetir sua dominância global entre os usuários da plataforma.
O bitcoin respondeu por 21,27% das operações no Mercado Bitcoin. Foi o ativo mais negociado, mas outras criptomoedas agora fazem frente à principal delas. A segunda mais negociada na plataforma foi o ether, com 11,7%, seguido por chiliz (11,53%) e ripple (11,2%). Somadas essas quatro criptomoedas respondem por 55,7% das operações do mês.
Em maio, a diferença foi ainda menor, o que comprova o aumento do interesse de investidores brasileiros pelas chamadas altcoins. Com o ether registrando recordes de preço seguidamente, a segunda maior criptomoeda do mundo respondeu por 24,5% das operações na exchange, volume quase igual ao do bitcoin, de 25,25% do total.
"[Os números] indicam que há um enorme interesse em outros ativos, que vão além do bitcoin e até mesmo do ether. A listagem no Mercado Bitcoin de 19 novos ativos em maio atendeu a um desejo dos clientes por essa diversificação. É claro que o bitcoin ainda é a porta de entrada, mas uma vez habituado ao ambiente cripto, rapidamente os clientes querem conhecer e experimentar outros criptoativos", explicou Fabrício Total à EXAME.
Apesar dos números serem referentes a apenas uma plataforma de negociação, sua relevância como reflexo do cenário cripto no Brasil é considerável, tendo em vista a grande participação do Mercado Bitcoin no mercado nacional. Ao todo, a corretora soma 2,8 milhões de clientes e ocupa a segunda colocação entre as exchanges com maior volume de negociação no país, atrás apenas da chinesa Binance.