(Dado Ruvic/Reuters)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 17h52.
Última atualização em 6 de janeiro de 2021 às 17h56.
Com o intenso movimento de alta dos últimos meses, muitos investidores se questionam sobre o risco de uma correção no preço do bitcoin. Para o analista Joseph Young, esta é uma possibilidade real, já que o mercado começa a demonstrar sinais de "superaquecimento".
Segundo o especialista, o mais recente movimento de alta do ativo digital, que marcou novo recorde de preço nesta quarta-feira (6), foi ocasionado por compras de imenso volume na exchange Coinbase, por investidores dos Estados Unidos. Prova disso é o valor da unidade do ativo, que é negociado ao longo do dia, em média, 100 dólares acima do preço da Binance, onde investidores dos EUA não podem operar.
Isso indica que o fluxo comprador no país é maior do que em outras regiões, e Young cita o fato de grandes investidores (baleias, ou, em inglês, "whales") da Ásia estarem seguindo no caminho oposto, realizando grandes vendas. "É uma batalha entre compradores de alto patrimônio líquido dos EUA e 'baleias' vendedoras na Ásia", disse, no Twitter.
O analista também afirma que o número de posições em aberto no mercado de contratos futuros de bitcoin — métrica chamada, em inglês, de "open interest" — também atingiu seu valor recorde. Esta métrica é um dado relevante de análise, comumente usada para determinar o sentimento do mercado e a força dos movimentos de preços.
Em geral, um alto "open interest" demonstra confirmação da tendência de preço atual, mas, no caso do bitcoin, isso pode ser um problema se ocorrer um "superaquecimento" do mercado, devido às alavancagens e às taxas de financiamento que essas posições são obrigadas a pagar.
Essas taxas de financiamento são um mecanismo que as bolsas de contratos futuros usam para equilibrar o mercado. A cada oito horas, os titulares de contratos "comprados" (em inglês, long) ou "vendidos" (short) devem pagar uma taxa uns aos outros. Os "comprados" pagam posições "vendidas" se o mercado estiver "comprado" em sua maioria, e vice-versa. Isso, somado à alvancagem, torna mais difícil para os investidores manter suas posições em aberto caso o preço do ativo ande no sentido contrário ao esperado.
"O mercado está superalavancado e esmagadoramente 'comprado' em bitcoin. A taxa de financiamento dos contratos futuros de bitcoin ultrapassou 0,15%, valor que, em média, gira em torno de 0,01%. Isso significa que o mercado está 'superaquecido' e que a maioria dos investidores está 'comprado'. Essa tendência aumenta a probabilidade de um 'long squeeze'", disse, em artigo no site Cointelegraph — "long squeeze" é quando investidores começam a liquidar suas posições "compradas" em caso de queda no preço do ativo, para evitar ou reduzir perdas, o que pode empurrar os preços ainda mais para baixo.
Apesar das ressalvas, Young diz que alguns pontos positivos podem sustentar o movimento de alta, como a taxa de hash (capacidade de processamento da rede) do bitcoin, que está próxima do seu recorde, e o fato do fluxo de saída de bitcoins da Coinbase estar elevado, o que, segundo ele, indica que as compras na maior exchange dos EUA têm sido feitas por investidores institucionais que, após comprarem os seus ativos digitais, tiram da corretora para custodiá-los em plataformas descentralizadas, como hardware wallets ou carteiras descentralizadas.
Nesta quarta-feira (6), o bitcoin tem mostrado grande volatilidade. Depois de atingir um novo recorde em 35.800 dólares no mercado internacional (e pouco mais de 185 mil reais no mercado nacional), o ativo já caiu para 33.750 e, no momento, é negociado na faixa de 35 mil dólares.
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