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Argentina suspende exportações de carne bovina por 30 dias

Exportações estão suspensas enquanto o governo define medidas de emergência para frear o aumento do preço no mercado interno

Argentina suspende exportação de carne por 30 dias (Hispanolistic/Getty Images)

Argentina suspende exportação de carne por 30 dias (Hispanolistic/Getty Images)

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AFP

Publicado em 18 de maio de 2021 às 07h26.

Última atualização em 18 de maio de 2021 às 10h54.

Quarto maior exportador mundial de carne bovina com 819.000 toneladas em 2020, a Argentina suspendeu as vendas ao exterior por 30 dias, enquanto define medidas de emergência para frear o aumento do preço no mercado interno - anunciou o governo na segunda-feira (17).

"Como consequência do aumento sustentado do preço da carne bovina no mercado interno, o governo decidiu adotar um conjunto de medidas para ordenar o funcionamento do setor, restringir práticas especulativas e evitar a sonegação fiscal no comércio exterior. Enquanto as medidas terminam de ser implementadas, as exportações de carne bovina serão limitadas durante 30 dias", afirmou a Presidência.

Mecanismos de exceção serão habilitados para operações de comércio exterior em curso.

A decisão foi comunicada pelo presidente Alberto Fernández aos representantes do setor exportador de carne reunidos na associação ABC, durante um encontro na Casa Rosada (sede do governo).

Em 2020, as exportações argentinas de carne e couro bovinos alcançaram US$ 3,368 bilhões, uma queda de 16,5% na comparação com 2019. Os principais destinos foram China, Alemanha e Israel, segundo o instituto de estatísticas Indec.

A Argentina é o quarto maior exportador mundial de carne bovinas, atrás de Brasil, Austrália e Índia, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

Fernández já havia expressado preocupação com os aumentos dos preços no país, fundamentalmente dos alimentos.

"Estou muito preocupado com os aumentos dos preços, são inexplicáveis. Estou decidido a atacar este tema. Me preocupa muito, porque é inexplicável. Sinceramente, não há nenhuma razão, além do aumento do consumo, para explicar os aumentos que aconteceram em março e abril", declarou em uma entrevista no domingo ao canal C5N.

O presidente afirmou que "celebra" o fato de o país exportar carne, mas lamentou que isto provoque o aumento do preço para os argentinos.

Os argentinos consomem a média 49,2 quilos de carne bovina por ano, contra o pico de 69,3 quilos registrado em abril de 2009, segundo a Câmara de Indústria e Comércio de Carnes.

A Argentina tem uma das inflações mais elevadas do mundo: em abril, o índice atingiu 4,1% e acumulou 17,6% nos primeiros quatro meses do ano, de acordo com o Indec.

O avanço da inflação reforça a impressão de que o governo terá muitas dificuldades para cumprir a meta inflacionária de 29% por ano calculada na Lei de Orçamento.

O custo de vida nos últimos 12 meses aumentou 46,3%, segundo o Indec, mas os preços dos diferentes cortes de carne bovina aumentaram 65,3% em abril na comparação com o mesmo mês em 2020, segundo o Instituto de Promoção da Carne Bovina Argentina (Ipcva).

Para enfrentar os efeitos econômicos do longo confinamento de 2020, o governo aprovou um grande programa de ajudas, que implicou uma elevada emissão monetária.

As exportações agrícolas representam a maior fonte de divisas do país.

A Argentina enfrenta uma recessão pelo terceiro ano consecutivo, agravada em 2020 pela pandemia da covid-19, que provocou uma queda de 9,9% do PIB. A pobreza alcança 42% da população.

Em uma primeira reação, as organizações da chamada "Mesa de Enlace del Campo" criticaram a medida do governo.

"Vamos nos reunir de maneira imediata para exercer uma rejeição total a esta medida nefasta", afirmou Daniel Peregrina, presidente da Sociedade Rural Argentina, que reúne grandes produtores.

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