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Vinícius Junior depõe no Tribunal de Madri sobre insultos racistas e Valência responde; veja o caso

Em maio deste ano, o jogador foi vítima de discriminação racial, chamado de "macaco" por torcedores espanhóis durante a partida entre Real Madrid e Valência

Entenda o caso (JAVIER SORIANO/Getty Images)
Luiza Vilela

Repórter de POP e redatora da Homepage

Publicado em 5 de outubro de 2023 às 10h31.

Última atualização em 5 de outubro de 2023 às 10h37.

Já passou da hora de tornar o futebol em um esporte não só mais democrático, mas também livre de crimes e preconceitos. Uma das figuras centrais para atingir esse objetivo, em especial no combate ao racismo dentro de campo, é o atacante brasileiro Vinícius Junior — que já foi alvo de discriminação racial durante os jogos algumas vezes. Nesta quinta-feira, 5, o atleta se apresentou no tribunal de Madri para depor sobre os insultos que recebeu em Valência, na Espanha.

O crime aconteceu em maio deste ano. Vini Junior estava em campo, no estádio Mestalla, quando recebeu uma série de insultos racistas por parte da torcida, que o chamou de "macaco". O jogo entre o Real Madrid e o Valência foi inclusive interrompido no segundo tempo. Dois dias após a partida, a polícia espanhola prendeu três torcedores que inciaram os xingamentos. A organização do Valência também baniu os homens para sempre do estádio.

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"O clube reitera sua condenação mais enérgica e sua posição contra o racismo e violência em todas as formas. E que atuará com a mesma contundência com todas as pessoas identificadas, aplicando sua medida mais severa: expulsando-os do estádio por toda a vida. O Valencia não tolera nenhum tipo de ataque racista. O racismo não tem lugar no nosso clube", afirmou a nota oficial do Valência à época.

Ação movida na Justiça

Hoje, conforme mostra a agência de notícias EFE, o jogador confirmou em seu depoimento que foi vítima de um episódio de racismo— e quer seguir com ação judicial no processo. Vini Junior declarou, ainda, que as ofensas foram proferidas por todos os torcedores do Valência no estádio.

No tribunal, o advogado dos três torcedores que inciaram os xingamentos, Manuel Izquierdo, também esteve presente. Ele alegou que Vinícius Junior apresentou uma "atitude arrogante" e que a "provocação é inerente ao futebol".

Apesar de se mostrar solícito a cooperar com o caso em maio desse ano, após a declaração de Vini Junior nesta quinta-feira, o Valência pareceu se irritar com o jogador. O clube emitiu uma nota oficial repudiando o caso. "Face à informação publicada sobre a alegada declaração prestada em tribunal pelo jogador de futebol Vinícius Jr., afirmando que todo o estádio Mestalla lhe lançou insultos racistas no jogo entre Valencia CF e Real Madrid CF na época passada, o Clube deseja manifestar a sua surpresa, rejeição e indignação" afirma a nota.

"O Clube tem plena consciência da gravidade deste assunto. O racismo não tem lugar no futebol nem na sociedade, mas não pode ser combatido com falácias ou mentiras infundadas. Esta questão exige o envolvimento de todos e o Valencia CF entende que deve ser escrupulosamente preciso e responsável neste tipo de manifestações. Os adeptos do Valencia não podem ser classificados como racistas e o Valencia CF exige que Vinicius Jr. retifique publicamente a sua alegada declaração esta manhã".

Quando ocorrido o episódio de racismo em campo, o técnico do Real Madrid, Carlos Ancelotti pediu desculpas públicas ao Valência pela generalização. "Peço desculpas porque não foram 46.000 que gritaram macaco com ele”, esclareceu.

A luta de Vini Junior contra o racismo no futebol

Quando foi alvo dos xingamentos racistas, Vinícius Junior resolveu tornar o sufoco que passa em campo público: divulgou em suas redes sociais os episódios de discriminação já sofridos e tem trabalhado ativamente para combater o racismo nos jogos de futebol.

De lá para cá, o jogador tem falado mais abertamente sobre formas de combater o racismo em campo, tendo, inclusive, recebido uma lei no Rio de Janeiro que leva seu nome. Em junho deste ano,a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro aprovou um projeto de lei que prevê a interrupção ou suspensão de partidas de futebol em casos de racismo, na primeira ação concreta no Brasil após a onda de indignação por comportamentos racistas contra o atacante Vinícius Junior na Espanha.

No episódio do jogo do Real Madrid contra o Valência, o própriopresidente da Fifa , Gianni Infantino, expressou "total solidariedade" ao jogador brasileiro. Em comunicado publicado nas redes sociais, o suíço repudiou as ofensas.

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