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Novos aquilombamentos, novas referências: o Negro se reinventa porque é preciso e porque é criativo

Com cultura, criatividade e empreendedorismo, os Negros os Negros estão fazendo dinheiro e “fazendo essa grana circular entre a nossa gente”, escreve Celso Athayde, da Favela Holding

O ator Ailton Graça interpreta o humorista Mussum: "Não precisamos mais que um ator branco pinte o rosto de preto para esse tipo de produção", diz Celso Athayde (Globo Filmes/Reprodução)
Celso Athayde

CEO da Favela Holding

Publicado em 22 de novembro de 2023 às 08h08.

O que dizer no Dia da Consciência Negra para além do que já falamos todo dia, o ano inteiro? Fazendo um exercício de reflexão posso citar como nosso povo preto encontrou outros modos de se aquilombar nos dias de hoje após as Escolas de Samba, os Terreiros e a Capoeira, por exemplo.

Está aí mais uma edição do AfroPunk Bahia que não me deixa mentir. Vem aí a Expo Favela Brasil dias 1, 2 e 3 de dezembro em São Paulo na Expo Center Norte. Temos a Feira Preta, o Batekoo e diversas outras iniciativas já consolidadas e pensadas conceitualmente por pretas e pretos, geridas por negros, da concepção à realização e cujo público-alvo somos nós, Negros.

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Eu falo aquilombamento e percebo aquilombamento nestas iniciativas exatamente por terem como foco a junção do nosso povo, seja com o sentido do entretenimento, da exaltação da nossa cultura preta na manifestação musical, na moda, nas maquiagens, nos penteados, seja pelo empreendedorismo pujante e presente em todos estes eventos. Ou seja, os Negros estão fazendo dinheiro e fazendo essa grana circular entre a nossa gente.

Outro ponto é que hoje temos Ailton Graça imortalizando a trajetória de Mussum. Não precisamos mais que um ator branco pinte o rosto de preto para esse tipo de produção como no passado. E temos muito mais nomes e referências para inspirar as novas gerações do que no passado, fruto de trabalho e pesquisa do próprio Movimento Negro consciente do Brasil.

Hoje conhecemos a história de Aqualtune, vó de Zumbi dos Palmares; de Esperança Garcia, reconhecida como a primeira advogada negra do Brasil; Luís Gama; Pixinguinha, Cartola. Se o epistemicídio apagou muito da nossa história e presença na formação sócio-cultural do país, hoje temos aqueles e aquelas que nesse momento, pelo trabalho que estão realizando, estão se tornando ou já são referências no que fazem. Falo de nomes potentes como Djamila Ribeiro, Katiúsica Ribeiro, Eliane Dias, Carla Akotirene, GabidePretas, Nath Finanças para citar algumas. MV Bill, Kondzilla, Emicida, Renato Freitas e muitos outros.

Mas quero deixar um ponto aqui. Quando pensamos nos grandes expoentes da cultura negra no Brasil, a grande maioria de nomes que poderia citar aqui ainda são sulistas e sudestinos, precisamos fomentar mais nomes do Norte e Nordeste do Brasil, pois já existem. Precisamos trazê-los ao conhecimento de todo o povo, colocá-los no panteão dos heróis da nação. Viva Dragão do Mar, Salve Mãe Bernadete. Nós devemos muito a vocês!

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