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NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS: Banco da Amazônia dobra investimentos e prepara legado da COP30

Da recuperação de áreas degradadas à transição energética, a gerente de sustentabilidade revelou à EXAME o plano bilionário para ampliar parcerias e captar recursos para o desenvolvimento sustentável

Samara Pereira Farias, gerente executiva de sustentabilidade do BASA: "A COP vem e passa, mas o legado precisa ficar" (Divulgação)

Samara Pereira Farias, gerente executiva de sustentabilidade do BASA: "A COP vem e passa, mas o legado precisa ficar" (Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 18 de outubro de 2025 às 14h00.

A menos um mês para a grande conferência do clima da ONU (COP30) em Belém, o Banco da Amazônia acelera sua estratégia de desenvolvimento sustentável com foco em bioeconomia, transição energética e recuperação de áreas degradadas.

Em entrevista ao podcast Negócios Sustentáveis da EXAME, Samara Pereira Farias, gerente executiva de sustentabilidade, revelou que a instituição financeira praticamente dobrou os investimentos em agricultura familiar entre 2023 e 2024, saltando de R$ 650 milhões para R$ 1,4 bilhão.

"A COP vem e passa, mas o legado precisa ficar", afirmou Samara, que é paraense e mora na capital do Pará. Para a executiva, a preparação vai muito além de projetos pontuais e o ESG permeia várias operações da companhia a longo prazo.

Além disso, acredita que a atuação no bioma não pode se limitar ao crédito tradicional. "Às vezes, quando pensamos na perspectiva de atuação de um banco, simplificamos em investir recursos em uma região. Mas não é sobre isto", disse ao enfatizar que é preciso preparar as pessoas para receber o recurso, prestar assistência técnica para a execução dos projetos e garantir que todos os elos estejam alinhados às necessidades locais.

Os desafios são múltiplos: regularização fundiária, desmatamento, vulnerabilidade das populações, mudanças climáticas e a diversidade de povos e comunidades. "Não vamos vencer nada sozinhos", reconhece.

Um das principais iniciativas é a Pecuária Verde, alinhada ao Plano de Transformação Ecológica do governo federal (BIP). O foco está na recuperação de áreas degradadas através de assistência técnica personalizada, classificando produtores de acordo com o nível de tecnologia que utilizam.

A estratégia tem impacto duplo: no combate à degradação por meio do reflorestamento e também no desmatamento ao impedir a abertura de novas áreas.

"A agropecuária não é é uma vilã em todas as suas perspectivas. Estamos trabalhando em prol da sustentabilidade e para que passamos olhar o setor com outros olhos", disse.

Assista o episódio do videocast de NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS no Youtube:

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Bioeconomia: impacto em toda a cadeia

A bioeconomia é aposta central para a COP30 e pode movimentar R$ 765 bilhões por ano até 2032, segundo estudo recente. Só na Amazônia, tem potencial de destravar R$ 45 bilhões ao PIB brasileiro.

"É preciso olhar para este modelo sustentável que olha para toda a cadeia: desde o produtor ou agricultor familiar, até a pessoa que está na ponta trabalhando na exportação daquele produto. Há uma oportunidade de melhorar efetivamente a vida das pessoas ao longo de todos os elos", destacou Samara.

O programa AMABIL, em parceria com a Agência Francesa de Desenvolvimento, prevê recursos não reembolsáveis para "investimento em associações, em comunidades que atuam bioeconomia, mas também startups, pra fomentar o que chamamos de tecnologia social".

A primeira liberação já está definida: US$ 750 mil entre outubro e novembro. E o banco pretende fazer uma atividade com os contemplados durante a COP30.

Outro marco foi o acordo de cooperação técnica com a Secretaria Nacional de Bioeconomia, assinado no início do ano. "Significa desde a melhoria dos nossos processos internos até acesso a novos produtos como o pagamento por serviço social ambiental", disse a executiva.

Paralelamente, a instituição amplia parcerias com órgãos de governo, bancos multilaterais e centros de bioeconomia. Samara visitou recentemente o Centro de Bionegócios em Manaus, iniciativa do Ministério da Indústria e Comércio: "Visitei e é fantástico", contou.

Outra frente estratégica é a de transição energética e o banco está captando US$ 100 milhões com o Banco Mundial para investir em renováveis.

"Estamos falando de uma região que ainda sofre muito com eletricidade gerada por diesel poluente e que concentra uma quantidade muito grande de sistemas isolados", destacou Samara.

Expectativas para COP30

O que esperar da COP30? Samara é otimista e acredita na experiência brasileira para liderar as agendas e apresentar resultados concretos.

"Quando estamos discutindo, por exemplo, investimentos para a bioeconomia ou contribuições nacionais determinadas (NDCs) alinhadas ao Acordo de Paris, estamos falando de algo que já executamos e vamos continuar. Afinal, você só senta numa mesa de negociação a partir de uma experiência", destacou.

Enquanto instituição financeira, o objetivo é aumentar o volume de recursos disponíveis para investir na Amazônia, ao mesmo tempo que viabiliza o acesso das populações.

"A COP é agora em novembro, mas nós não recuperamos uma área em três meses. O nosso legado é justamente produtos financeiros que estejam alinhados ao bioma. É o que fazemos de melhor", acrescentou.

'Venha de coração aberto'

Como recado final para quem virá à conferência climática, Samara diz que é preciso vir de 'coração aberto'. "A Amazônia nos coloca muitos desafios, mas também é um espaço fantástico", frisou.

Ela ressalta que a região cobre quase 60% do território brasileiro e tem dimensões intercontinentais. "Você precisa estar lá para entender efetivamente tudo aquilo que já estamos discutindo há muitos anos. É um bioma feito por pessoas e para pessoas", concluiu.

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