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Kamala, que participou da COP28, comprometeu-se a "ampliar a liderança climática internacional dos EUA" (Brandon Bell/Rebecca Noble/AFP/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 25 de outubro de 2024 às 12h02.
Os dois principais candidatos à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris e Donald Trump, possuem posições diametralmente opostas sobre o clima. A disputa de novembro será marcada por uma escolha entre a transição energética ou o ceticismo climático.
Nenhum dos candidatos apresentou um programa completo sobre a questão, que está longe do centro da campanha, apesar dos EUA serem o segundo maior emissor de gases poluentes, atrás apenas da China.
Trump chama a mudança climática de "farsa" e promete expandir a extração de combustíveis fósseis "a todo o custo". Se suas ameaças se concretizarem, a vitória republicana significará aumento nas emissões de gases poluentes e um afastamento da diplomacia climática, prejudicando o progresso na luta contra os combustíveis fósseis.
Se Trump vencer, os negociadores americanos terão menos influência na COP29, que começa seis dias após as eleições de 5 de novembro. Durante seu primeiro mandato (2017-2021), Trump retirou os EUA do Acordo de Paris, algo que prometeu repetir caso seja reeleito. Em contraste, o acordo, restabelecido pelo presidente Joe Biden, compromete os EUA a reduzir pela metade as emissões até 2030, em comparação com 2005.
Até 2023, as emissões foram reduzidas em apenas 18%, segundo o centro de pesquisa Rhodium Group. "Precisamos manter este curso nas políticas atuais", alerta a cientista política Leah Stokes, mas uma vitória de Trump significaria "uma virada de 180 graus".
Kamala, que participou da COP28, comprometeu-se a "ampliar a liderança climática internacional dos EUA". Como senadora, ela apoiou o Green New Deal, uma resolução para redução drástica das emissões de gases de efeito estufa. Trump, no entanto, apelidou a medida de "Green New Scam" (nova fraude verde).
Durante a campanha, Kamala defendeu "fontes de energia diversificadas" e celebrou o aumento da produção de petróleo nos EUA, o que gerou críticas de setores ambientalistas. No entanto, Kamala possui apoio do movimento ambientalista, especialmente por seu trabalho contra empresas petrolíferas na Califórnia e pelo apoio à Lei de Redução da Inflação, que promove a transição energética.
Trump prometeu acabar com a "compra obrigatória de veículos elétricos", em referência à norma que busca acelerar a troca de motores a combustão por elétricos. Outras regras ambientais, como limites de emissões de CO2 das centrais elétricas, também podem ser revogadas.
Segundo a consultora climática Fatima Ahmad, qualquer tentativa de revogação dessas regras levaria a "numerosos recursos". Ahmad ressalta que governos locais e o setor privado continuarão comprometidos com políticas climáticas, como ocorreu durante a primeira administração Trump.
Um estudo do Carbon Brief aponta que a vitória de Trump resultaria em 4 bilhões de toneladas a mais de CO2 até 2030, quantidade equivalente à soma das emissões da Europa e do Japão em um ano.