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Japão acelera investimentos em energia solar e quer competir com China na produção de painéis

Total investido na produção de placas de perovskita, 20 vezes mais finas do que painéis convencionais, somam US$ 1,5 bilhão

Energia solar: Brasil acompanha aumento significativo de instalações em residências (fokkebok / Envato.)
Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 11h53.

No início deste ano, o Japão anunciou investimentos de US$ 1,5 bilhãono desenvolvimento de novas tecnologias para aenergia solar. O valor foi subsidiado para a Sekisui Chemical, indústria química do país, que deve focar naprodução deplacas solaresde perovskita, mineral que permite que os painéis sejam até 20 vezes mais finos que as placas convencionais.

A adoção das placas de perovskita é vista por especialistas como uma grande oportunidade para a energia japonesa: pela formação montanhosa do país, a instalação em pastos é quase impossível, mas painéis mais finos podem ser instalados em prédios e outras instalações urbanas com mais facilidade.

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Além de reduzir a demanda japonesa por combustíveis fósseis e ajudar no objetivo de ter 50% de energia renovável até 2040, o acordo também pode colocar a liderança chinesa no mercado de painéis solares em prova.

Atualmente, a China é responsável pela produção de 85% das células solares do mundo, além de 79% do polissilício, seu principal componente. Já o Japão é um dos principais exportadores do iodo, matéria-prima principal dos painéis de perovskita.

Investimentos em energia solar

Em 2022, o Japão contava com uma capacidade instalada de energia solar de 78,83 GW, mas a meta é de atingir 108 GW até 2030. Para isso, o governo e a indústria local trabalham para implantar cerca de 20 GW de novos sistemas fotovoltaicosde perovskita até 2040.

“As células de perovskita são fundamentais para a descarbonização, o crescimento econômico e a segurança energética ”, disse Sadanori Ito, porta-voz do governo japonês, em entrevista ao Financial Times .

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A expectativa é tão alta que a Sekisui Chemical criou uma companhia (com parte do controle acionário pelo governo japonês) para instalar seus painéis em locais como pontos de ônibus, portos e na própria sede. O trabalho é realizado por mil funcionários.

O governo também avalia disponibilizar recursos para a construção de cadeias de suprimento verdes e o desenvolvimento das tecnologias envolvidas na produção dos painéis, o que pode fortalecer a posição do Japão no mercado global de energia renovável.

Desafios para a descarbonização

Apesar da alta de investimentos, o cenário para a transição energética ainda é complexo no país asiático. De acordo com um relatório da Bloomberg NEF, o Japão precisaria investir US$ 2,2 trilhõesaté 2034 para alcançar aneutralidade de carbonoaté 2050. Em um cenário sem a transição energética, as emissões métricas em 2050 atingiriam 1 bilhão de toneladas de CO2.

A energia solar ultrapassou a hidroeletricidade como a principal fonte de energia renovável do Japão em 2021, mas segue bem atrás das fontes fósseis: segundo uma pesquisa do Instituto de Políticas de Energia Renovável, a energia poluente ainda representa 66% do consumo energético no país.

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