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Saúde da mulher: investimentos nessa área da ciência podem ajudar a movimentar trilhões de dólares na economia (Tom Werner/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 5 de fevereiro de 2024 às 07h00.
A resolução de questões ligadas à saúde das mulheres pode fazer com que a economia global movimente US$ 1 trilhão todos os anos até 2040, é o que diz o relatório Closing the Women’s Health Gap: A $1 Trillion Opportunity to Improve Lives and Economies do Fórum Econômico Mundial, em parceria com o Instituto de Saúde McKinsey.
A redução da disparidade na saúde das mulheres pode permitir que 3,9 bilhões de mulheres vivam de forma com maior qualidade de vida, além de permitir que pelo menos 1 trilhão de dólares circulasse anualmente – visto que tendo melhores condições de saúde, as mulheres podem contribuir e expandir a sua participação na força de trabalho, gerando maior produtividade econômica.
"A redução da disparidade ocasionaria na diminuição das mortes precoces e dos problemas de saúde. Por outro lado, a produtividade aumentaria e um maior impacto seria gerado a partir da saúde das mulheres, evitando 24 milhões de anos de vida perdidas e aumentando a produtividade econômica em até US$ 400 bilhões”, afirma Lucy Pérez, sócia sênior da McKinsey e líder do Instituto de Saúde McKinsey nos EUA, no documento.
Com o aumento da expectativa de vida de 30 anos em 1800 para 73 anos em 2018, pode-se afirmar que a sociedade teve ganhos consideráveis no ramo da saúde. Mas a situação ainda é mais complexa para as mulheres quando comparada aos homens. O recorte de gênero faz com que as mulheres gastem, em média, nove anos de suas vidas lidando com problemas de saúde, que afetam a capacidade produtiva e habilidades ligadas à atividade profissional, além da qualidade de vida.
O estudo aponta ainda as 10 principais condições que representam mais de 50% do impacto no PIB global, como por exemplo: Síndrome pré-menstrual, transtornos depressivos, enxaqueca, doenças ginecológicas, transtornos de ansiedade, doença cardíaca isquêmica, osteoartrite, asma, transtornos por uso de drogas e câncer do ovário. Ou seja, destacando as necessidades e potenciais não atendidos para resolver as disparidades na saúde.
A resolução de questões de saúde ligadas à síndrome pré-menstrual, por exemplo, pode impactar o PIB em US$ 115 bilhões, seguido de US$ 100 bilhões em questões ligadas aos transtornos depressivos, US$ 80 bilhões por conta de enxaqueca, US$ 69 bilhões por solucionar doenças ginecológicas e US$ 47 bilhões por transtornos de ansiedade.
Na América Latina, as duas condições na saúde feminina que mais impactam o PIB são: síndrome pré-mentrual e depressão. Segundo o estudo, a região conta com poucas estruturas para saúde das mulheres e contribuí 1,5% à lacuna de gênero em relação ao PIB das mulheres.
“Todas as pessoas no planeta são afetadas pela lacuna na saúde das mulheres, quer elas saibam disso ou não. Quando consideramos o impacto da lacuna de gênero, não estamos falando apenas da vida das mulheres, mas das nossas comunidades e do mundo em geral”, diz Pérez.
“A saúde da mulher tem sido pouco pesquisada e as mulheres enfrentam diferentes desafios em termos de acessibilidade e acesso ao tratamento. Esta lacuna na saúde cria sofrimento e perdas econômicas evitáveis”, afirma o documento.
O relatório pontua cinco frentes de atuação para uma abordagem mais equitativa, como o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) centrada em mulheres, o fortalecimento de análise de dados com recorte de gênero, melhorias no acesso aos cuidados específicos, incentivo em investimentos, inovação para as mulheres e políticas para o apoio de mulheres nos negócios.
Mesmo com os desafios presentes no cenário atual, os investimentos em saúde da mulher estão aumentando, principalmente por meio das ferramentas tecnológicas e digitais. “Investimentos em private equity e capital de risco em saúde das mulheres estão começando a crescer rapidamente à medida que oportunidades na saúde da mulher se tornam mais claras e mais startups femininas de tecnologia surgem”, diz o estudo.