EXCLUSIVO: Casa dos Ventos e RIMA firmam acordo de R$ 1 bilhão pelo fornecimento de energia eólica
Unidade da produtora de ligas de silício e magnésio em Minas Gerais será abastecida por 15 anos com fonte renovável, o que evitará anualmente a emissão de mais de 1,22 milhão de tonelada de CO2 equivalente na atmosfera
Repórter de ESG
Publicado em 16 de dezembro de 2024 às 12h25.
Última atualização em 16 de dezembro de 2024 às 16h14.
A RIMA Industrial, mineradora focada na produção de ligas de silício e magnésio, e a Casa dos Ventos, empresa especializada na produção e comercialização de fontes eólica e solar, acabam de firmar um novo contrato de fornecimento de energia no montante deR$ 1 bilhão.
Durante 15 anos, a Casa dos Ventos abastecerá a operação da RIMA em Várzea da Palma (MG) com fontes eólicas, processo que busca acelerar adescarbonizaçãoda indústria brasileira. Ao fim da obra, o projeto terá 756 MW de capacidade instalada – o queevitará anualmente a emissão de mais de 1,2 milhão de tonelada de CO2 equivalente na atmosfera.
A operação com a RIMA tem início em 2026, e o próximo ano deve ser marcado pelo fim da instalação dos complexos eólicos, que atualmente estão em estágio avançado. Para a RIMA, o volume de energia eólica negociado representa 40% do seu consumo no longo prazo.
Trata-se do segundo acordo entre as empresas, que já haviam assinado sobre o fornecimento de 20 MW em setembro deste ano, entregue antes do prazo estipulado. Com a ampliação da parceria, a demanda da unidade fabril será atendida pelos complexos eólicos de Serra do Tigre e Rio do Vento, no Rio Grande do Norte – Estado em que a Casa dos Ventos já conta com 2 GW de capacidade instalada entre diferentes ativos.
O diretor-executivo da Casa dos Ventos, Lucas Araripe, contou com exclusividade à EXAME sobre o acordo entre as empresas e as expectativas ambientais e econômicas envolvidas. “Hoje, com 3,4 GW de capacidade instalada entre operação e instalação, priorizamos os contratos de longo prazo para garantir a previsibilidade”, conta.
De acordo com o executivo, projetos maiores ajudam a garantir a competitividade do setor energético brasileiro, que surge cada vez mais sob os holofotes do mundo pela sua matriz altamente renovável. “A ideia é trazer mais segurança e estabilidade para as empresas”, explica.
Segundo o diretor, a RIMA ainda comprou participação dos parques eólicos, se tornando autoprodutora de energia. “No Brasil, essa tendência pode reduzir ainda mais os custos com a energia, viabilizando os projetos”, afirma.
Descarbonização da indústria brasileira e mundial
O diretor de energia e mineração do Grupo RIMA, Alexandre Amaral, conta que a parceria entre as empresas busca trazer a sustentabilidade para o centro da produção industrial. Como o silício e o magnésio são insumos eletrointensivos, a empresa tem o compromisso de ter sua matriz elétrica proveniente de fontes sustentáveis nos próximos anos.
“A indústria brasileira é energeticamente sustentável no contexto mundial, muito em função da nossa matriz elétrica, extremamente limpa e renovável. Isso é fruto de um grande crescimento recente, em especial das fontes eólicas”, conta.
Araripe ainda comenta que a parceria é um incentivo para que mais indústrias intensivas em carbono, como é a mineração, possam desenvolver suas estratégias sustentáveis. “Temos colaborado para sermos líder no Brasil e ainda fomentar o trabalho de grandes empresas para catalisar a transição energética, seja trazendo outras indústrias para o jogo ou convertendo a energia fóssil em elétrica renovável”, explica.
Expectativa para 2025
Neste ano, a Casa dos Ventos marcou sua entrada na área de energia solar, e já conta com 300 MW aprovados.Araripe explica que a companhia busca aprovar mais 900 MW ao longo dos próximos meses.
Para o diretor da Casa dos Ventos, o investimento brasileiro em novas fontes energéticas limpas, como ohidrogênio verde, é prova do aquecimento do setor em 2025.
A transformação do combustível em amônia verde (pela adição do nitrogênio atmosférico) é uma das promessas para incentivar a produção no Brasil e possibilitar a exportação do combustível. A companhia já trabalha nessa missão a partir de um acordo com aComerc Eficiência.
Isso porque o transporte do hidrogênio verde precisa ser realizado a uma temperatura de -253°C para evitar sua liquefação, o que envolve muita energia. Já a amônia pode ser transportada a até 15°C. No entanto, demanda energia para ser transformada novamente em hidrogênio verde.
“O Brasil está bem posicionado, com boas chances ainda no metanol verde, combustíveis limpos marítimos e SAFs ”, explica Araripe.