Ex-secretário de Estado, John Kerry será o “czar do clima” de Biden
Kerry defende que as mudanças climáticas devem ser tratadas como uma ameaça e terá um assento no Conselho Nacional de Segurança
Rodrigo Caetano
Publicado em 23 de novembro de 2020 às 15h35.
Última atualização em 23 de novembro de 2020 às 15h42.
Há exatamente um ano, o ex-secretário de Estado americano John Kerry lançou uma iniciativa de combate às mudanças climáticas batizada de World War Zero (guerra mundial zero, em tradução livre). Em sua visão, o tema deve ser tratado como um conflito de proporções globais, semelhante às duas Grandes Guerras do início do século passado. É este homem que, a partir de 20 de janeiro, comandará os esforços climáticos dos Estados Unidos sob a presidência do democrata Joe Biden.
Biden divulgou nesta segunda-feira uma lista prévia de seu gabinete . Entre mulheres e latinos pioneiros em posições importantes, o nome de Kerry se destacou por seu cacife e por se tratar de um tema tradicionalmente relegado a um segundo plano. Sua nomeação, inclusive, inaugura uma posição no Conselho Nacional de Segurança: a de enviado especial da presidência para o clima. Seu poder será tão grande que ele está sendo chamado de “czar do clima” de Biden.
“Os Estados Unidos logo terão um governo que trata a crise climática como a ameaça urgente à segurança nacional que ela é”, escreveu Kerry em seu Twitter. Aos 76 e atualmente ocupando o cargo de senador, o “czar do clima” de Biden serviu como secretário de Estado de 2013 a 2017, durante a gestão de Barack Obama.
Sua presença no governo também significa a chegada de outros nomes de peso da política americana, que fazem parte da World War Zero. Entre eles, os ex-presidentes Bill Clinton e Jimmy Carter; os ex-governadores Arnold Schwarzenegger, da Califórnia, e John Kasich, de Ohio; os artistas Leonardo DiCaprio, Sting e Ashton Kutcher.
Nova política climática
A expectativa para a presidência de Biden é de uma guinada completa na política ambiental dos Estados Unidos, que ficará mais parecido com a Europa de hoje do que com o país nos tempos da Guerra Fria, passado vangloriado por Donald Trump em seu saudosismo populista.
“As mudanças serão percebidas nos 100 primeiros dias”, afirma Stefano De Clara, diretor da Associação Mundial de Mercados de Emissões (IETA), entidade criada para estabelecer diretrizes de comercialização de carbono. “Em vários aspectos, será uma postura muito mais alinhada com a União Europeia.”
O velho continente é o bloco que vem puxando a agenda da nova economia. Lançado durante a pandemia, o programa Green Deal prevê mais de 600 bilhões de euros em investimentos na economia de baixo carbono. A Europa também pressiona para regulamentar o artigo 6 do Acordo de Paris, que trata da criação de um mercado de carbono global. Biden já afirmou que, se eleito, colocará os EUA de volta no acordo.
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