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Em meio à cultura de consumo, americanos preocupados com o clima reduzem pegada de carbono

Pegada anual média dos americanos beira as 15 toneladas, mais que o triplo da média mundial

Bala Sivaraman leva seu adubo para uma horta comunitária em Washington, onde mora e trabalha como ativista ambiental, buscando reduzir suas emissões de carbono (AFP/AFP)

Bala Sivaraman leva seu adubo para uma horta comunitária em Washington, onde mora e trabalha como ativista ambiental, buscando reduzir suas emissões de carbono (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 29 de outubro de 2023 às 11h05.

Bala Sivaraman dirige um carro elétrico em Washington, Distrito Federal dos Estados Unidos. Ele também compra roupas e móveis usados e prepara suas refeições veganas em um fogão por indução, que comprou após se desfazer do forno a gás.

Sim Bilal usa exclusivamente o transporte público - o que não é nada fácil em Los Angeles, cidade feita para circular de automóvel. Ele também prefere consertar os dispositivos eletrônicos que usa e mora em um apartamento equipado com painéis solares.

Enquanto os líderes do mundo se preparam para se reunir no mês que vem na Cúpula do Clima da ONU, a COP28, em Dubai, Emirados Árabes Unidos, alguns americanos preocupados com o clima mostram que é possível, sim, reduzir as emissões de carbono, alinhando suas ações a seus valores, mesmo vivendo em um país em que este estilo de vida é pouco frequente.

"Quando nos enchem de tantas notícias apocalípticas sobre o clima, pode ser muito difícil sentir que temos algo em que nos apoiar", admite Sivaraman em declarações à AFP.

"O que tem de poderoso viver uma vida sustentável ou nos comprometermos com práticas de resíduos zero é que nos dá essa sensação de esperança porque recupera nosso poder", acrescenta.

Os dois jovens, que vivem em extremos opostos do país, trabalham como ativistas ambientais e têm uma pegada de carbono entre três e quatro toneladas ao ano, segundo estimativas autodeclaradas geradas pelo site carbonfootprint.com.

Este número é muito inferior à pegada anual média dos americanos, que beira as 15 toneladas, mais que o triplo da média mundial.

Em um dia ameno de outono nos Estados Unidos, Sivaraman leva seu adubo para uma horta comunitária, abre um contêiner e põe dentro dele restos de cachorros-quentes vegetarianos, pratos de papelão e outros produtos.

"Isto foi de outro dia, de uma festa no abrigo de animais do meu amigo", conta o jovem de 28 anos, que trabalha em comunicações para a organização sem fins lucrativos Earthjustice, enquanto cobre o montículo com resíduos marrons secos para ajudar na decomposição.

Depois de seis meses, a terra rica em nutrientes é usada nas parcelas vizinhas para cultivar tomates, coentro e outras hortaliças. "A compostagem evita que os resíduos orgânicos acabem em lixões", explica, e como se decompõem na presença de oxigênio, produzem muito menos metano, um poderoso gás de efeito estufa. Também ajuda a fomentar um senso de comunidade e propósito comum, acrescenta.

A pé em LA

Sim Bilal, de 21 anos, foi notícia ao liderar petições para que os candidatos a prefeito de Los Angeles, onde mora, publicassem seus planos de ação climática

Bilal, de 21 anos, se aventurou pela primeira vez na ação direta no ano passado, após interromper os debates da campanha à Prefeitura de Los Angeles. Ele virou notícia na cidade ao liderar as petições para que os candidatos tornassem públicos seus planos de ação climática.

"É o principal problema da minha geração", diz à AFP. Agora, ele organiza a coalizão California Green New Deal e Youth Climate Strike em Los Angeles.

Embora tirar a carteira de motorista seja um rito de passagem para os adolescentes americanos, quando completou 16 anos, Bilal decidiu que a direção não era para ele, devido às emissões associadas a andar de automóvel.

Quando não circula no metrô de los Angeles ou em trens interurbanos, ele pode ser visto em seu One Wheel: uma espécie de monociclo elétrico, que considera essencial para percorrer o último quilômetro em uma cidade onde o transporte público pode faltar.

A roupa que usa em uma entrevista por vídeo tem quatro anos e seu iPad é de um modelo de cinco anos atrás, que mandou consertar recentemente após a tela quebrar, ao invés de comprar um novo.

"É difícil porque algumas coisas parecem realmente geniais... Talvez você queira seguir uma tendência, mas para mim o custo não vale a pena", acrescenta.

Sivaraman - que também participa de ações diretas como o Movimento Sunrise e foi detido pela primeira vez em setembro passado no prédio do Federal Reserve (Banco Central americano), em Nova York - afirma que sua saúde e bem-estar só fizeram melhorar desde que começou a tomar decisões mais conscientes sobre o clima.

A ideia de que abandonar os combustíveis fósseis levaria a  "vidas tristes e miseráveis" é uma "tática publicitária muito eficaz", promovida pela indústria, afirma.

"Em todos os setores: saúde, felicidade emocional, financeiramente... Há muitos benefícios em se levar uma vida sustentável e sem resíduos, e eu sou a prova viva de que é assim", acrescenta.

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