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Simon Stiell, Secretário Executivo da ONU para Mudanças Climáticas: "Não podemos deixar Baku sem um resultado substancial. É a hora de mostrar que a cooperação global não está nocauteada" (UNFCC/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 11 de novembro de 2024 às 08h19.
Última atualização em 11 de novembro de 2024 às 12h40.
"Se as nações não conseguirem construir resiliência, toda a economia global será levada à ruína. Nenhum país é imune", disse Simon Stiell, Secretário Executivo da ONU para Mudanças Climáticas, durante o discurso de abertura da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP29) nesta segunda-feira (11) em Baku, no Azerbaijão.
A fala de Stiell vem ao encontro ao tema central desta COP, que é o financiamento climático e a necessidade de destinar recursos para países em desenvolvimento combaterem a crise climática e investirem em adaptação e cidades mais resilientes.
Stiell citou o exemplo de sua vizinha Florence, que aos 85 anos, tornou-se uma das milhões de vítimas das mudanças climáticas sem precedentes e perdeu sua casa, mas seguiu lutando pela sua família e comunidade. "Existem pessoas como Florence em todos os países do mundo. Derrubadas, mas que se levantam novamente", disse.
Em tempos difíceis e tarefas árduas, o secretário destacou que não deposita esperanças e sonhos e o que o inspira é a engenhosidade e a determinação humana: "Nossa capacidade de nos reerguer repetidamente até alcançarmos nossos objetivos", destacou.
No ritmo atual de emissões, a humanidade caminha para uma temperatura acima do limite do Acordo de Paris de 1.5ºC e Stiell se fiz "frustrado quanto qualquer um por uma única COP não poder entregar toda a transformação necessária em cada nação". Mas relembra que a Cúpula é o espaço para avançar nas negociações e driblar a tripla crise planetária, que já afeta todos indivíduos de diferentes formas.
"Precisamos definir uma nova meta de financiamento climático global. Se pelo menos dois terços das nações do mundo não conseguem cortar emissões rapidamente, cada nação pagará um preço brutal", continuou.
Para ele, é preciso parar de relacionar a pauta com caridade e é preciso ter uma meta nova e ambiciosa que seja interesse próprio de cada país, incluindo os maiores e mais ricos. Além disso, trabalhar para reformar o sistema financeiro global, com foco na regulação dos mercados internacionais de carbono -- contemplados pelo Artigo 6 do Acordo de Paris.
"Devemos avançar em mitigação, para que as metas de Dubai sejam concretizadas. E não devemos permitir que 1,5°C saia de nosso alcance. Mesmo com o aumento das temperaturas, a implementação de nossos acordos deve tentar revertê-las", destacou.
Entre as pautas em foco, estão a transição energética, adaptação e resiliência climática. Segundo Stiell, o investimento em energia limpa e infraestrutura deve atingir dois trilhões de dólares em 2024, quase o dobro do investimento em combustíveis fósseis. Também é preciso continuar aprimorando os novos mecanismos de apoio financeiro e técnico para perdas e danos, complementa.
Até fevereiro de 2025, todos os países membros da ONU devem apresentar seus planos climáticos nacionais (NDCs) e o secretário ressalta que a UNFCCC irá apoiar na criação e comunicação desses planos, por meio de uma Campanha de Planos Climáticos. Isso mobilizará ação de todas as partes interessadas e se alinhará aos esforços do Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, e da próxima Presidência da COP brasileira em Belém no ano que vem.
Para fechar o discurso, Stiell pediu para que todos demonstrem "determinação e engenhosidade" para unir esforços e ser possível alcançar a um grande acordo global.
"Nos últimos anos, demos alguns passos históricos à frente. Não podemos deixar Baku sem um resultado substancial. Reconhecendo a importância deste momento, as Partes precisam agir em conformidade. Agora é a hora de mostrar que a cooperação global não está nocauteada. Está pronta para este momento. Então, vamos nos erguer juntos", concluiu.