Fazenda em Cajamar, no interior de São Paulo: BK Brasil, dona das marcas Burger King e Popeyes, investe em fazendas de energia de geração distribuída (BK Brasil/Divulgação)
Marina Filippe
Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 07h00.
Última atualização em 27 de dezembro de 2021 às 20h38.
A BK Brasil, dona das marcas Burger King e Popeyes, está investindo em fazendas de energia de geração distribuída nas cidades de Itaboraí e Itaguaí (RJ), Saltinho (SP), Brasília (DF) e Cajamar (SP). Com a iniciativa, a empresa pode gerar uma redução de anual de 1.186 toneladas de CO2 e economia de 1,4 milhão de reais.
“O investimento em geração de energia fotovoltaica distribuída um dos grandes pilares para cumprir metas como as anunciadas em outubro junto aos compromissos da companhia em ESG - sigla em inglês para ambiental, social e governança - sendo um deles a redução de 30% das emissões de gases de efeito estufa até 2030”, diz Gustavo Do Valle Fehlberg, vice-presidente de desenvolvimento da BK Brasil.
Segundo o executivo, o projeto iniciado há dois anos começa agora com funcionamento integral na unidade de Cajamar, mas as outras quatro operações devem começar a operar de fato até fevereiro de 2022.
Quando as cinco localidades estiverem operando, a BK Brasil passa a ter a capacidade anual de geração de 9.383 MWh, carga equivalente ao abastecimento de 57% das lojas próprias em baixa tensão com geração distribuída, ou seja, as lojas nas quais há ponto direto de contato de energia e que não precisam de energia mais intensa como as, por exemplo, da indústria. Ao todo, 80% das lojas com baixa tensão devem ser atendidas por esse modelo no futuro.
“Há questões legais e técnicas que nos fazem chegar a meta de 80% das lojas de baixa tensão, um exemplo é quando a loja está em shopping e nós apenas pagamos a conta para do condomínio, sem ter gestão direta sobre o consumo dela”, diz Fehlberg.
Segundo ele, dos 967 restaurantes no país, 117 são hoje atendidos por concessionárias e podem receber energia das fazendas. Além disso, o projeto deve ter em breve um modelo de concessionária para envolver as 204 unidades franqueadas.
Ao investir na operação de energia fotovoltaica, a BK Brasil também foge de problemas como a crise hídrica e o encarecimento das taxas no consumo. “A quantidade de água disponível tem dificultado a produção de energia, ao investir neste projeto a BK Brasil sai na frente e colabora para que a crise seja amenizada”, diz Zilda Costa, diretora de projetos e sustentabilidade da H2energy.
Apesar dos poucos meses desde o anúncio dos compromissos, a BK Brasil começou o projeto há dois anos, com a empresa H2Energy. No modelo de execução, os recursos para construção das fazendas foram obtidos por meio de investimentos próprios da H2enegy e seus investidores, sendo 18,6 milhões de reais, obtidos através da securitização de recebíveis do projeto, via emissão de um CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) -- o primeiro CRI do mercado de Geração Distribuída no Brasil.
Esta CRI foi ainda certificada como Green Bond, se tornando a primeira CRI Verde do Brasil. “Fizemos a construção da usina e captamos recursos, depois moldamos junto com a BK Brasil a forma de contrato que prevê que a empresa nos pague pela energia gerada. Todo o projeto é baseado em processos de certificação, garantindo que as práticas são legais e sustentáveis, contando ainda com renovações anuais”, diz João Paulo Éboli, CEO da H2Energy.
Na prática, o BK Brasil paga para a H2Energy pelo uso de energia. Segundo Fehlberg, há uma economia quando comparado ao preço tradicional pago às distribuidoras de energia, mas o principal benefício é a sustentabilidade.
Para construção dessas cinco fazendas foram gerados aproximadamente 250 empregos diretos na H2Energy e mais de 150 empregos indiretos. Já na fase de operação são gerados aproximadamente 50 empregos diretos na H2Energy por um período de 25 anos. “Esses funcionários irão monitorar a operação diariamente e, além disso, parceiros indiretos farão o monitoramento das placas, segurança e mais”, diz Éboli.
Outro importante impacto da iniciativa é o fato de que a existência das fazendas melhora a distribuição de energia nas regiões nas quais elas estão instaladas. Isto porque a geração distribuída possibilita levar energia a regiões remotas, nas quais o fornecimento é ineficiente ou inexistente. “Na prática, a energia que geramos vai para o poste e atende a microrregião e ajuda a mitigar problemas locais. Assim, a concessionária vai medir o quanto a usina gerou, o quanto nossas lojas consumiram, e fazer a equivalência.”, afirma Fehlberg.
Para até 2023, a BK Brasil pretende aumentar a atuação nesta área e contar com até 16 fazendas no mesmo modelo. Atualmente, as unidades estão em estudo de viabilidade técnico e financeiro.