ESG

Após anos de custos mais baixos, energia solar encarece e ameaça consumo

Os preços de módulos solares aumentaram 18% desde o início do ano, após a queda de 90% na década anterior

 (Depto. de Transporte do Oregon/Divulgação)

(Depto. de Transporte do Oregon/Divulgação)

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Bloomberg

Publicado em 24 de maio de 2021 às 17h22.

Por Dan Murtaugh e Brian Eckhouse, da Bloomberg

A queda dos custos da energia solar, um importante fator que a tornou a fonte de eletricidade de crescimento mais rápido do mundo, reverteu a trajetória.

Os preços de módulos solares aumentaram 18% desde o início do ano, após a queda de 90% na década anterior. A reversão, impulsionada pelo custo do polissilício, principal matéria-prima cujo preço quadruplicou, ameaça atrasar projetos e diminuir o consumo de energia solar, justo quando vários governos finalmente passam a apoiar a iniciativa para desacelerar a mudança climática.

“A disrupção na energia solar nunca foi tão ruim em mais de uma década”, disse Jenny Chase, analista-chefe do grupo de pesquisa de energia limpa da BloombergNEF. “Incorporadoras e governos não poderão mais esperar que a energia solar fique mais barata rapidamente.” A BNEF reduziu ligeiramente sua previsão para projetos de energia solar este ano em relatório da semana passada, citando o aumento dos preços de matérias-primas, incluindo o polissilício, como um dos motivos.

Os preços mais altos afetam a demanda e podem atrasar alguns projetos de grande escala, disse a fabricante de painéis Canadian Solar em teleconferência de resultados na quinta-feira. Na Índia, cerca de 10 gigawatts de projetos podem ser atingidos, o equivalente a mais de 25% da capacidade atual do país, informou o Mint, citando incorporadoras não identificadas. Projetos de grande escala nos Estados Unidos também podem ser adiados, disseram analistas da Cowen & Co.

Preços em alta podem obrigar gigantes estatais de energia na China a adiarem projetos para o próximo ano, de acordo com analistas do Solarzoom. Os atrasos podem ser grandes o suficiente para fazer de 2021 o primeiro ano negativo em instalações solares globais em 17 anos, disseram.

Projetos globais que não assinaram acordos de preço com concessionárias que compram a energia podem ser atrasados, a menos que o cliente esteja disposto a pagar uma tarifa mais alta pela eletricidade, disse Xiaojing Sun, analista da Wood Mackenzie.

No centro da crise está o polissilício, uma forma ultrarrefinada de silício, uma das matérias-primas mais abundantes, encontrado facilmente na areia das praias. Mas enquanto a indústria de energia solar se preparava para atender a um aumento esperado da demanda por módulos, fabricantes de polissilício não conseguiram acompanhar. Os preços do metalóide purificado chegaram a US$ 25,88 o quilo em relação a US$ 6,19 há menos de um ano, de acordo com a PVInsights.

Os preços do polissilício devem permanecer altos até o final de 2022, de acordo com analistas da Roth Capital Partners, incluindo Philip Shen.

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