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Lula prioriza política externa com o Brasil na presidência temporária do Mercosul

Presidente tenta reverter o isolacionismo adotado durante o governo Bolsonaro e defende a união entre os países para enfrentar os desafios globais

Presidente Lula quer fortalecer alianças com os países do Mercosul para superação de problemas em comum (Esfera Brasil/Reprodução)
Esfera Brasil

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Publicado em 1 de agosto de 2023 às 07h30.

O Brasil assumiu a presidência temporária do Mercosul, antes exercida pela Argentina, no início de julho, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ressaltou, na ocasião, que os países devem buscar, juntos, as soluções para os desafios globais. “Nenhum país resolverá os problemas sozinho. Não temos alternativa que não seja a união. Frente à crise climática, é preciso atuar coordenadamente na proteção de biomas e na transição ecológica justa. Em um mundo cada vez mais pautado pela competição geopolítica, nossa opção regional deve ser a cooperação e a solidariedade”, disse em discurso.

Em sete meses de governo, Lula viajou para ao menos 13 países, entre elesArgentina, Estados Unidos, China, Colômbia, Uruguai, Reino Unido, Itália, França, Emirados Árabes, Portugal, Espanha, Japão e Bélgica. A postura foi criticada por alguns brasileiros e defendida por outros.

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Para o professor de Ciência Política da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas e da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Maurício Fronzaglia, Lula conseguiu um protagonismo para o País em seus dois outros governos e tenta fazer agora o mesmo, mas num cenário distinto.

“O Brasil se retraiu do seu papel histórico no governo de Jair Bolsonaro. Viu diminuir seu poder de influência, conquistado com os BRICS [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul]. Com Lula, é uma reentrada do Brasil no cenário internacional. Ele quer retomar o protagonismo, mas em um cenário externo complicado, com uma guerra na Europa e com atores de maior peso”, explicou.

O cientista político acredita que as múltiplas viagens do presidente fazem parte da estratégia do governo de política externa. “Lula é um chefe de Estado muito bem visto lá fora. Não somos uma potência econômica ou temos a força política de Estados Unidos e China, por exemplo, mas temos influência regional no Mercosul”, destacou Fronzaglia.

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Acordos

O governo Lula aposta agora no acordo entre a União Europeia e o Mercosul e ainda na entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como metas.

“Estou comprometido com a conclusão do acordo com a União Europeia, que deve ser equilibrado e assegurar o espaço necessário para adoção de políticas públicas em prol da integração produtiva e da reindustrialização ”, afirmou o presidente em discurso.

Lula declarou querer ampliar os acordos comerciais existentes com outros países sul-americanos, como Chile, Colômbia, Equador e Peru, eavançar nas negociações do Mercosul com Canadá, Coreia do Sul e Singapura. Ele também revelou que quer fazer novos negócios com a China, Indonésia, Vietnã e países da América Central e Caribe.

“Só a unidade do Mercosul, da América do Sul e da América Latina e do Caribe nos permitirá retomar o crescimento, combater as desigualdades, promover a inclusão, aprofundar a democracia e garantir nossos interesses em um mundo em transformação”, ressaltou.

Para opresidente institucional da Câmara de Comércio França-Brasil, Pedro Antonio Gouvêa Vieira, os europeus, em geral, veem o Brasil com bons olhos e acreditam que há oportunidades para investimentos.

“Aqui não tem conflito nem entre os vizinhos, é uma região de paz e poucos desastres naturais. O ponto negativo é a segurança pública. Os governos deveriam atuar com rigor, porque é a imagem do País lá fora. As condições na América Latina são maravilhosas para o empreendedor. Temos dificuldades, mas trabalhamos sério, respeitamos o capital estrangeiro e não temos controle de câmbio”, comentou.

Vieira acredita que Lula é respeitado fora do País e é parte de seu trabalho levar a mensagem do Brasil e da América Latina para o mundo.

“Acho que o Lula tem que aproveitar esse novo momento e não deixar a peteca cair. Ele pode receber críticas por esses 20% do tempo dele viajando, mas acho necessário. Essas pontes têm que ser criadas, sem abrir mão da questão social no Brasil, que é um problema gravíssimo”, pontuou Gouvêa Vieira.

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